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Anna.

Meu despertador tocava todos os dias às seis e meia. Eu gostava de preparar o café-da-manhã pra ele.

- uau, que cheiro bom!

Arthur desceu as escadas com seu look despojado de trabalho, afinal, publicitários raramente precisavam usar terno e gravata.

Enquanto ele caminhava na minha direção eu me deslumbrava com seu jeito, seu cabelo negro e desarrumado, seus dentes perfeitos e seu cheiro inigualável. Casei com ele por diversos motivos, mas o maior deles era a admiração.

Arthur sempre foi um cara muito inteligente, risonho, carinhoso e amigo. Nos conhecemos na faculdade, no segundo ano de Publicidade. Assim que nos formamos ele me pediu em casamento. Foi simples e lindo, do jeito que sonhamos. Nossa família e nossos melhores amigos estavam lá e não havia quem dissesse que não tínhamos nascido um pro outro.

- bom dia! - falei dando o meu melhor sorriso

Ele se aproximou mais e beijou meus cabelos.

- bom dia! que fome! - exclamou

- posso fazer panquecas também, quer?

- não, está ótimo assim, além disso, não posso me atrasar, tenho reunião.

Arthur trabalhava em uma agência de publicidade muito conceituada em Manhattan e seu cargo era de Diretor. Ele sempre deu o sangue pela agência e por isso cresceu tanto em tão pouco tempo.

Já eu não consegui trabalho quando me formei e Arthur me convenceu a ficar em casa por um tempo. No começo não concordei, mas o tempo foi passando e cada vez ficou mais difícil conseguir alguma coisa.

Tornei-me uma esposa "do lar". Eu me dedicava cem porcento à casa, ao Arthur e à pintura. Eu amava pintar. Mas apesar de estar realizada faltava uma realização: ser mãe.

Nós sempre falávamos em filho e se fosse pelo Arthur já teríamos uns três. Na verdade, eu preferi esperar, afinal, éramos jovens e eu amava minha vida de casada e à dois.

- bom, eu preciso ir. O café estava ótimo, te amo. - ele completou a frase e saiu

Arrumei toda a cozinha e coloquei meu avental pra concluir mais uma pintura. Tudo o que eu pintava era sobre o amor e o que eu estava sentindo no momento. Minha amiga Ruth sempre dizia que eu pintava muito romance e que dava enjoo nela.

E por falar nela...

- alô?

- Anna, o que tá fazendo? Preciso da sua ajuda!

Ela parecia um tanto desesperada.

- terminei de pintar agora, mas... o que aconteceu?

- sabe o Carlos? aquele cretino!

Eu ri.

- ele não era cretino até ontem... sei... o que houve?

- ele tá saindo com outra! e eu descobri pelo Instagram, você acredita!?

- como descobriu?

- nós estávamos juntos e eu sem querer vi a senha do celular dele. Daí quando ele foi no banheiro eu acessei o celular e entrei no Instagram porque eu sabia que tinha algo de errado!

- mas o que tinha lá?

- mensagens Anna! Mensagens com uma vagabunda que eu nem sei quem é!

- Ruth, vocês estão a pouco tempo juntos, vai ver que é coisa antiga.

- Anna, pelo amor de Deus nas mensagens aparece a DATA!

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