Nosso último adeus - Naruhina

7

No mesmo dia pela manhã, estávamos tomando sorvete próximos à praia quando notei Naruto desconfortável. Eu queria muito perguntar o que ele queria me dizer antes de Sasuke nos interromper, mas tinha medo da resposta. A voz em meu subconsciente me dizia que coisa boa não devia ser. E eu era covarde demais para bater de frente com a verdade. Mas, como a vida é uma merda, a verdade veio de encontro comigo e foi naquela mesma manhã, pela boca do garoto que eu estava gostando mais do que deveria.

- Hina, precisamos conversar. - Iniciou receoso. - Na real, preciso te contar uma coisa importante...

E foi ali, em Suna, que meu castelinho de cartas começou a ruir, aquela viagem mudaria para sempre a minha vida. Eu só não podia dizer que seria para melhor.

- Eu estou morrendo - Sua voz me tirou do transe no qual me encontrava, pegando-me desprevenida.

Fiquei em choque, paralisada, absorvendo aquelas palavras. Escrutinei seu rosto em busca de algum traço de humor e não havia nada. Sua expressão era serena, mas seus olhos carregavam aquela mesma sombra negra que notei ontem, quando desligou o telefone. Naruto parecia mergulhado em algum tipo de escuridão e eu sentia que não podia alcançá-lo.

- O-o que? - Finalmente consegui formular algo, mas minha voz soou fraca, trêmula. - Você tá brincando comigo? Que piada sem graça é essa? - Tentei empregar um pouco de segurança em meu timbre, só que não foi de grande ajuda.

- Nunca falei tão sério na vida. - Confirmou, olhando nos meus olhos - Mas, tudo bem, assim fica mais fácil pra você, não precisará encontrar uma desculpa ridícula para terminar comigo quando seus amigos te pressionarem a isso, por você namorar com um inválido. - Suas palavras saíram afiadas em direção ao meu coração.

Arfei sem conseguir entender, ele ouviu minha conversa com Kiba e Shino?

- Não é o que está pensando. - Tentei explicar, mas Naruto me cortou bruscamente.

- Tá tudo bem, Hinata. De verdade. Não precisa explicar seus motivos pra mim, eu não sou idiota. Só pareço às vezes, sabe como é. - E deu um sorriso de escárnio. - Não era como se eu esperasse que casássemos e morássemos em uma casinha com um lindo jardim e cerca branca, tivéssemos um casal de filhos e um cachorro com o nome de Kurama. Eu sabia que era só isso mesmo. - Deu de ombros e, nesse momento, eu tive raiva do Naruto.

Muita raiva.

- Por que está fazendo isso? - Novamente minha voz soou estrangulada.

Meu peito doía e eu não conseguia respirar direito.

- Só estou falando que tudo bem você me dar um chute por causa dos seus amigos, eu vou morrer mesmo. Pode ficar tranquila. - Cuspiu às últimas palavras e eu me levantei num impulso.

- Você é um otário! - Gritei, chamando a atenção das pessoas ao nosso redor. - É um otário se pensa que eu terminaria com você depois de tudo o que aconteceu entre nós naquele quarto, depois dessa viagem. E é mais otário ainda por fazer esse tipo de piada macabra com sua própria vida. É um otário quando age desse jeito comigo, sabendo que eu te amo. Você é o maior otário de todos os tempos, Naruto! Você me trouxe nessa viagem de merda pra fazer isso comigo, eu jamais irei te perdoar. - Despejei, eu tremia muito e minhas pernas ameaçavam ceder. Mas forcei-as a permanecerem me sustentando um pouco mais. Depois eu poderia me deixar cair, chorar, sofrer, mas agora não. Não na frente dele. - Se você quer tanto que eu termine com você, vou realizar seu desejo. Acabou. - E com isso eu me esquivei da cadeira que me segurava naquele lugar.

Dei uma última olhadela para o garoto que eu já não mais conhecia e ele sequer olhava pra mim. Parecia não se importar ou estar imerso em tristeza, não conseguia decifrá-lo. No entanto, ao vislumbrar um pequeno sorriso debochado em seus lábios, a centelha de esperança que eu nutria de que aquilo fosse uma brincadeira de muito mal gosto se foi, e meu coração trincou um pouco mais. Eu não entendia, por que ele agiu assim comigo?