O príncipe que desejou a liberdade.

A promessa

O garoto olhava para o céu, observando uma estrela em específico, uma estrela apática e sem brilho, de acordo com a garota. Seus olhos transmitiam dor, proteção e esperança ao observar a estrela. Ah, aqueles olhos de cor azul profundo, clichês e julgativos, que conseguiriam encantar até mesmo a pessoa mais cruel do mundo. Ela queria a atenção, pois ela com toda sua ganância, queria mais e mais, e nunca estaria satisfeita só com a presença do outro. Ela queria o amor do garoto que parecia cada vez mais inalcançável, pois, era isso que ela fazia, pegava tudo para si, mesmo não amando ele, ela o queria, para poder se orgulhar do feito. E, apesar de saber que ele não queria ser incomodado, ela teve o prazer de tira-lo de seus devaneios.

"Me de atenção, as estrelas já te veem toda noite, eu mereço mais que isso." Ela disse em um tom dramático e triste. Ao ouvir as palavras, o garoto sentiu um certo desgosto.

"Não aja como alguém importante, eu não irei me casar com você por amor ou algo assim. Tudo isso é pelo reino, tudo isso é pelo povo, tudo isso é pela minha família..." Ele disse desviando sua atenção para certo ponto banal ao lado.

"Eu serei uma ótima rainha para você, mas não precisa ser rude, até porquê, logo seremos reis de um enorme império." Ela disse com orgulho do que ela se tornaria, dando um belo sorriso genérico no final.

"Não era pra ser você, nunca foi você. Era ele, eramos nós, mas também havia uma parede. Não importa o tanto que tente me ter, meu coração só pertence a uma pessoa, a qual me prometeu que sempre estaria aqui e que quando estivéssemos longe, nós iriamos olhar a mesma estrela, cintilante e bela, que se encontrava no vasto universo." Ele disse em esperança.

"Ela está bem apagada pra mim." A garota falou em tom de humilhação.

"Não importa o brilho dela, o que, realmente, importa é que ele esteja olhando para ela, que ele mantenha a nossa promessa, que o mesmo me ame como jurou me amar." Ele disse olhando o chão, o garoto não queria olhar nos olhos dela, ele não gostava dela, ele não queria ela ali, mas ele não tinha escolha.

"Ele morreu, príncipe. Está na hora de você cumprir sua obrigação, não se lamentar." Ela falou esperando ter acertando um ponto crítico da alma do ser ao seu lado.

"Eu sei, mas, de certa forma, eu ainda tenho a esperança de vê-lo novamente, talvez esse seja meu desejo." O jovem disse olhando para ela, querendo encontrar algo mais além do que a personalidade vazia que a garota possuía.

"Que desejo estúpido. Não adianta desejar algo que nunca poderá ter." Ela falou ignorando o olhar julgativo do garoto.

"É por isso que eu chamo de desejo, algo que eu nunca poderei ter, mas que eu quero imensamente." Ele sorriu, um sorriso vazio e melancólico, e andou de volta para o castelo, deixando a garota sozinha e perdida em seus próprios pensamentos.

Talvez ela devesse ignorar as regras e seguir o seu desejo, antes que seja tarde demais, como era para o jovem príncipe, mas ela era orgulhosa ao extremo para aceitar que ela não queria estragar mais a vida do garoto, mas ela tinha obrigações, ela tinha uma expectativa para cumprir, uma vida para construir. Nenhum desejo apagaria o fato que sua vida já foi planejada e que nada mudaria seu futuro, nem ela mesma.