4 - O Feminista dos Anos 50

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— Precisamos conversar.

Por alguns segundos, fiquei encarando o protagonista sem saber muito o que fazer. O que ele queria dizer para mim e por que se lembrava de meu nome completo a ponto de dizê-lo assim de uma maneira tão intimidadora?

Não me entendam mal, não é como se eu não quisesse conversar com Jeon JungKook, mas não é todo dia que alguém como ele me chama para conversar.

Já imaginou estar no meio de Vingadores e, do nada, o maravilhoso do Thor te chama para bater um papo?

E, além do mais, não era só isso. Imagina só se ele tivesse descoberto alguma coisa? Fim da linha para mim e, levando em consideração as reais cenas do filme, estávamos ainda com menos de dez minutos, já que a história tem várias passagens de tempo. Só de pensar nisso, meu corpo já tremia.

— Annie, já disse que eu sou irresistível, mas... — O próprio motoqueiro foi quem me tirou de meus pensamentos, provavelmente por eu ter ficado encarando-o sem razão nenhuma explicação.

— Não fiquei sem palavras porque te acho irresistível — expliquei, cortando-o antes mesmo de qualquer coisa. — Eu apenas estava pensando que quase te dei um soco na frente de todo mundo pela sua aparição repentina.

— Você? Me bater..? — Arqueou suas sobrancelhas, com um sorrisinho de deboche em sua face. — Existe diferença entre ser livre e ser rebelde, não?

— Na verdade, eu fiz aula de defesa pessoal, então sei me portar diante de sustos como o que você me deu. — Levei minhas duas mãos aos bolsos da parte traseira dos meus shorts, que na verdade eram emprestados de Gayoon.

— É uma aula interessante... — ponderou, inclinando a cabeça para um lado. Uma gritaria se fez presente, por mais que estivesse a distância. Virei meu olhar na direção do som, vendo os praianos curtindo a praia enquanto um dos donos do bronzeado mais badalado das redondezas surfava em uma habilidade ímpar. Droga, esse elenco... — Annie, vamos conversar?

— Vamos... — suspirei, dando-me por vencida. Eu não iria conversar com os praianos na presença de JungKook, pelo menos não agora que eu preciso realmente me estabelecer no meio dos motoqueiros, já que são eles que estão me dando abrigo. — O que aconteceu?

— Se importaria se fôssemos para perto do quiosque? — indagou. — Está muito quente aqui no meio do nada. Atrás dele é mais fresco.

Ok.

Ok.

OK.

NÃO SURTA, ANNIE RASHFORD.

— Não é minha culpa se você veio com roupa de enterro para a praia — afirmei, tentando parecer o mais natural possível ao relembrar do fato de que JungKook só levava para a parte de trás do quiosque as garotas com quem ele ficava. — Mas, como eu não quero que você desmaie de calor, vamos logo.

Tomei a liderança em direção ao local, ficando na frente dele de uma forma que não conseguisse ver que eu estava praticamente surtando. Respirei profundamente quando chegamos ao tal lugar, percebendo que ali era realmente mais fresco, esperando que JK tomasse alguma atitude. Ele não iria tentar ficar comigo, iria?

Quer dizer, o fato de eu estar ali não significava nada, né? Digo, tudo bem que eu sou uma garota, mas... Eu tecnicamente era uma anomalia no filme... JungKook com certeza iria me perguntar de que planeta eu vim.

— Pois bem, garota livre. — Ele se aproximou de mim, enquanto eu apenas dava ré. — Estava pensando no que você me falou ontem.

— Que bom. — Bati as minhas costas no quiosque, percebendo que ele ainda se aproximava, o que fez com que o meu corpo sentisse um súbito gelo subir sobre si, contrastando totalmente com o calor momentâneo da praia, atingindo-me como um choque térmico sem igual. — E concluiu alguma coisa?

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