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>> Mia

Não vi a minha mãe entrar no quarto, com todas as cobertas sobre a cabeça, mas já sabia que era ela.
Passos pesados seguidos de miados. A minha mãe era a única pessoa que o Brad Kitt seguia pela casa.

— Já são nove horas. Não tens aulas? — a cama afundou quando ela se sentou.

— Ainda estou com gripe mãe. — forcei uma voz rouca, tentando tornar a minha desculpa mais credível.

— Essa gripe tem nome? Talvez um corpo de modelo e um sorriso arrebatador? — ela questionou em tom irónico.

É claro que ela sabia.

— Ele é meu. — resmunguei perante todos aqueles elogios, enquanto descobria o rosto e me sentava.

Mas o rosto dela estava sério, percebi, enquanto ela demorava o seu olhar nos meus olhos inchados.

— O que é que se passa querida?

Abri a boca para responder, mas o meu lábio inferior começou a tremer compulsivamente, ameaçando uma nova vaga de choro.

— Acabou mãe. — sussurei, com medo que algo de mal acontecesse se falasse demasiado alto. 

— Gostavas mesmo dele, não era?

— Importa? — questionei desviando o olhar para as minhas mãos, que agora estavam entre as dela.

— Porque é que não importaria?

— Porque não foi o suficiente para o fazer ficar.

— Oh querida...

O meu coração doía, tudo doía.

— Sou eu, mãe? É por minha causa que as pessoas vão sempre embora?

Ela puxou-me para o colo dela no mesmo momento, embalando-me.

— O teu valor não diminui só porque um idiota qualquer não o consegue ver. — ela deu palmadinhas nas minhas costas, consolando-me. — E ele nem era assim tão bonito... — acabei por soltar uma risada fraca, era uma mentira descarada pelo meu próprio bem.

— Adoro-te mãe.

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Faltar à faculdade por falta de coragem para o encarar acabou por se revelar totalmente desnecessário, porque no dia seguinte ele não estava lá. Nem no seguinte, nem no seguinte...

Ele queria evitar-me assim tanto? Provavelmente não suportava sequer olhar para a minha cara sem se sentir repugnado. Ou talvez alguma coisa se estivesse a passar e ele não pudesse vir à faculdade... O meu estômago embrulhou-se perante qualquer uma das perspetivas.

Estava a sair do campus quando avistei um rosto conhecido a alguns metros.


Ele passou por mim sem me prestar atenção. Por uma vez, não senti como se fosse uma ofensa pessoal, já que ele fazia o mesmo a todos os outros estudantes, demasiado concentrado na sua própria existência.

Em troca, eu posso contar-lhe como o fizeste apaixonar-se por ti com uma poção de amor. Vamos ver quem tem mais a perder.

Custava-me a acreditar que alguém pudesse ir assim tão longe só para prejudicar outra. Mas ele tinha contado à Jessie sobre a poção. Daí até contar ao primo era um passo muito pequeno.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐏𝐎𝐓𝐈𝐎𝐍↪𝘫𝘫𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora