Orixás e Falangeiros

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           Muito se ouve falar sobre Orixás nos terreiros de candomblé e Umbanda. Existindo até uma certa “rixa” entre praticantes desses dois cultos. Alguns Candomblecistas dizem que a Umbanda seria inferior a sua religião de matriz africana, pois os umbandistas não 'recebem’ Orixá. 

E eles estão certos. Ao contrário do que algumas casas de umbanda podem pregar que lá 'recebem' sim Orixá, talvez por desconhecimento, talvez porque assim lhes foi passado. Mas alheia a essa disputa de quem pode mais ou quem é melhor, está a explicação simples e clara. 

Na umbanda trabalhamos com Falangeiros de Orixá. 

           Vou esmiuçar mais o assunto. 

**ORIXÁS - São centelhas da criação divina, são vibrações naturais do universo, que habitam o cosmos, trazendo para nós seus aspectos positivos ou negativos. Orixá é essência. É força.

O uso de uma palavra que significa “dono da cabeça” (Orixá = Ori (cabeça) + xá (dono/força) – Dono da cabeça, Força da cabeça –Luz da cabeça) mostra a relação existente entre o mundo e o indivíduo, entre o ambiente e os seres que nele habitam.

Os orixás são forças da natureza e criados por Olodumare (Deus). Nossos corpos têm, em sua constituição, todos os elementos naturais em diferentes proporções. Além dos espíritos amigos que se empenham em nossa vigilância e auxílio morais, contamos com um espírito da natureza, um Orixá pessoal que cuida do equilíbrio energético, físico e emocional de nossos corpos físicos.

**FALANGEIROS DE ORIXÁ - São espíritos que atingiram um alto grau de evolução. São representantes naturais dos Orixás e trazem consigo a mais pura vibração desses, bem como a sua vibração elementar. Esses falangeiros raramente falam. FALANGEIROS não são Orixás, mas sim a mais pura vibração da energia Orixá. 

**GUIAS ESPIRITUAIS - são espíritos que já tiveram sua encarnação na terra, são incorporantes e trabalham também sobre a vibração dos Orixás. São exemplos: Pretos velhos, caboclos, marinheiros, ibeijada etc

       Em síntese, na Umbanda trabalhamos com os falangeiros, que é a vibração pura de um orixá, mas não com o orixá propriamente dito. Algumas casas de Umbanda inclusive não trabalham com  saudações aos Orixás, pois não trabalham com Falangeiros, mas somente com os guias. 

É possível um filho de umbanda trabalhar com vários falangeiros de vários Orixás. Isso é perfeitamente normal, e depende da energia que ronda aquele médium, desde a sua centelha de criação, à sua vida atual e a seu processo pessoal momentâneo. 

É também possível alguns raros casos, ver mais de um falangeiro de um mesmo Orixá num mesmo médium, mas isso depende da missão pessoal de cada um. 

A linha de trabalho de cada médium de umbanda depende de sua evolução espiritual, de sua missão, e essa missão inclusive pode mudar ao longo da vida. 

            Falangeiros de Orixás ou simplesmente Falangeiros são os representantes diretos de cada Orixá.
Não são espíritos, mas sim a própria vibração do Orixá. Diferem-se dos capangueiros (como são chamados em algumas casas), ou guias/entidades estes sim, espíritos desencarnados, com luz e sabedoria que trabalham para determinado Orixá.

            Diferente do Candomblé, onde um Vodun, ou Inkisse, ou Orixá é Plantado no seu Ori, durante o recolhimento e a feitura de Orixá. A essência Orixá renasce com você durante o tempo do recolhimento, que na maioria das casas é de 21 dias. Lá o Yawô passa por diversos procedimentos e ensinamentos. O Yawô (iniciado) renasce com o Orixá que já veio acompanhando seu Ori. “Ori é Orixá, Orixá é Ori”

Diferente da Umbanda, que NÃO É UMA RELIGIÃO INICIÁTICA, no candomblé o ritual de iniciação, a feitura no santo, representa um renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele receberá inclusive um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé.

Ainda segundo o Candomblé, é comum ouvir os termos “Bolar", ou "cair no santo", é indício da necessidade da futura iniciação. Geralmente acontece quando a pessoa participa de um "toque" e o orixá a incorpora, ainda no estado que os adeptos denominam de "bruto" (ainda não assentado ou "feito"). Bolar, aparentemente, é como desmaiar. Mas o orixá está ali. Tomou a cabeça de seu filho, mesmo contra a vontade deste, cobrando sua iniciação. A "bolação" geralmente acontece enquanto as pessoas cantam e dançam para os orixás, sendo significativa, para a identificação do orixá ao qual a pessoa pertence, a divindade para a qual se cantava quando a pessoa bolou.

Diferente da Umbanda onde os chamados Pai e Mãe de cabeça são conhecidos com o tempo. Muitas vezes, na umbanda, é comum “não acertar” de início o seu orixá de frente, uma vez que nesta religião, como já expliquei, lidamos com seus falangeiros, e um mesmo médium pode trabalhar com vários falangeiros de irradiações diferentes. 

A UNICA FORMA DE SE DESCOBRIR QUEM É SEU ORIXÁ é no candomblé através do Oráculo de Ifá (jogo de búzios)

E na umbanda é através dos desenvolvimentos e processos na casa de umbanda. 

Algumas entidades costumam até dizer de quem esta ou aquela pessoa é filho, porém, naquele momento a pessoa pode estar vibrando para um determinado Orixá, mas este não ser seu Orixá de frente, então é preciso ter cautela.

Jogos de cartas, signos, data de nascimento, arquétipos nada disso pode determinar quem é seu Orixá de frente. 

Tenham cuidado com estas informações. 

Uma vez que muitos médiuns de umbanda acabam tomados pelo Animismo, Ao “ter certeza” que é filho de certo Orixá, ou possui determinada entidade, que foi lhe falado em algum lugar. 

O fato de você, como médium, TER algum orixá ou entidade, não significa que você vai “virar” ou “receber”. 

Giseli Lemos

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⏰ Última atualização: Jan 30, 2020 ⏰

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