Toques

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Quando estava anoitecendo Ochako começou a sentir fortes dores de cabeça. Katsuki logo a fez ficar em repouso e lhe deu alguns remédios.

- Isso está estranho, você não é de ficar doente. - Comentou acariciando a cabeça da esposa que estava sentada na cama, enquanto tomava um chá.

- Eu sei, mas logo as coisas voltaram ao seu lugar. - Suspirou entregando a xícara para o loiro.

- Como assim? - Perguntou confuso.

- Ahn... Nada, só estou cansada. - Sorriu se deitando na cama. Bakugou olhou um pouco desconfiado e saiu do quarto.

Pelo menos hoje Bakugou não vai tentar nada comigo, já que estou doente.

E realmente foi assim, lógico que dormir na mesma cama foi uma coisa que Ochako não estava preparada. Katsuki era quente, muito quente, além disso no meio da noite a abraçou trazendo seu corpo para perto. Sentia que iria pegar fogo, e tentou ao máximo pensar em outra coisa.

O que veio em sua mente foi algo completamente diferente do que desejava. Uma memória. Uma memória da sua vida nessa realidade.

Uma memória com Bakugou.

Flashback

- Sabe, ficar tanto tempo com você está me fazendo mal. - A castanha disse se sentando na cama do loiro enquanto secava o cabelo com uma toalha. Estavam no dormitório da U.A.

- Que?! Por que?! - Exclamou agitado.

- Fiquei tanto tempo deitada com você, que meu cabelo está um ninho! - Disse formando um leve beicinho.

- Porra, Bochechas, que drama. - Riu de leve pegando a escova da mochila dela e se sentou atrás de Ochako, passando suas pernas pelas laterais do seu pequeno corpo. - Essa escova é boa para caralho, hein. - Comentou enquanto passava a escova delicadamente pelos cabelos castanhos.

Ela concordou rindo, era a escova que sua mãe deu antes de se mudar para o dormitório, então é bem importante para a menor.

- Terminou? Até que você escova o cabelo bem. Pensei que ficaria careca... - Murmurou a última parte fazendo graça. Bakugou bufou irritado e usou uma mão para enrolar os cabelos castanhos e a puxou para perto do seu rosto.

- Eu sei ser delicado as vezes. - Mordeu seu pescoço fazendo a garota se arrepiar inteira. - Mesmo sabendo que você gosta quando sou mais agressivo.

- K-Katsuki! - Gaguejou com o rosto todo corado.

- Okay, relaxa. - Sussurrou ronco em seu ouvido. - Vamos dormir, amanhã a gente vai treinar.

- Ahn? Amanhã é sábado! - Grunhiu manhosa.

- Não quero saber. Você queria treinar não queria? Agora vai ter que me aguentar. - Respondeu a puxando para trás, deitando os dois na cama.

Ele a abraçava trazendo seu corpo para perto, não querendo deixá-la fugir.

Flashback off

Ochako acordou num pulo, seu coração a mil e o rosto chega a suar de tão quente. Aquilo foi um sonho ou foi realmente uma memória? Pensou ofegante, era tão real. Ela treinava com ele na época do colégio? Como isso aconteceu?

Olhou para a cama e Bakugou não estava mais nela. Suspirou cansada e foi em direção ao banheiro que tinha no quarto. Completamente alheia ao seu redor, pegou uma toalha, trancou a porta e foi tomar um banho para se acalmar. Sentia seu rosto ainda fervendo por conta da memória, e nem a água fria estava melhorando a situação.



[....]


Passou três dias desde de que teve sua primeira memória sobre essa vida. Estava se adaptando a sua rotina desse mundo, mas não sabia até quando conseguiria fugir do seu marido, ele estava começando a ficar impaciente com tudo isso. Como sempre Bakugou não tinha chegado da sua caminhada matinal e então aproveitou para tomar seu banho.

Terminou seu longo banho, saiu de toalha e foi até o guarda roupa a procura de suas roupas. Algo que Ochako não tinha pensado ainda, mas também não estava preparada pensar; ver seu parceiro entrar no quarto só com a toalha enrolada na cintura, todo molhado. Nunca tinha visto o loiro com os cabelos molhados e para baixo, e também nunca tinha percebido como seu corpo é completamente modelado por músculos firmes.

Virou de frente para o guarda roupa corada, tentou não parecer nervosa enquanto escolhia uma muda de roupa. Ouviu os passos pesados do loiro se aproximarem de si, fazendo seu coração disparar. Viu a mão dele passar acima de seu ombro para abrir mais a porta do guarda roupa. Ele está muito perto, ele está muito perto, ele está muito perto. Pensou sem conseguir se mover, pois se fizesse conseguiria senti-lo em suas costas.

- Ochako, está doente de novo? - Ele perguntou passando a mão esquerda nas suas costas e foi subindo até sua nuca. - Está bem quente. - Comentou arrastando o cabelo castanho para o lado e dando um beijo em seu pescoço.

- Ngh! - Mordeu o lábio rapidamente depois de soltar o gemido inconsciente. Escutou um riso abafado no seu pescoço, e arrepiou-se ao sentir os braços fortes rodearem sua cintura, fazendo ela lembrar que ambos estavam de toalhas. Era muito estranho, seu corpo reagia bem aos toques do herói, mas sua mente estava em colapso.

- Se eu não tivesse que sair agora... - Olhou para baixo vendo a mão do maior apertando sua carne por cima da toalha. - Arrancaria esse pedaço de pano de você, e te comeria bem aqui. - Murmurou com a voz rouca em seu ouvindo. Ochako ficou paralisada enquanto via Katsuki a soltar e pegar uma roupa, indo se trocar um pouco longe da mesma.

Sua respiração estava pesada, suas mãos apertavam a toalha grudada em seu peito com força. Conseguindo sentir seu coração acelerado, os toques do loiro ainda queimavam em seu corpo. Nunca alguém tinha falado dessa forma com ela, de um jeito tão... Indecente. E o pior de tudo, era o sentimento de culpa que se apossou em sua mente, pois além de tudo...

Ochako ficou excitada.


[....]

Saiu de casa já pronta - esperou o loiro sair do quarto para se sentir a vontade para colocar uma roupa - e foi novamente para o colégio de Chie, precisava conversar mais com a garota e descobrir mais sobre sua individualidade e sobre esse mundo. Já que ela era a única que sabia da sua situação.

Parou o carro no sinal vermelho e ouviu o toque do seu celular na bolsa. Pegou e ficou tensa ao ver o nome do verdadeiro marido na tela. Com a boca seca deslizou o dedo, atendendo a ligação.

- Alô? Ochako-chan? - Ah, era bom ouvir a voz dele no meio dessa loucura toda. Pensou sorrindo sozinha.

- Oi! Como vai, Deku? - Cumprimentou tentando agir como uma amiga, somente uma amiga.

- Estou na cidade, queria saber se quer tomar um café comigo, já faz um tempo que não te vejo.

Naquele momento a castanha pensou sobre sua situação. Tinha parado num universo paralelo e saiu de casa para conversar com a única pessoa que poderia ajudá-la. Ou poderia ir tomar café com o homem que até menos de uma semana era seu verdadeiro marido.

Infelizmente, Ochako nunca foi de fazer boas escolhas.



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