Epílogo

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Aviso: esse capítulo fala sobre um assunto sério de maneira bem mais explicita que os outros, se você não se sente confortável com isso, não leia.


Julho de 2018. Fazia um ano e meio desde o segundo dia trágico daquele grupo de amigos. E depois de, de longe, ver Soonyoung caindo gradualmente da altura, contrastando com as belas cores da alvorada, Jisoo nunca mais se perdoou. O sentimento de impotência que ele sentiu naquele momento foi avassalador. Ele gritou. Mas o Kwon nem ouviu. Distante do acontecido, o americano caiu de joelhos soluçando. Seu coração gritava, assim como ele gritou. Jogado no chão, o celular de seu amigo. O pegou e sem conseguir falar, ligou para o primeiro número que apareceu ali.

- A gente tava muito preocupado, Soonyoung. O que você tava pensa- Junhui atendeu brincalhão mas logo parou ao perceber que não era o mesmo do outro lado da linha. - Jisoo...?

A única resposta que recebeu foi o som do soluçar solitário naquele início de manhã. Pelo telefone, o Hong ouviu o amigo chorar. Como lidar com a dor de perder duas pessoas em três meses? Ainda chorando, Jisoo pediu para que Jun ligasse para a ambulância, bombeiros, polícia ou sei lá o que resolveria isso.

Quando Junhui começava a se acalmar, o celular foi tirado da sua mão. Jisoo não sabia quanto tempo demorara para isso acontecer, mas parecia ter sido uma eternidade. 

- Jisoo?

- Sungcheol?- Respondeu se acalmando.

- Respira fundo, tá. Daqui a pouco a gente chega ai.-Falou com confiança, preocupado com o estado do outro. Nisso, Jisoo decidiu, ainda ajoelhado no chão morno, olhar para baixo. Ele dormia tranquilamente lá em baixo, imóvel. E por um segundo, ele jurou tem visto Jihoon abaixado ao seu lado, segurando em sua mão. E assim, a calmaria que havia atingido o garoto se esvaiu, ele voltou a chorar descontroladamente, soluçando alto. Ouviu o amigo do outro lado da linha chamar pelo seu nome, mas tirou o celular da orelha e esterrou o rosto nas mãos. Pouco tempo depois sentiu uma mão no seu ombro. Era um grupo de meninas que passava por ali. Assim que tentaram se comunicar com Jisoo, ele puxou uma delas para perto e indicou para fora da ponte. Assim como é de se esperar, elas se assustaram, mas logo ligaram para as autoridades.

Em poucos minutos a polícia, bombeiros e ambulância estavam ali. Duas daquelas garotas tentavam acalmar o americano. Ele tinha os olhos inchados e a sua cabeça doía. Ele fechou os olhos e quando os abriu, viu Seungkwan o olhando com pena. Ele olhou para os lados e viu os seus amigos, alguns olhavam para baixo da ponte, outros conversavam com as autoridades, todos movidos pela causa. Sem demora, ele se jogou nos braços do amigo, o apertando com força. Era um pedido de socorro. Seu coração estava em pedaços.

Quando dirigiu o olhar a Seungcheol, que olhava para o pano branco sobre o corpo, no fundo da ponte, ele pode avistar duas figuras. As duas tinham sangue em suas roupas que pareciam molhadas. Eles seguraram as mãos e olhavam para a cena lá em baixo assim como todo mundo. O mais baixo olhou na direção de Jisoo, o olhou por uns segundos e sorriu. Aquele sorriso doce que a três meses havia sido impossibilitado de ver. Esse mesmo se virou e foi em direção a saída da ponte mas não sem antes chamar o que ainda olhava lá para baixo. O americano pode ver eles discutindo por uns segundos, antes do menos bater o pé no chão e ir embora em passos lentos. O mais alto, ainda encostado na mureta, dirigiu o seu olhar para o menino que começava a chorar novamente. Ele sorriu, fazendo seus olhos sumirem no rosto. Ainda debulhando em lágrimas, Jisoo sorriu de volta, arrancando uma risada silenciosa da figura que o olhava. Desengonçadamente a figura balançou o braço no ar, se despedindo. Logo ele saiu correndo na mesma direção da figura menor, o pegando no colo e levando alguns tapas. Lentamente, Jisoo viu eles desaparecerem da sua vista.


Um ano e meio do acontecido. Diferente do que vocês poderiam ter imaginado no começo, Jisoo seguiu em frente. Seu coração ainda dói ao passar por perto daquela ponte, mas tem um sentimento que anula a sua tristeza. A felicidade de estar com os seus amigos que lhe apoiam. Depois do acontecido, o grupo que já era unido virou uma família. Eles prometeram que nunca iriam se deixam na mão e iriam dar apoio uns aos outros. E não, nem Jisoo nem nenhum dos outros esqueceu dos dois anjos devolvidos ao céu. Eles aprenderam a lidar com a perda. cada um deles, naquele dia fatídico, enterrou um pedaço de si no fundo do rio. As vezes quando estão todos reunidos em uma festa ou comemoração, eles podem jurar ouvir os risos de Jihoon e Soonyoung ecoando pela casa e dando calafrios.

Naquele dia ele prometeu que mesmo com a tristeza ele nunca deixaria os amigos. Mas mesmo que Jisoo também fosse horrível com promessas, ele iria cumprir aquela.


Obrigada à quem leu até aqui. Essa fanfic significa muito para mim. Se quiserem, eu posso fazer um capítulo explicando o que me fez escrever ela dessa maneira.

Sea, desliga.

sad birthday to me;;ˢᵒᵒᶰʰᵒᵒᶰOnde histórias criam vida. Descubra agora