Liberdade, ou quase isso...

15 4 6
                                    

E lá estava ele, tentando dormir do lado da garota que causava um grande desconforto em sua vida. Ele fechou os olhos, fingindo não estar ali.
“Fugir dos seus problemas só te torna uma pessoa pior.” Ele ouviu a voz de sua consciência o pesar. O príncipe não estava fugindo de nada, pelo menos era o que ele acreditava.
Ele sentou na cama e apoiou sua face em suas mãos. Ele se encontrava, claramente, em estado de raiva e extremamente cansado, mas de forma alguma conseguia dormir. Ele então decidiu se levantar e perambular pelo grande castelo.
O príncipe observou vários quadros e armaduras, que há muito tempo estavam ali, cada uma com sua história, muito mais antiga do que ele poderia imaginar. As vezes se pegava pensando: "Será que os quadros foram pintados por artistas famosos que sonhavam com uma mudança na anarquia real? As armaduras foram usadas por bravos guerreiros que lutaram até suas vidas serem tiradas se si?" Mas nenhuma dessas especulações eram realmente verdade, talvez as histórias fossem patéticas e simples, ele preferia as suas, que eram repletas de aventuras fantásticas e empolgantes. Ele desceu a escadaria passo por passo, para finalmente chegar em uma porta, que dava para sua tão amada varanda. Abriu a mesma e uma brisa gélida tocou sua face, fazendo seu corpo arrepiar-se e o mesmo se sentir vivo. O jovem finalmente saiu do castelo e fez uma pequena pausa para olhar as estrelas. Elas exibiam seu brilho gloriosamente, um brilho fraco, mas extremamente belo, que o jovem príncipe amava. Ele havia prometido sempre olhar a pequena estrela apagada, mas o mesmo se sentia sorumbático ao realizar o ato, fazendo assim, ele quebrar sua promessa diversas vezes. Ele nunca fora bom em manter promessas de qualquer forma, mesmo se sentindo péssimo por quebra-las tão facilmente. Desviou seu olhar para o curto muro que impedia pessoas de caírem do local, o que ao seu ver era uma piada, pois o muro era mais parecido com um banquinho. Se algum bêbado ou pessoa desatenta fosse ao local, haveria uma grande chance de caírem de lá. O príncipe decidiu que pularia da varanda e entraria na grande, e bela, floresta que se encontrava ao redor do castelo. A varanda não era alta e, provavelmente, ele não se machucaria ao cair, um ótimo ponto, já que não queria sair pelo portão principal e ter a chance de ser pego. Sorriu com seu novo objetivo, e posicionou suas mãos na beirada do muro, e logo jogou seu corpo para frente, se desequilibrando no segundo seguinte e caindo de cara na grama, sujando seu corpo e deixando leves arranhados em seu rosto, cogitou a ideia de ter corrido o risco de ser descoberto no portão principal. Seu objetivo não tinha se cumprido da forma que ele esperava, mas ele havia conseguido chegar ao chão, e isso era a única coisa que importava agora.
Ele entrou na floresta e começou a correr entre as árvores, se sentia como um adolescente comum, que conseguiu fugir de sua casa para beber com seus amigos. o príncipe não saberia sair daquele lugar, se preocupou no início, já que se não voltasse antes do amanhecer, levaria outro sermão de seu pai, mas logo ignorou o pensamento e se deixou sentir-se inerte em seu sentimento ganancioso de liberdade. Parou por alguns segundos de correr e decidiu observar o lugar ao se redor. Havia árvores enormes com algumas raízes saindo da terra e invadindo a superfície, em sua frente, conseguiu enxergar um lugar familiar. Era uma espécie de clareira, onde podia se notar um lago ao lado de grandes rochas. Aquela bela paisagem era conhecida pelo garoto, em sua infância, ele brincava com fadas, correndo e nadando no lago. As vezes, corria até perder o fôlego, só para tentar aconpanhar o ritmo de vôo das fadas, mas depois que o rei proibiu qualquer interação com seres mágicos e pessoas que possuíam o conhecimento da magia, o príncipe nunca mais viu as fadas, após o sumiço das criaturas, ele nunca mais voltou para a clareira.
Caminhou até o local e deitou-se perto do lago, contemplou a imensidão do universo e deu um leve sorriso. Ele adorava a paz que o lugar trazia à si. O garoto se perdeu em meio aquela felicidade de não ter nenhuma obrigação e ninguém para implicar com ele por acabar se esquecendo de suas atividades, com esse pensamento, o príncipe fechou seus olhos e caiu em um sono profundo.
Estaria encrencado pela manhã, já que acordaria no amanhecer e teria que encarar um rei irritado, mas por enquanto, seu único objetivo era conseguir dormir em paz, sem nenhum pesadelo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 10, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O príncipe que desejou a liberdade.Onde histórias criam vida. Descubra agora