Niemandland
Acordo em meio a praia, algo machuca meus olhos, acho que isso é luz. Escuto um grito, vinha da floresta atrás de mim, o que será que era? era um grito de raiva e tristeza, dava pra se sentir na voz. Olhando em volta a toda essa vasta terra em frente aos meus olhos, vi também que estava sozinho, seria eu o único ser vivo nesse mundo? Não conseguia pensar em nada mais, eu era apenas uma criança, estava sozinho, não tinha nome e nem propósito nesse mundo.
À terra em que estava era fértil e próspera, a areia em que eu descansava era fofa, me deitei e olhei para a floresta, havia vida em suas plantas e árvores, eu podia sentir, eram como uma linda cançao para os meu ouvidos ouvir balançar da folhas ao vento, volto meu olhos para o oceano e o observo, o dias eram calmos, porem a noite suas ondas se quebravam entre as pedras me trazendo conforto, o mar é meu único amigo nesse momento, a maré baixa das manhas não me fazia me sentir sozinho, me sentia acolhido. No meu primeiro dia em Niemandland eu dormi na praia assim como nos outros 365 dias que se seguiram, não sentia fome ou sede, apenas solidão. Nos dias que se estenderam e nos anos que se passaram andei pelas praias de Niemandland, e ouvi um grito novamente, resolvi seguir a voz, era fina e jovial, parecia estar com medo, aparentava ser uma voz solitária e distante, sigo em direção a voz, mas não encontro nada além de árvores-brancas com folhas azuis. Minha existência nessa terra ainda não parecia certo para mim, não havia nada como eu, apenas eu. Naquela noite observei as estrelas, sua luz é tão distante, seu proposito não é lhes dito também, naquela escuridão que seguia póstuma ao dia os ásteres seriam meus únicos amigos.
Depois de anos, perdido na floresta encontro um homem, ele estava com medo e corria pela mata procurando árvores-brancas. Ao me ver ele se assusta, me olha como se me conhecesse, ele grita comigo, me diz que eu jamais vou levá-lo de volta. Estou confuso sobre este homem, ele desapareceu entre a floresta e eu só o veria de novo séculos a frente.
Mais anos se passam e encontro Rayo, um jovem garoto muito pequeno, estava chorando por estar sozinho e não se assustou ao me ver. Rayo e eu nos tornamos amigos, passamos muito tempo junto e por um bom tempo não me sentia sozinho novamente.Assim que acordei na praia ouvi um grito. Era um grito de medo, me aproximei e vi um enorme monstro em cima de Rayo, ele estava com terror em seus olhos e gritava por socorro. Lembro-me da voz que escutei quando estava na floresta há muito tempo. Corro até o monstro, ele tinha 3 metros de altura, dois chifres cilíndricos e pontudos saindo de sua testa e dentes afiados, sua pele era vermelha e escorria sangue sua pata esquerda. O monstro me vê, sinto medo pela primeira vez, Rayo se solta e corre até mim, ele entra na minha frente tentando-me proteger, levanto minha mão. O monstro parou e desmaiou no chão, olho para as minhas mãos, elas estão brilhando meus cabelos e olhos que ambos eram negros agora brilham em dourado, sei o meu proposito agora, me veem a cabeça memoria de vidas que eu não vivi ainda, vejo grandes cidades se erguendo, porém, caindo pelo próprio ego humano, observo o mundo se desfazer em reinos, dividindo espécies pelo tanto de moedas de ouro que possuem e guerras por poder, vejo raças sendo caçadas e extintas pelo ódio de diferentes seres. Este mundo é belo e as pessoas decepcionantes. Mais afundo em meio ao caos, vejo bondade e prosperidade, ao longe enxergo heróis e lendas que ajudaram pessoas, essa pequena parte me fazia lembrar Rayo, ele sempre queria ajudar, assim que o encontrei muito tempo atrás ele me perguntou se eu estava bem, não havia entendido naquele tempo, agora entendo.
Minha mente volta para Niemandland, Rayo não sente medo de mim, ele apenas sorri e me diz que sabia que eu era especial, pergunto porque ele chamava esse lugar de Niemandland, Rayo me explica que essa terra é chamada assim porque não pertence a ninguém aquelas terras, seus pais iriam para lá quando seu navio afundou, eles estavam procurando por um novo mundo a se explorar, entendo agora.
É noite do dia 3285, estava chovendo, rayo havia brigado comigo por estar usando muito meus poderes, estava com ciúmes. Digo para ele que meu dever é de criar o mundo perfeito, ele diz que fiquei louco, que meu poder subiu à cabeça, que sou agindo como se fosse um Deus, talvez eu esteja, não sei dizer. Fecho meus olhos e adormeço.
Acordo na praia a noite, não escuto nada. Ando pela floresta procurando por rayo, mas encontro apenas sua blusa, estava rasgada, como se um animal tivesse a arrancado. Me sinto sozinho novamente, está chovendo, as lagrimas se misturam com a chuva escondendo minha tristeza, sinto raiva pela primeira vez.
Acordo em meio a floresta, dou um grito. Concentro-me em rayo e em como seu modo de ver o mundo era perfeito. Rayo estava errado essa terra não era de ninguém, essa terra era dele. Estico meus braços, e do meio do mar surge uma enorme terra, fértil e próspera, era o lar de Rayo.
Anos se passaram, irmãos chegaram à terra de Rayo, me chamaram de Heiwa, aparentemente significava "paz" na língua deles, gosto dessa palavra, me faz lembrar o tempo em que eu apenas observava a maré baixa e ouvia as ondas se quebrando entre as pedras. Volto para a praia naquela noite e adormeço.
Acordo em meio a praia. Escuto um grito.
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Lendas e Contos De Rayo
Short StoryNos mais antigos registros do país de Rayo existem histórias sobre lendas de corajosos homens e contos sobre as mais Tenebrosas criaturas, adentre sobre essa leitura de lendas e contos escritos por vários escritores através dos tempos de Ninfenstein.