diva - a vida e a arte

Capítulo 3 - Abajur/Aquário

(No Hotel...)

"Ao ouvir Humberto dizer que era diretor de televisão, Dora que estava prestes a lhe apunhalar com um abajur pra roubar seu dinheiro, fica chocada e deixa o objeto cair de suas mãos."

Dora: O que foi que disse?

"Humberto que estava sentado sobre a cama se vira para trás num sobressalto ao ouvir o abajur quebrar."

Humberto: É...devo perguntar o que pretendia fazer com esse abajur, ou melhor não?
Dora: (envergonhada) Acho melhor não.
Humberto: Concordo. Concordo com você.
Dora: Acho que...devo limpar essa bagunça, não é mesmo? Ai, que vergonha.

"Dora se abaixa para juntar os pedaços do abajur."

Humberto: Não. Não precisa fazer isso. Eu peço para virem limpar, sem problema algum. Faz o seguinte. Eu vou até o banheiro trocar de roupa e você me espera aqui, tudo bem? Dai descemos pra jantar.
Dora: Sim, sim.

"Pouco depois os dois descem até o restaurante do hotel para comer. Humberto leva Dora até uma mesa, puxa uma cadeira para ela se sentar e se senta em seguida."

Humberto: (diz ao garçom) Garçom. A entrada por favor.

"Humberto olha para Dora."

Humberto: Cê não tá nada bem, né?
Dora: Quer que eu seja honesta?
Humberto: Quero.
Dora: Eu estou desesperada.
Humberto: Por que? O que houve?
Dora: (rindo de nervosismo) Eu fui feita de trouxa. Eu nem devia estar aqui pra você ter noção. Eu fui enganada. (dá um pequena pausa pra conter a vontade de chorar, e abana o rosto com as mãos) Ai, como já comecei a falar vou terminar, né não?
Humberto: Vai em frente.
Dora: Como eu posso te explicar...Eu não sou, você sabe...eu não quero...
Humberto: Sim, acho que entendi. Respira, fica calma.

"Lágrimas de raiva escorrem pelo rosto de Dora, e ela as limpa com as mangas do vestido que usava borrando toda a sua maquiagem."

Dora: (chorando) Me desculpa. Ai, meu deus. Tem um lenço?

"Humberto tira um lenço do bolso e entrega a Dora."

Dora: (chorando) Olha, me desculpe. Eu ia roubar você. (ri constrangida) Não sei se isso ficou óbvio pra você ou não. Dane-se. O que importa agora é que eu preciso de ajuda. Eu fui enganada. Eu não sou prostituta. Eu preciso voltar pra casa, e tenho só essas roupas. Estou sem um tostão. Além de tudo fui roubada.
Humberto: Quem te trouxe até aqui? Digo...até a boate?
Dora: Foi o Renato.
Humberto: Você foi traficada?
Dora: Não. Eu fui trazida por ele até aqui. Mas eu não sabia que ele iria fazer isso comigo. Aquele desgraçado!
Humberto: E por que veio com ele?
Dora: Porque ele prometeu me ajudar a me tornar atriz. Foi por isso que eu vim.
Humberto: Uau. Isso daria uma novela. (ri)

"Humberto percebe que Dora não achou graça."

Humberto: ...perdão.

"O garçom trás a refeição e a coloca sobre a mesa."

Humberto: Obrigado.

"Humberto desenrola o guardanapo e o coloca no colo."

Humberto: Come um pouco, Dora. Eu juro que vou tentar te ajudar.
Dora: Ajudar de que jeito?
Humberto: Amanhã levo você até a rodoviária e te dou o dinheiro que você precisa pra voltar pra casa.

"Dora olha nos olhos de Humberto de um jeito acuado."

Dora: Mas, e o que você vai querer de mim?!
Humberto: Nada. Fica tranquila, ok?
Dora: Eu estou confiando pela segunda vez em um desconhecido. Não sei se estou fazendo a coisa certa. Eu tô tão confusa. Eu nem sei o que fazer!
Humberto: Então, faremos o seguinte. Vamos até a casa de uma amiga minha. Você pode passar a noite lá, e de manhã cedo ela leva você pra rodoviária.
Dora: Ok. Me sinto mais segura assim.