Dedico uma madrugada do meu verão de 2020 para descrever-me. Digitando em um celular ultrapassado e danificado por pura falta de cuidado, olheiras quase tão escuras quanto a cor do esmalte que descasca em minhas unhas, com os cabelos molhados e a causadora não sendo a chuva que cai em meu quintal e sim a que percorre o mesmo caminho das minhas perturbações que passeando por todo meu corpo chegam a ponta dos meus pés e se perdem em meio ao ralo do meu box. Há tantas coisas em mim que não consigo explicar porém sigo tentando e nessas tentativas que vou virando noites e noites encontrando rostos de pessoas que me permito renomear de cicatrizes, algumas rasas e outras tão fundas e tão intensas quanto a dor que me causaram. Apesar dos pesares consigo sobreviver a todo esse caos, afinal... eu sou ele.