Nick
Desci as escadas da minha casa depois de um banho merecido e com os cabelos umedecidos caindo da testa. Entrei pela porta da cozinha e me deparei com a mesa do jantar.
Ana foi a primeira pessoa a olhar para mim, e a primeira a desviar os olhos com um rubor no rosto. Eu sei, ela é apenas tímida. Não é como se minha presença a deixasse nervosa. Apesar de que eu quero muito que seja a segunda opção. O que estou pensando?
Dei a volta pela mesa e escolhi um lugar para me sentar, de frente para Ana. Permaneci encarando-a intensamente e ela deu um jeito de me desafiar, me encarando de volta. É ridiculamente encantador como ela se esforça em se manter diante de mim com o rosto tão vermelho. Com o tempo, eu acabei perdendo a compostura ao perceber que ela ia ficando mais confiante e perdi o jogo da encaração.
Esse jogo é algo que o grupo de teatro pratica para se desinibir, aprendemos a olhar o público nos olhos sem nos acanharmos.
- Vocês vão ficar só se encarando? – Escutei a voz sutil e divertida da minha mãe enquanto ela servia a mesa – Como vocês são os primeiros a chegar, eu deixo experimentarem a comida primeiro!
- Onde estão os outros? – Perguntei.
- Meus pais decidiram ajudar os seus com a mudança. – Disse Ana, brincando com uma mecha do próprio cabelo.
- E meu pai deixou a minha mãe cozinhando? É um desastre! – Eu comecei a rir, mina mãe realmente é uma péssima cozinheira, assim como é uma péssima cantora.
- Ei! – Levei um tapinha da minha mãe – Claro que foi ele quem cozinhou, eu teria botado fogo na cozinha, com certeza!
Ouvi a doce risada da Ana e não pude evitar de sorrir.
Obrigado Senhor por este jantar, e muito obrigado por ter a Ana bem aqui!
Nós decidimos esperar pelos adultos, que não demoraram para aparecer. Foi um jantar divertido, as piadas de tio ainda não morreram, mas é bem mais divertido quando a Ana ri de tudo. Acabávamos rindo mais dela do que das piadas.
Não é possível que, na minha cabeça, ela seja tão perfeita. Humanos deveriam ter defeitos!
Não. Ela tem defeitos.
Mas eu adorei todos os defeitos que vi até agora...
Ana
- Ele deixou o Frufru??! – Eu me levantei com um solavanco, dando um pulo da cadeira.
Estávamos conversando sobre as desventuras do frango que virou o nosso jantar, quando o pai de Nick comentou sobre o urso de pelúcia que encontrou no - agora ex - quarto do Kim. É um urso do mesmo tamanho que eu, com os braços fofos bem compridos que dá para dar um nó. Eu gosto de sentar nas perninhas grossas e fofas de pelúcia, e amarrar os braços dele ao redor de mim.
É a melhor sensation of the mundo!
Eu não consigo acreditar que esse urso ficou para trás. Não esperei nem mesmo uma resposta do pai do garoto sobre o urso, já disparei até o hall de entrada, subindo escadas acima, entrando no quarto como um ninja profissional de voadora.
- Teddy!
Pulei em cima do urso e o abracei forte, como se fosse a coisa mais preciosa desse mundo.
Um minuto se passou e eu ainda estava agarrada ao urso.
E assim, foi-se mais um minuto.
Quando percebi, passaram-se dez minutos e eu ainda estava lá. Não é culpa minha que esse urso faz a gente se esquecer de todos os nossos problemas com apenas um abraço...
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Paralelo
RomanceCrescer, é andar por um caminho incerto e tempestuoso. Durante a caminhada existem campos florais, onde se colhem os frutos do aprendizado, quanto mais longe você vai, melhores são as recompensas. Ana e Nick vivem em mundos paralelos, onde acham que...