Hes gone...

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HARRY

Quatro meses haviam se passado. Era época de inverno e eu assistia Zayn dirigir em meio às estradas esbranquiçadas pela neve que caía. Ao nosso redor, pinheiros cobertos pela massa de gelo criavam um visual deslumbrante típico da época de fim de ano. Era uma tarde fria e bonita, que encantava e me distraia um pouco.

Distração era tudo que eu precisava naquele momento, sentia que meu coração sairia pela boca em tamanha ansiedade a cada sinal de que estavamos mais próximos de finalmente chegar até o orfanato. Quando recebemos a ligação, não perdemos tempo, apenas embarcamos numa viagem de carro que levava certa de três horas até o local onde conheceriamos nosso filho.

Ele estava lá, esperando por nós. Tínhamos uma foto de seu rosto, e fora isso, a única coisa que sabíamos era sua idade e nacionalidade. Ele nem mesmo tinha um nome, já que era um bebê de seis meses que havia sido abandonado em uma paróquia semanas atrás.

— Que nome vamos dar pra ele? — perguntei.

— Não vamos dar um nome para ele. Pelo menos não antes das coisas darem certo, ainda há muita burocracia e você não pode se apegar assim tão rápido. Infelizmente podem acontecer imprevisto durante o processo e na etapa em que estamos há chances de não ser ele. — Zayn disse sem tirar os olhos da estrada.

— Eu sei. Estou tentando ser otimista, apenas isso. — respondi enquanto olhava para o celular outra vez, encarando a foto daquela criança tão adorável. — Ele merece ser amado por alguém como você e eu, eu sinto que ele nasceu para ser nosso filho.

Zayn sorriu e tocou no meu joelho para fazer um carinho.

— Estou tentando ser tão otimista quanto você, senti o mesmo quando olhei pra essa foto.

Respirei fundo antes de guardar o celular outra vez, colocando minha mão por cima da mão de Zayn e alisando sua aliança.

Quando finalmente chegamos ao orfanato, fomos recebidos por duas assistentes socias. As duas foram extremamente simpáticas e nos mostraram todo o local enquanto explicavam como o processo funcionaria dali pra frente. Quando chegamos no escritório de uma delas, nos sentamos para iniciar uma conversa.

— Eu tenho alguns dados de vocês aqui e preciso que me confirmem se eles estão corretos antes de prosseguirmos. — Vi a mulher de cabelos crespos e olhos castanhos colocar seus óculos de grau antes de passar os dedos sobre a tela do Ipad e começar a listar cada uma das informações. — Harry Styles, 29 anos. Atualmente atua como florista em sua loja própria. É filho de um cientista com uma ex enfermeira que veio a óbito 20 anos atrás, não possui irmãos e está casado há cinco anos. Fez o cadastro no programa de adoção em dezembro do ultimo ano. Zayn Malik, 30 anos. Atualmente atua como professor pedagógico, é formado em artes pela Universidade de Oxford, filho de um casal de comerciantes locais da cidade de Bradford. Possui duas irmãs mais novas e está casado há cinco anos. Entrou para o programa de adoção no final do ano passado. Ambos não possuem antecedentes criminais. Aqui diz que a preferência é pela adoção de uma criança entre 0 a 5 anos. Correto?

— Correto. — respondemos em uníssono.

A assistente social retirou os óculos de leitura que cobriam seus olhos e apoiou os cotovelos na mesa. Não sabia ler sua expressão facial e isso me causou ainda mais ansiedade. Segurei na mão de Zayn por um tempo, sentindo que as dele estavam tão suadas quanto as minhas.

— O caso dessa criança da qual vocês foram informados sobre é um pouco complicado já que envolve um crime de abandono de incapaz e isso se tornou um processo judicial delicado. Nesse caso em específico, o processo foi encerrado mais rápido que o normal pois foi confirmado o óbito dos pais biologicos da criança e nenhum outro parente próximo foi localizado. Sendo assim, entramos em contato com dois casais que aparentemente tem o perfil perfeito para prosseguir com o processo.

Sunflower - ZARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora