𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐏𝐎𝐓𝐈𝐎𝐍↪𝘫𝘫𝘬

>> 12 <<

>> Mia

Foi uma mulher que abriu a porta, vestida com uma farda de empregada e um sorriso, mais profissional do que simpático.

— Bom dia menina. Em que é que a posso ajudar? — ela perguntou olhando-me de cima a baixo.

Não me passou despercebido como ela fechou um pouco a porta.

— Bom dia. Eu preciso mesmo de ver o Jungkook. — salientei tentando passar pela sua reticência. — Ele está?

— E como é que devo anunciar a menina? — a empregada respondeu com outra pergunta, ignorando completamente a minha questão anterior.

Ponderei a possibilidade de ela me impedir a passagem. Parecia elevada, considerando a forma como ela estava a agir.

A mentira deslizou facilmente, sem eu sequer tentar. Talvez a Jessie tivesse razão e eu me tivesse tornado uma "mentirosa habilidosa", a verdade é que eu não me importava assim tanto de o ser.

— Eu estou a fazer um trabalho de grupo com ele para a faculdade e nós combinamos encontrarmo-nos aqui.

A testa dela enrugou-se enquanto ela tentava decidir se devia confiar em mim ou não.
Se eu fosse a ela não confiava.

— Lamento menina, mas os senhores da casa deram-me ordens específicas para não permitir visitas e o menino Jungkook não disse nada sobre uma colega da faculdade. — O quê?! Pensei em quem seriam os tais "senhores da casa". Era do conhecimento geral na comunidade bruxa que os pais do Jungkook não estavam vivos. Talvez os avós? Ou os pais do Jimin e do Taehyung? O mais provável era que alguém que tivesse dado à luz o Jimin tivesse aquele tipo de comportamento.

Antes que ela batesse a porta na minha cara, coloquei a mão no meio, impedindo que ela a fechasse.
Doeu o suficiente para embaciar a minha visão por uns segundos, mas não perdi tempo à espera que ela apertasse mais a porta e estendi mais a mão para lhe tocar no braço nu.

— Sinto muito. Eu preciso mesmo de o ver. — murmurei enquanto deixava a magia fluir de mim para ela.

Apesar de a magia não exigir contacto, o toque facilitava feitiços mais complexos, como aquele que estava a fazer.

— Eu sou colega do Jungkook e vim fazer um trabalho com ele. Não há nada com que se preocupar. — a cor dos seus olhos alternou entre diferentes tons antes de regressar à original.

Ela abriu um sorriso e eu tive que desviar o olhar e baixar a cabeça. Não a conseguia encarar depois daquilo que tinha feito.

Eu tinha mesmo acabado de usar magia para controlar uma pessoa?!

— Entre menina. O Jungkook está no quarto dele. Eu levo-a até lá. — não quis dizer que sabia onde era o quarto, então segui-la em silêncio.

— Aquele é o quarto do menino Jungkook. Sinta-se à vontade. — ela apontou para a porta, sorrindo uma última vez antes de se virar para sair.

Apesar de estar para além das minhas capacidades "sentir-me à vontade", como ela tinha dito, tentei empurrar o acontecido para um cantinho da minha mente e avancei para a porta.

Bati duas vezes e encostei-me mais à porta, tentando captar qualquer som.

— Jungkook...? — chamei o nome dele, à espera de uma resposta que não veio.

Abri a porta apenas o suficiente para espreitar para dentro. Nem sinal do Jungkook.

Se ficasse ali fora à espera dele o mais provável era cruzar-me com alguém da sua família, o que certamente não seria muito agradável, considerando o que a empregada me tinha dito sobre as visitas.
Ignorando completamente os valores que me tinham ensinado, entrei no quarto do Jungkook.
Assustei-me quando percebi que aquilo se estava a tornar um hábito... Aquela seria a última vez.