O parque

Em Kanazawa, capital de Ishikawa, uma província do Japão, era época de ano novo. O prefeito, como de costume, abria o parque de diversões para todos por um preço mais baixo que o normal. Coincidentemente, era comum ver uma garotinha rondando o parque nesse dia específico, nos quatro últimos anos. A garota, assim como as roupas, estava suja, parecia não ter um lar.. Pais... Ninguém... Mas estava lá. Ela apenas, olhava, sem nunca brincar em atração alguma, apenas encarando todos com uma expressão triste. Muitos já se ofereceram para pagar um brinquedo ou alimento para a criança comer, mas parece que essas coisas nunca a interessaram.

Voltando quatro anos e alguns meses, no mesmo lugar, temos a imagem de uma chácara abandonada. O lugar aparenta estar já destruído, como se ninguém mais vivesse ali há muito tempo. A história se inicia com uma garotinha chegando na entrada do local, adentrando calma e vagarosamente. A garota se mostra cautelosa no local. Com uma voz baixa, ela chama:
-T-Tem alguém aí? - A pequena garota gaguejava de nervoso. Então, criando coragem, ela repete, mas em um tom mais alto. - Tem alguém aí?!
-O que você está fazendo aqui, garotinha? - Um homem de voz grossa aparece atrás da garota. Ele possuía um casaco de pele preso apenas por seus ombros, portava um leque que usava para esconder sua face do nariz para baixo e unhas pretas e longas. Sua pele era pálida e cabelo preto. Com o leque aberto a frente de sua face, ele repetia. - O que você está está fazendo aqui? Eu lhe fiz uma pergunta!

Assustada com o homem que aparecera do nada e com seu tom de voz, a garota corria em direção ao local que usara para entrar. Enquanto corria, ela olhava para trás, mas logo o homem já tinha sumido de sua vista. Quase na saída, ainda olhando para trás, a garota se bate em alguém e cai no chão, sentada. A garota passa a mão em seu bumbum enquanto geme de dor. Logo a mesma olha para frente e vê uma mulher. Ela possui um longo cabelo branco, usa batom azul bem claro e um manto branco e azul de mesmo tom. A coisa mais chamativa na moça eram seus brincos transparentes em forma de floco de neve.
-Oh, pequena. Me desculpe, eu não tinha te visto. Você está bem? - Ela pergunta realmente preocupada, abaixada para ver melhor a garota. - Se machucou?
-N-Não, eu estou bem...
-Quem é você? Ainda não tinha te visto aqui.
-Miyuki. Meu nome é Miyuki. - Miyuki dizia com uma voz baixa, tímida.
-Miyuki... Seu nome é lindo. Seu cabelo também. Longo, tão macio... essa cor clara de castanho também.
-Obrigada...
-O que você faz aqui, Miyuki?
-Eu... Fugi do orfanato onde vivia... Eles não gostavam de mim por lá. Estou procurando onde viver agora.
-E então esse foi o melhor lugar que achou para se esconder... Tudo bem, Miyuki. Se quiser, você pode ficar por aqui.
-Não... Não! Não, por favor! Eu quero ir embora.
-Mas... Você não queria ficar aqui?
-Um homem. Um homem assustador apareceu
-Um homem... Assustador?
-Sim! Ele tinha unhas pretas grandes, cabelo preto, era alto e tinha uma voz muito grossa...
-A-Ah... Esse homem... - A moça gargalha - Não se preocupe, pequenina... Ele não é mau, só não sabe lidar bem com crianças... - A mulher, com luvas brancas as quais Miyuki não houvera notado, põe sua mão esquerda no queixo da garota e a encara. - Me escuta bem, pequenina. Pode ficar aqui, eu cuidarei de você e impedirei que alguém faça algo contra ti. Tudo bem? Você pode confiar no que eu lhe digo?

Miyuki jamais confiara em alguém antes, mas na situação em que estava, não tinha muito a perder, então ela apenas assente vagarosamente com a cabeça e desvia o olhar para baixo, com um pouco de vergonha do olhar penetrante da moça.
-Aliás, não me apresentei... - A moça põe a mão em frente a boca e ri de leve - Meu nome é Yuki. Prazer. Agora vamos. Eu vou te apresentar aos outros.

Yuki se levanta e estende a mão para que a garota a segure. Assim que feito, a mesma leva Miyuki para conhecer o local e apresentar aos outros moradores de lá. Após um rápido tour, Yuki leva a nova moradora para a sala.
-Já está dando a hora do almoço, eles á devem aparecer. Pode se sentar aqui, pequena.