Capítulo 2

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Sorrio timidamente, algo em mim sabia que não era uma das melhores ideias, mas sabia que precisava fazer alguma coisa.

Luciana me dá um beijo na bochecha e anda até a porta do meu quarto. Antes de sair, ela me olha com uma expressão indecifrável.

Sozinho no meu quarto, encarava a foto de Mariana na minha mesa de cabeceira. Ela estava sorrindo, seus olhos brilhavam, e seu cabelo estava iluminado pela luz do sol. Essa foto foi tirada por mim no dia em que a pedi em namoro, estávamos no Parque Sempione, onde meu pai costumava me levar nos verões. Os verões em Milão eram sempre belos e radiantes, assim como os olhos da minha Mariana.

Sabia que minha amada estava diferente, mas me sentia um monstro por desconfiar de sua índole, especialmente depois de todo esse tempo ao meu lado. Afinal, ela esteve comigo quando meu pai morreu e eu tive que assumir seus negócios ilegais.
Apesar de ter um carinho imenso pela Mariana, ela jamais desconfiou que eu sou o herdeiro de John Bianchi, o mafioso mais temido dos últimos tempos.

Meu pai foi um homem que colecionou inimigos, e isso acabou levando à sua morte prematura. Desde os meus 18 anos, procuro o homem que o matou. Jamais descansarei até encontrá-lo e fazê-lo sentir exatamente o que minha família sentiu quando viu o corpo do meu pai sem vida em um caixão. A morte é pouco para essa criatura abominável. Eu o farei pagar, destruí-lo tirando tudo da sua vida, e quando eu terminar... Bem, quando eu terminar com o desgraçado, ele implorará por piedade e uma morte rápida. Mas não farei isso.

Saio dos meus pensamentos de vingança e preciso de notícias. Ligo do meu telefone protegido para Leonardo, meu primo e homem de confiança. Preciso saber se ele teve progresso em suas buscas pelo culpado da morte do meu pai.

Leva apenas alguns segundos até a ligação cair. Estranho, geralmente quando são números desconhecidos, ele atende porque sempre mudo de número com frequência.

Ligo novamente, e dessa vez sou atendido no primeiro toque. Escuto gemidos e risadas ao fundo.

— Alô? – Sua voz está mais rouca que o habitual. – Droga, pare com isso, Mari!

Escuto ao fundo uma risada seguida de um gemido. Meus olhos ficam arregalados, e sinto meu coração acelerar. Não, isso não pode estar acontecendo comigo. Não pode ser a mesma Mari, a minha Mari!

— Quem é, gatinho? – escuto sua voz ao fundo e sinto meu coração acelerar. –Desliga logo e volta pra cama!

Desligo a ligação e jogo meu celular contra a parede. Arremesso o porta-retrato na parede e, num surto de fúria, quebro várias coisas pelo quarto. Sento no chão ofegante, sentindo as lágrimas querendo sair dos meus olhos. Como ela pode ser tão baixa? Há quanto tempo isso está acontecendo? Ela já me amou algum dia?

Minha cabeça se enche de perguntas, passo a mão no rosto tentando afastá-las inutilmente. Um grito de fúria escapa do fundo da minha alma. Eu desejo vingança, não vou deixar isso como está.

Ando até a minha mesa de cabeceira, pego minha pistola 9mm. Hoje, vou honrar o nome do meu pai e, assim como ele sempre fez, vou exterminar os traidores antes que se proliferem.

Saio do meu quarto sentindo minha cabeça girar. É como se eu não estivesse no meu corpo, mas sim observando tudo de cima, flutuando como em um sonho. Parece que meu corpo tem vontade própria e controla suas ações sozinho.

Quando percebi, já estava em frente à sua casa, sentado no banco do motorista do meu carro, terminando minha garrafa de vodka. Nas minhas mãos, eu conseguia ver respingos de sangue e tentava me lembrar de onde eles haviam vindo.

Ah, sim... Lembrei-me de como tudo isso aconteceu.

Momentos antes

— Donatello, onde você vai desse jeito? – Escuto a voz de minha mãe atrás de mim, mas a ignoro ao andar até o final do corredor. – Eu ouvi sons de coisas quebrando e gritos. Aconteceu alguma coisa?

Entre O Amor E A VINGANÇA - LIVRO 1 - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora