Capítulo Um

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O ar cheirava a rosas, terra e um doce aroma cítrico. Eu estava num belo campo de rosas, mas não só rosas havia tulipas, girassóis e camélias. O sol brilhava forte na minha direção e tinha a sensação que me transpassava. Respirei aquele perfume que emanava das flores, como se pudesse tragá-lo por inteiro. Ouvi uma voz me chamando, meio que aos berros. Mas onde? Não havia ninguém ali? Tudo se dissolveu.

— Anna! Acorda! — Disse alguém me sacudindo pelos braços.

— Já estou acordada. — Respondi meio grogue, abrindo os olhos, vendo Evan na minha frente, sentado na cama.

De perto ele parecia ainda mais bonito do que era, com os seus olhos âmbar, me olhando irritado. O cabelo estava menos bagunçado essa manhã, estava com uns jeans esfarrapado e a blusa da sua banda preferida.
Sempre que ficava encarando-o ficava absorta, ao ponto de não reparar que estava de pijama e descabelada.

— Por que está no meu quarto? — Perguntei levantando abruptamente.

— Você tem um sono de pedra, hein? E ainda por cima fica babando! — Disse soltando uma gargalhada.

— Seu idiota, por que veio me acordar? A mamma poderia ter feito isso! — Falei e comecei a arrumar a cama sem querer olha para ele.

— Um idiota comum não teria pulado a sua janela. — Me viro para olhá-lo irritada e ele prossegue: — Foi como se fosse o próprio Homem-Aranha, exceto que você nesse estado não seria a Mary Jane.

Reviro os olhos e vou para o banheiro, olho-me no espelho e vejo que minha aparência não estava das melhores. Meu cabelo que era de um castanho-claro estava totalmente "em pé" e meu rosto com uma estranha marca quadrada. Com certeza eu dormi em cima do celular.

— Sabe, eu vim aqui na sua casa para tomar café e também por que hoje temos escola. — Diz ele com uma estranha serenidade.

Começo a me arrumar ainda mais rápido, percebendo que deveríamos estar atrasados.
Assim que termino saio do quarto e desço lá para baixo com Evan nos meus calcanhares.

— Buongiorno, Anna! — Falou o meu papá muito contente, ele fez menção para que eu me aproximasse e me deu um beijo na testa.

Meu papá, todos esses anos sempre teve o mesmo velho e bom cheiro de trigo.

Minha mamma então apareceu com uma forma cheia de pães acabados de sair do forno, sorriu para mim e disse: — Filha, que bom que você acordou! A mamma fez uns pãezinhos que estão uma delícia. — Eu olhei para o relógio na parede, droga estou atrasada mesmo.

— O Evan e eu estamos muito atrasados mamma, quem sabe... — antes que pudesse terminar de falar ela me lançou um olhar de reprovação e jogo as mãos para cima. Tudo bem, vou comer! Pensei.

A cozinha estava como sempre, cheia de coisas para todos os lados e muita comida na mesa.
Meu irmão, Matteo,estava com fones de ouvido aparentemente absorto na música enquanto comia. Ele e eu nunca fomos muito parecidos na aparência. Meus cabelos eram castanhos-claros e os dele, loiros cacheados que pareciam mais uma nuvem no topo da cabeça, meus olhos eram escuros quase pretos, já os dele amarelados, meu rosto era redondo e o dele anguloso.

— Sra.Moretti, por acaso tem macarronada? — perguntou Evan e me mãe o olhou como se ele fosse um estranho na sua cozinha.

— Dio mio, Evan! Quer macarrão logo de manhã? — disse e começou a rir.

— Como o Sr. Moretti diz: “Qualquer hora do dia tem que ter macarronada”.

— Continue assim e vai ter uma pança maior que a dele! — sussurrou para Evan e deu uma gargalhada.

Estávamos muito atrasados! Pensei e com isso enfiei um pão na boca do Evan que conversava com a mamma e o puxei porta á fora.

— Qual é, Anna! — protestou.

— Estamos atrasados. Não podemos demorar! Sabe disso. — Olhei para ele, séria, e ele fez uma careta.

— Okay, vamos! — começou a andar na frente.

— A sua mãe ia me dar um pote cheio de pãezinhos! — Olhei entediada para ele, aquele garoto só pensava em comer.

Ao chegarmos na escola nos deparamos com o vazio dos corredores e o seu silêncio, algo bem contraditório de quando se batia o sinal. Peguei meus cadernos e me virei para Evan preocupada.

— Que desculpa vamos dar para o nosso atraso?

— Podemos dizer que fomos atacados por um guaxinim que queria os pãezinhos da sua mãe! — disse animado e prosseguiu: — Ah! É mesmo, você não deixou sua mãe me dar os pãezinhos.

— Não é hora para isso. E seu plano, é horrível , guaxinins não atacam pessoas assim! — Falei e pensei em um plano, algo que parecesse mais real.

— Já sei! Podemos dizer que assim que chegamos na escola, o que foi muito cedo, eu passei mal e você me acompanhou a enfermaria.

— Prefiro a história do guaxinim. — disse e eu o olhei irritada. — Pensando bem sua desculpa é ótima.

Fomos então para a porta da sala, demoramos um pouco mais nos corredores por que ainda discutimos se nossa história seria facilmente aceita, Evan continuou sugerindo o guaxinim.

Entramos na sala de aula.

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