Vinho, por favor

Capítulo Dois

Muitas coisas passaram na mente de Rayne naquela noite: ele preferia estar em casa, mas gostava de festas e se divertir, então tiraria proveito da noite da melhor forma possível. E a sua frente estava a sua maior diversão da noite. Miranda Brightwood, a bela e jovem filha da pessoa que mais o odiava. E ela não parecia ter ciência de quem Rayne era.

Estava extasiado com a mulher... Não, não está certo, estava encantado com a garota em sua frente. Sua completa ignorancia em relação ao desentendimento entre ele e a mãe dela fazia com que Rayne sentisse essa necessidade de provocá-la. Ela tinha que saber, pelo menos um pouco, sobre como Helena o odiava; mas aqui estava ela, com olhos inocentes e expressão serena como se ele não fosse mais que um convidado qualquer. Mas antes de arruiná-la, decidiu que daria a ela a chance de fugir.

— Você não precisa me acompanhar se não quiser, afinal nem nos conhecemos.

— Tudo bem, eu não estou desconfortável e você parece uma pessoa decente. Você também não precisa se sentir obrigado a me acompanhar, eu entendo perfeitamente que você pode se divertir muito mais se não tiver que entreter uma completa desconhecida.

— Claro que não, eu adoraria te entreter.

Rayne viu as bochechas da menina se avermelharem de leve e ela desviou o olhar de volta para o salão, ele não resistiu a sorrir. Para recuperar a atenção dela, Rayne pousa a mão levemente nas costas nuas de Miranda fazendo a garota se virar para ele com um leve solavanco.

— Vamos?

Ela concordou e começou a caminhar ao lado de Rayne, que a guiava em direção a uma das mesas mais afastadas do recinto. Eles chegaram a um sofá de canto com quatro lugares e uma mesa de centro onde um garçon acabava de retirar os copos vazios e garrafa. Rayne parou o rapaz no caminho e então virou-se para Miranda, que estava sentada confortavelmente.

— Um momento, amigo. O que você prefere beber?

Miranda levantou o olhar para Rayne e sorriu.

— Vinho, por favor.

***

Miranda estava preocupada que aquela tivesse sido uma decisão ruim e não se referia somente ao vinho. Enquanto caminhavam, ela não perdeu os olhares que acompanharam os dois em seu percurso, as pessoas sorrindo e conversando baixo enquanto os olhava fixamente; Miranda sabia ler lábios e percebeu alguns dos comentários maldosos das pessoas: "garota de sorte", "filho da puta sortudo", "ela não é muito jovem?", "Axfalcon está se exibindo com uma garotinha, ele não consegue ficar longe de um escândalo mesmo", "pobre garota"... Todos os comentários eram pontuados com risadas condencendentes.

Afinal de contas, parecia que todos conheciam Rayne Axfalcon, exceto ela. Se ele era uma pessoa tão conhecida, Miranda sentia a obrigação de reconhecê-lo. Então a todo momento tentava se lembrar de algo que conhecesse dele, mas nada vinha a sua mente. Quando ele a chamou, Miranda respondeu sem pensar. E agora ficava sem jeito de recusar a bebida oferecida.Mas assim que chegou, ela não resistiu.

Adorava beber vinho e como era experiente, não iria se embriagar rapidamente; além disso, sentiu que precisava relaxar um pouco, os comentários e olhares anteriores a deixaram completamente insegura.