Parte 2 FIM

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Depois de lavar meu rosto o sono passou, consigo mover o meu corpo como se estivesse num pântano com barro até o pescoço, talvez seja o vinho que me deixou lento ou os meus neurônio, ou a falta deles, de repente vejo uma ideia descendo do teto do banheiro e entrando pelo ralo do chuveiro, é uma ideia antiga dessas que vem por acaso, típica ideia de banheiro, é o tipo de ideia fundamental que você não imagina da onde saiu, é a ideia que todos esperavam, a solução para o mundo; esse assunto específico. Não é do tipo óbvia, é uma ideia inesquecível que infelizmente fica no banheiro quando eu saio dele. A quanto tempo eu tenha perdido ela?

- O que está acontecendo? Eu estou vendo ideias?

Daí a mesma ideia sai da pia e vem minha direção, depois desvia de mim e sobe para o infinito do teto e some, como se estivesse se escondendo.

Droga quando isso acontece... isso não é normal, eu to assustado, primeiro preciso descobrir se ainda estou dormindo, será que ainda estou dormindo?

Mesmo que tudo pareça real e meu corpo esteja se movimentando, devagar e sonolento, será que eu estou acordado?

Bem a resposta só pode estar naquela ideia, de onde ela veio? E para onde ela vai?

Do nada eu foi impulsionado a procurar essa ideia, peguei um banquinho levei para o banheiro, subi nele e observei o forro, as frestas do forro de madeira do banheiro, não deu para ver muita coisa pois o banquinho era do tamanhos daqueles descanso de pé.
Depois de muito observar, consegui ver alguma coisa por entre as frestas dos encaixes do forro, demorei para decifrar o que era mas quando consegui percebi que se tratava de um vilarejo, ou algo parecido, uma comunidade de ideias perdidas, desperdiçadas, vivendo tranquilamente bem ali.

Tentei entender aquilo, racionalizar a situação, mas não obtive nenhum sucesso, desci do banquinho e comecei a pensar em uma estratégia para recuperar quem sabe aquele mundo de ideias que estão bem em cima do banheiro, mas estava difícil de fazer isso sem os meu neurônios.

Por isso eu peguei um Pé de cabra antigo e enferrujado que eu guardo atrás da porta de entrada (por segurança comprei uma vez mas nunca usei, quase joguei fora uma vez).

O trajeto até o banheiro foi muito mais longo do que eu lembrava.

Talvez o forro do banheiro não fosse tão resistente, uma paulada já bastaria.

O plano consiste em fazer escorrer essas ideias acumuladas no forro do banheiro atraindo assim os meus neurônios e assim eu faço a captura deles novamente, para que eu esteja sensível a esse retorno preciso de vinho, muito mais vinho.

O caminho para cozinha parece que o corredor ficou não linear, com espetaculares curvas tão fechadas quando  encompreensiva. Mesmo caminho de sempre de poucos metros,  agora se tornará quilômetros de distantes curvas infindáveis.

A geladeira é um celeiro de antigas lembranças, quase sempre associadas a comida, a geladeira concentra os mais valiosos mantimentos, e de bom grado encontrei um copo velho esquecido nas gavetas das frutas com o vinho que desde não sei quando estava bem ali, considerei um presente do deus Geladeira, mantenedor de todos produtos industrializados.
Tal iguaria severamente preservada a médias temperaturas veio a calhar.

Um longo e rápido gole, a última coisa que preciso é sentir o sabor, foi direto pra garganta. Assim que bate vem um arroto alcoólico.

Com o pé de cabra na mão dentro do banheiro subi no banquinho e dei a porrada mais forte que pude no forró de madeira, mesmo se mexendo lentamente, tudo parecia em câmera lenta.

BooouummmmHH!!!!!

Fez um rombo pequeno no forró, pequeno o suficiente para escorrer aquela maravilha de ideias, todas esquecidas num banho ou em um simples escovar de dentes, bebi todo o restante do copo do presente da geladeira, não estava ruim mas me deu a sensibilidade que eu precisava naquele momento.

Garfo e NeurôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora