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Onde Taehyung é apenas um artista perdidamente apaixonado por Seokjin, a estrela que ele desenhou no parque numa noite estrelada.↩

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N O I T E   E S T R E L A D A

Às vezes eu penso no por quê que Van Gogh pintou o seu mais conhecido sucesso, Noite Estrelada. Nunca saberei o motivo, mesmo que, no meu íntimo, o meu maior desejo seja viajar no tempo, só para trocar pelo menos um minuto de conversa com ele, e perguntar uma das mil e uma questões que tenho guardadas especialmente para o meu ídolo, Vincent Van Gogh.

Ah, mas eu sei o porquê de ter pintado a noite estrelada naquela manhã, Seokjin.

Ver você no parque naquela noite foi como ser atingido por um cometa: devastador. Foi tão casual, tão natural, eu sabia que aquilo só podia ser obra do universo. Porque só o universo é que poderia por uma estrela como você na minha vida, Seokjin.

Os seus olhos brilhavam como estrelas, Seokjin. O seu brilho superava as estrelas que embelezavam o céu daquela noite estrelada. Elas competiam com você, esforçavam-se tanto enquanto você apenas brilhava mãos que elas sem qualquer esforço. Senti-me cego, Seokjin. O brilho dos seus olhos cegou-me por momentos e fizeram o meu coração parar de bater. Eu consegui ver mil e uma belíssimas e gigantescas nebulosas coloridas e o meu íntimo gritou por você, porque agora eu precisava do brilho dos seus olhos para conseguir enxergar o meu caminho, SeokJin.

Notei o sorriso que era desenhado pelos teus lábios grossos e desenhei-o eu mesmo no meu caderno de anotações. Eles reluziam como uma constelação pintada no breu da profunda e infantil noite, Seokjin A minha mão movia-se rápido e os meus olhos não saíam de você por momento algum, eu estava em transe. Os teus lábios prenderam-me como correntes prendem um prisioneiro. Mas, tal como uma doce droga, o primeiro vislumbre do olhar tornou-me um viciado. Eu era um prisioneiro voluntário por você, SeokJin.

Os seus cabelos eram uma chuva de estrelas no céu estrelado daquela noite, Seokjin. Cada fio emanava um brilho fino que riscava e desaparecia no escuro breu, algo único e raro que só os sortudos podem vislumbrar e apreciar. Eu era sortudo, um grande e apaixonado sortudo. Diante dos meus mirantes eu podia apreciar e adorar os seus fios brilhantes que dançavam com o vento e desenhá-los no meu caderno com toda a perícia que eu possuía. Não importava se eram onze da noite e não havia alguma luz decente para desenhar, o meu íntimo gritava para que eu registasse com o meu traço a estrela imensa e divina que você estava naquela noite.

Os meus olhos admiraram os seus ombros largos e fortes como asteroides poderosos e destruidores. Tão lindos, majestosos, pareciam capazes de suportar o peso da vida sem problema algum e ainda permitir que exista felicidade e beleza no seu rosto. Ocuparam a folha inteira do meu pequeno caderno e foram tão suaves quanto um simples traço do meu bloco sépia. Imaginei como as minhas grandes mãos ficariam sobre os teus ombros e eu derreti com a quentura que tomou o meu coração. Eles pareciam feitos para as minhas mãos, Seokjin.

Eu agredi tanto aquela folha com o meu bloco sépia, tudo por sua culpa, Seokjin. Cada traço despertou no mais fundo do meu ser uma vontade enorme de riscar e tatuar mil e uma folhas do meu caderno com cada ângulo e detalhe seu. Poderia desenhar milhares de vezes, no mais variado tipo de folhas, nas páginas do meus livros da Universidade, no jornal que aparece na minha porta todas as manhãs, ou num guardanapo de papel num café da cidade, com qualquer material, de blocos de carvão e sépia a tinta acrílica e óleo. Eu nunca alcançaria a perfeição que era você. Porque cada traço parecia desenhado cuidadosamente numa mesa de desenho com um fino e preciso lápis usando a mão de Deus, o Altíssimo Senhor. Céus, eu queria tanto ser Deus só para poder registar a tua beleza no meu caderno, Seokjin.

E então você estava ao meu lado, Seokjin.

Senti o seu olhar sobre o meu caderno e logo então sobre mim. Eu só queria gritar, porque a tua aura intensa de estrela estava a acabar com a minha sanidade. Ter você do meu lado estava a abalar as minhas estruturas mais do que um terramoto violento e eu sentia que poderia falecer ali mesmo. Conseguia ouvir a sua respiração acompanhada do chacoalhar das folhas que se espalhavam, secas e mortas, pelo parque naquela noite de outono. Eu desenhava encostado ao poste de iluminação pública em busca de um meio para conseguir enxergar a folha, já que a noite era escura e o brilho dos seus olhos havia me cegado.

-- Ficou muito bom, você tem talento.

Pelos céus, eu senti que cairia no chão naquele momento se eu não estivesse apoiado pelo poste de iluminação.

A sua voz era doce como o coro que as estrelas cantavam na imensidão da galáxia. Invadiu os meus ouvidos como um ladrão na calada da noite, e eu era só o idiota que abriu a porta para o ladrão levar o que quisesse da sua casa.  Eu queria tanto pintar o som da sua voz, Seokjin. Queria encher uma tela branca com tintas e agredi-la com pinceladas, salpicos e manchas tal como fazia com os traços, riscos e manchas do bloco sépia na minha folha de papel. Todo o meu ser tremeu perante o poder da sua voz, era como ouvir a voz de mil anjos de uma só vez numa sinfonia calma e arrebatadora.

-- Obrigado. Me chamo Taehyung. -- as palavras saíram mais rápido do que o pensamento de as filtrar. Você me deixava atordoado, Seokjin. Não conseguia filtrar os meus pensamentos na sua presença.

-- Prazer, Taehyung. Sou o Seokjin. -- Você riu, Seokjin. Riu e sorriu arrebatador como se não tivesse noção do seu poder e eu só podia ficar devastado. -- Você costuma desenhar desconhecidos e apresentar-se para eles sempre ou sou o único?

Seokjin, o seu nome era tão poderoso quanto você. Brilhava mais que um enxame de galáxias e era a estrela mais brilhante do universo, tal como você. Pensei em quantas vezes eu precisava agradecer aos seus pais por lhe darem um nome tão belíssimo quanto você. Aliás, eu tinha tanto mais a agradecer-lhes. Agradecer por colocarem você no mundo e permitirem que o universo pusesse você na minha vida. Eu não podia ser mais agradecido, Seokjin. Pois você foi a estrela mais brilhante que eu desenhei na minha vida.

Você foi único na minha vida como ninguém mais foi.

-- Você foi o primeiro, Seokjin. -- respondi ao fechar o meu caderno e finalmente te encarar. Novamente, fui completamente aniquilado pela sua beleza e senti-me feliz por estar vivo nesse momento só para te apreciar por mais um tempo. -- Você me lembra a noite estrelada de Van Gogh.

-- É um quadro bonito, devo me sentir honrado? -- e você riu novamente e eu só quis morrer, pois sabia que, depois da sua risada, não existiria coisa mais bela pela qual valesse a pena viver.

-- O quadro é que deveria se sentir honrado. Van Gogh amaria pintar um quadro seu com os seus pastéis. -- depois que você entrou na minha eu nunca mais consegui filtrar as minhas palavras quando você está perto. A sua luz traz a sinceridade mais inocente e ingênua da minha criança interior, e eu só te posso ter agradecido.

-- Então ainda bem que você está aqui para me desenhar. Van Gogh estaria orgulhoso de você se ainda estivesse vivo. -- a cada palavra que saía da sua boca eu só ficava mais destruído e apaixonado.

Agora eu tinha certeza de que você foi a obra mais demorada e belissimamente concebida por Deus.

-- A Noite Estrelada de Van Gogh não chega aos pés dessa noite estrelada em que desenhei você, Seokjin.

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Noite Estrelada ; TaeJinOnde histórias criam vida. Descubra agora