Prólogo

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No horizonte enevoado o sol se escondia detrás das altas montanhas de Balaim, os picos rasgavam o ar frio como agulhas afiadas, lobos uivavam escondidos entre as pedras. O vento frio do norte soprava pelo vale, e o som da queda d água era ensurdecedor. O capitão Parim do exercito de Valaria guiava a cavalaria noite adentro, aqueles eram homens robustos e demasiados fortes, se cobriam com as capas esmeraldas bordadas, pelo o que diziam as lendas, pelos senhores elficos de outrora, mantinham as espadas desembainhadas, prontas para rasgarem os inimigos inesperados que pudessem surgir no furor da noite, se os rumores que sucediam aqueles dias fossem verdadeiros seria melhor que se mantivessem bem alertas.Os cavalos negros dos senhores de Valaria galopavam em alta velocidade subindo a colina seguindo em direção ao sul com as cordilheiras a sua direita a Oeste. Os ermos eram um lugar bastante perigoso até mesmo para um grupo de soldados de elite como aquele, os homens não conversavam entre si haviam horas, e mantinham-se caldos, concentrados nos sons da natureza que os cercavam, tinham ouvidos treinados para detectar até mesmo o piu mais inaudível de um mocho . As sombras das montanhas se projetavam sobre a companhia, e a luz do dia esvanecia com rapidez, lá longe no leste a grande floresta era apenas um borrão apagado pela nevoa que os cercava, foi então o sargento Andrelo parou o cavalo repentinamente e se voltou para trás.

"O que foi senhor ?" perguntou o soldado que vinha a dianteira.

Andrelo não respondeu apenas levou as mãos aos lábios sinalizando para que o companheiro fizesse silencio, então ergueu a cabeça no ar frio do crepúsculo, respirou profundamente e espreitou os olhos em direção a algo que parecia se mover nas sombras lá em baixo as margens do caudaloso Panim. Espremia os olhos cada vez mais, tentando identificar se quilo não era apenas uma mera ilusão de sua mente, ou algum efeito óptico, ou se aquela forma que se movia com rapidez realmente era alguma das criaturas repugnantes que vagavam sem rumo por aquelas terras desoladas. O cavaleiro tirou o arco que lhe cingia as costas, pegou uma flecha da aljava e posicionou-a na corda. Diminuiu a frequência cardíaca, a respiração se tornou mais silenciosa, seus olhos encaravam aquele algo que subia pela encosta pedregosa, mirou e soltou, a flecha zuniu, cortando o ar gélido das montanhas e cravando em cheio na massa escura que galgava desajeitadamente a colina.

Seja lá o que fosse aquilo soltou um urro que fez toda a companhia de quatorze cavaleiros parar repentinamente, era um grito arrepiante de gelar a espinha, os senhores de Valaria deram meia volta e regressaram com suas montarias em direção a Andrelo. O arqueiro posicionou outra flecha no arco e olhou para baixo, a criatura que havia ferido certamente não estava morta pois continuava escalando a encosta a uma velocidade impressionante, disparou pela segunda vez, e novamente a flecha cortou o ar e como o esperado acertou o alvo, dada a pericia de Andrelo como arqueiro. Ouviram-se outros urros ecoando pelo vale escuro, os homens temiam, pois não sabiam que outros males aqueles berros poderiam despertar naquelas terras inóspitas e cheias de ódio.

Parim aproximou-se de Andrelo e olhou para baixo, ergueu uma adaga de prata no ar, e a arremessou em direção ao espectro, porém não teve a mesma sorte de Andrelo, pois sua lamina errou o monstro e a acertou alguma pedra lá em baixo, dado o barulho que ecoou dentre as pedras. A segunda flechada também não pareceu surtir o efeito desejado e o arqueiro novamente atirou, sua flecha mortal a criatura também errou, foi nesse momento que notaram que o monstro iria alcança-los, então o capitão desmontou de sua montaria com uma elegante e longa lamina em mãos e se posicionou para atacar.

"Homens preparem-se" gritou com furor o velho Parim.

Logo seus cavaleiros estavam com os escudos preparados e as espadas luzentes erguidas, Andrelo preparou outra flecha e atacou, desta vez o alvo foi atingido, mas não urrou, e nem pareceu sentir dor como das vezes anteriores. Então a criatura saltou e pousou desengonçadamente na frente de Parim, era um afigura alta e pálida, parecia muito velha, com pernas longas e corpo bastante magro, a cabeça era saliente, não ostentava olhos nem nariz e parecia respirar por pequenas fendas na face sem feições,possuía também uma enorme boca cheia de dentes. A flecha de Andrelo ainda estava cravada no cranio da criatura, e havia uma especie de sangue de cor azulada escorrendo pelos ferimentos causados pelas flechadas.

A Nova OrdemWhere stories live. Discover now