Un

632 24 5
                                    

     Benjamin Pavard

Eu sentia-me um completo estranho quando encontrava-me com a seleção da França. Por ser jovem e ser um dos únicos que jogava na Alemanha, eu não tinha muita intimidade com ninguém ali e sempre sentia-me deslocado. Meus companheiros sempre conversavam sobre as boates que eles frequentavam juntos e eu nunca estava nesse meio, porque, além de não gostar desse tipo de coisa, também moro longe demais para participar desses momentos com eles. Eu era apenas um zagueiro que as vezes improvisava na lateral direita, ficava no banco na maioria dos jogos, não tinha uma popularidade alta e muitos duvidavam da minha convocação para a copa. 

 O amistoso contra a Colômbia naquele noite prometia ser duro. Apesar de ser em Paris e historicamente termos uma vantagem, a seleção colombiano vinha de um sequência de vitórias e o elenco era bem forte. 

 No começo da partida a França ditava o ritmo e Giroud acabou marcando, levando o estádio a loucura. Logo Lemar aumentou a vantagem francesa, porém, antes mesmo que tivéssemos tempo para uma boa comemoração, a seleção colombiana diminuiu nossa vantagem. 2-1. Aquele placar não era muito confortável, mas acreditávamos na vitória. Estávamos em casa e a torcida apoiava muito o time, fazendo com que minha confiança fosse lá em cima.

 O segundo tempo não foi exatamente o que esperávamos, Falcão Garcia empatou o jogo antes dos vinte minutos e nossa equipe tinha ficado perdida em campo. Além do mais, Deschamps não fazia nenhuma alteração. O terceiro gol colombiano saiu de um pênalti, que Umtiti teve a infelicidade de cometer, e pela primeira vez na história a França perdia para a seleção colombiana com uma virada inesperada.

 No vestiário Didier reclamava e dava bronca em todos nós, ele não estava acreditando que havíamos tomado aquela virada no finalzinho do jogo. Mesmo sendo apenas um amistoso, aquela partida mostraria a nossa torcida como chegaríamos na Copa do Mundo em alguns meses. A maior parte do elenco estava de cabeça baixa, ninguém dizia nada para contrariar Deschamps, porque não adiantaria nada e talvez custasse apenas a vaga para ir à Rússia.

 — Benjamin! — Kylian Mbappé sentou-se ao meu lado, tirando-me de meus pensamentos sobre aquela partida infeliz que tivemos. — O Giroud vai dar uma festinha hoje, topa? 

 — Não sei se é uma boa ideia. — Nem pensei muito para responder àquilo, já que eu conhecia bem a reputação das festas de Olivier Giroud.

 — É uma ótima ideia! Já pensou que vamos passar mais de um mês na Rússia com esse pessoal e você só conversa comigo? Você precisa enturmar-se e essa pode ser sua única oportunidade antes da copa. — Odeio ter que concordar com Kylian, mas ele tinha razão. Ir àquela festa seria a minha melhor opção.

 — Ok, eu vou. — Meu amigo sorriu animado. — Porém, não vou ficar muito tempo.

 — Tudo bem! — Levantou-se e chamou a atenção do jogador ao nosso lado. — Giroud, convenci o Pavard a ir.

 — Que bom! Vai ser divertido, você vai ver. — Apenas sorri timidamente em resposta.

 A ideia de que logo estaria a caminho de uma festa de Olivier Giroud não me agradava nem um pouco. Eu apenas esperava que não tivesse apenas mulheres nuas e que eu pudesse me distrair um pouco na companhia dos meus companheiros de clube.

 Fui para o apartamento do Giroud no carro com Griezmann e Mbappé. Os dois conversavam animadamente no banco da frente, enquanto eu apenas observava as luzes de Paris e a chuva fraca que caia.

 — Você é mudo Pavard? — Antonie arrancou-me de meus amigos pensamentos. — Quase nunca ouvimos sua voz!

 — Prefiro ficar na minha. — Dei de ombros. A verdade é que nunca fui muito com a cara dele.

Derrière Ce Sourire || Benjamin Pavard Onde histórias criam vida. Descubra agora