Aquele sobre carros, amor e política.

Capítulo único

Han queria saber quando seu namorado voltaria. Luke era chamado "o Skywalker mais centrado", e comparado a Leia, a líder da emergente e inevitável revolução, ou a Anakin, o presidente alvo da revolução (Han tinha que gravar o nome), era muito fácil ser o mais centrado.

Luke não aprovava as ações do pai, mas não era o ativista que as pessoas queriam. Leia era. E gostava daquilo. De gritar a plenos pulmões nas praças, e às vezes, na TV, que Anakin traiu Padmé e seus ideais com seus planos para acabar com a democracia no país.

Obi-Wan Kenobi fez bem em tirar os gêmeos do pai quando nasceram. Anakin os teria criado como sucessores apenas, sem um pingo de compaixão. Han não imaginava Luke, tão gentil e amável, condenando pessoas que não declarassem amor e devoção à sua família.

Luke cresceu nas fazendas de Tatooine, um estado grande e pobre. Sonhava em ir para a capital. Quando descobriu que o homem por trás da máscara assustadora era seu pai, e que ele mandou matar assassinar Owen e Beru, os tios que o criaram, praticamente obrigou Kenobi a levá-lo para a cidade.

A caminhonete quebrou na estrada, e então, Han e Luke se conheceram. Depois de meia hora na oficina lutando para que a Millenium Falcon pegasse, Han foi apanhá-los e dirigiu até o antigo apartamento de Kenobi. O velho era um passageiro dos mais exigentes, não queria passar pelas vias principais, nem que corresse muito.

"Para não chamar atenção", disse.

"Escuta, vovô, eu sei que é um jipe barulhento, mas é cinza, igual a 80% dos carros desta cidade."

"Que seja", resmungou, virando-se para a janela.

"Ele é sempre rabugento assim?", perguntou Han com um sorriso para o garoto sentado no carona.

"Só nos dias bons, e quando está com fome, então... É, quase sempre."

Compartilharam uma risada. Kenobi apenas revirou os olhos e soltou um longo suspiro. Ao chegarem, deu a Luke um cartão com seu número pessoal, dizendo para ligar se precisasse de um motorista. Kenobi jogou duas malas nos braços do garoto e mandou apressar-se.

"Tchau" disse Luke. Soou triste, mas entusiasmado.

"Até mais", Han sorriu e deu a partida. "Trago a caminhonete até quarta-feira", prometeu a Kenobi.

Retornou à oficina, onde encontrou Chewbacca, seu sócio e melhor amigo cutucando as entranhas da caminhonete.

"Como está indo aí?", Han bateu a porta da Falcon.

"Desafiador. De onde esse carro veio? Tem areia por todo lado."

"Das fazendas, eu acho. Esse escapamento está castigado."

"Difícil é achar algo que não esteja castigado. Até os bancos estão acabados."

"Serviço completo... disse que levaria o carro na quarta, mas assim não vai dar."

"Duas semanas, no mínimo. Isso se trabalharmos em tempo integral."

"Mãos à obra, então", alcançou uma chave de fenda e parafusos. "Como foi o protesto?"

"Normal, com cartazes e gritos. Poe achou que era hora de quebrarmos vidraças da prefeitura, mas Finn o fez calar a boca."

"Usando a própria, imagino."

Chewie soltou a risada anasalada e coçou a barba castanha. O cabelo de mesma cor estava amarrado com um elástico de dinheiro. Bonito, tudo nele era musculoso, desde o pescoço até as canelas. Poderia ser um ótimo lutador, se não fosse apaixonado por automóveis.