Você não se lembra?
Se esforce um pouco mais.
Talvez se for mais fundo nas suas memórias, você ache.
Talvez... Eu posso te ajudar. Mas tem que ser nosso segredo.Era uma noite de outono, estava chovendo bastante e vento frio soprava do norte. A torre da catedral tinha acabado de dar meia noite, e ainda estava na antepenúltima badalada. Você corria bastante no meio da rua vazia da cidade, gritava por alguém, procurava por essa pessoa. Mas seus gritos eram abafados pela forte chuva, pelos trovões e pelas badaladas do sino.
Seus pés estavam cansados, sua roupa encharcada e toda suja de lama indicavam que você estava lá. A última badalada. Entra nos seus ouvidos com facas perfurantes e você cai de joelhos no chão. Ninguém saberia distinguir as lágrimas das gotas de chuva, ninguém mais veria você na verdade.
Você some aos poucos com fumaça. A cidade volta ao normal, um sol começa a brilhar no céu, a tempestade vai embora e a temperatura volta a ficar agradável. As pessoas saem de suas casas, como se nunca tivessem entrado. Como se nada tivesse acontecido.
Tudo volta ao normal.
Acho que agora você se lembrou.
Não conte à eles que eu falei isso.
Ela não pode saber, não de novo.
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