Reencontro

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Bem, descobri. Me des cobri. Estive escondida, por um tempo. Bom, um bom tempo. Percebo que tive medo. Nesse momento, soltei um riso de canto, um tanto quanto irônico. Afinal, jamais pensaria eu que tive medo de sentir. Não de fato em sentir, mas havia um bloqueio. Uma frieza. Ah, ali estava o medo. Medo de sofrer. Medo de doer. O tempo passa rápido, não? Dias, meses, anos... A ponto de olhar para trás e enxergar a escuridão. Como pude eu, fugir de mim? Ah, eu corri. Algumas vezes, lentamente. Não quis ver. Grandioso, estúpido medo de sofrer! E quanto sofri. Pois digo, da pior maneira: não vi. Ceguei-me. Não estou dizendo sobre a beleza de assistir o próprio sofrimento. Foi mais fácil encarar de outra perspectiva. Vejo como uma mala de viagem, pois bem, ela antes e após. Minha viagem, talvez. A arrumo, organizo, roupas dobradas, separadamente em cores. Pois que seja, de qualquer forma. O retorno é uma mistura completa, não cabe. Não fecha. Um amontoado de sentimentos. Me preparei para a constante viagem do autocuidado. E perdi-me, no meio do caminho. Posso dizer, talvez, que pensei estar voltando. Acontece que a vida não retorna, é uma passagem eterna de ida. E ficamos nos martirizando, remoendo mágoas antigas. Levamos, sim, muitas coisas. A bagagem é enorme! Que a organizemos como uma longa viagem, então. A cada passo, a cada segundo. Podemos até parar, mas se há uma dádiva digna que se honra o ato belo em viver, cá está: jamais podemos voltar. Perdi-me no exato momento o qual parei de olhar. E novamente, a mala acumulou-se. Sentimentos que não eram de fato meus. Parece até belo, dessa forma, encarar o sofrimento. Não?

Perspectivas do sentirWhere stories live. Discover now