PRÓLOGO | SEBASTIAN

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O corredor é silencioso, diferente de todos os outros lugares dessa prisão, acho que até o pior dos assassinos quando anda pelo corredor que trará sua morte eminente sente medo. Quero dizer, o que tem depois da morte? Os filósofos passaram boa parte do tempo deles discutindo sobre isso, tentando encontrar alguma razão e talvez um escape da morte. Existia algum escape pra ela? Respiro fundo, já não está tão silencioso mais, tudo que eu escuto são passos em um corredor recém lavado mas que ainda fede esgoto e respirações aceleradas, me pergunto internamente se é por causa do mal odor ou pela porta que traria a morte dos detentos que estavam à minha frente, não precisava ser prisioneiro para sentir medo de entrar ali dentro.

—  Senhor… — O guarda disse curvando sua cabeça. —  Só estavam à sua espera.

— Tudo bem, obrigada… — Olho para sua farda e no crachá seu nome reflete. — Jaime.

Ela estava atrás de outra parede, mas desta vez parte dela era de vidro. Ela estava presa a uma maca com algemas em seus braços e pernas, o semblante dela não era de medo, isso me aterrorizava e me fazia questionar sobre meus atos. Matar ela realmente era o certo? Porque ela tinha tanta convicção no que fazia? Talvez eu estivesse errado ou talvez ela só fosse uma sádica psicopata.

—  Não vão mesmo me conceder meu último desejo? — A voz dela saiu rouca pelos altos falantes da sala. — Quero falar pessoalmente com meu rei e sem todas essas algemas. —  O médico nega o pedido, caminho em direção a porta que dá acesso a sala onde ela está presa e a abro.

—  Quero atender o pedido dela…  E façam o favor de desligar essa merda de microfone. — E então eles fazem exatamente o que eu disse.

— Você viu isso? Você manda e eles obedecem como ratinhos. — Ela se sentou na maca com suas pernas cruzadas. —  Sempre foi assim, desde os primórdios, mas todo império cai um dia, não é mesmo? Eu não sou a raiz do seu problema Sebastian, na verdade eu nunca fui.

—  Porque mandou matar aquelas pessoas? Porra! Você as conhecia, convivia com elas, seus parentes os amavam.

—  Eles sabiam demais. Nunca ouviu falar que a sabedoria é um dom e uma maldição? no caso deles com toda certeza foi uma maldição. —Ela deu uma risada. —  E por favor, tenha o bom senso de não me perguntar sobre seu pai, você sabe muito bem o porquê. —  Meu maxilar estava travado, abri a porta e a fechei com tanta força que ganhei a atenção de todos que estavam na sala. 

— Façam logo isso. —  Eles balançaram a cabeça concordando.

— Caso “910848”, acusada por assassinato e atentado contra o governo, pena de morte.

Ela ergueu três dedos, os beijou e então levantou.

Liberdade, igualdade e fraternidade.

Ela era a ponta do meu iceberg.

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