If I Stay

Crash

- Já chega, Lauren! - Gritei com ela, já não podia suportá-la falando daquele assunto nem sequer mais um segundo, eu estava farta, cansada e irritada. Por quê ela não me deixava seguir em frente? Ela prefere estragar por completo a nossa amizade, o que na verdade, nunca mais foi a mesma depois que... - Eu não quero mais falar sobre isso, eu já superei, você deveria fazer o mesmo, ao invés de ficar correndo atrás de mim, chega! - Não era verdade, mas e daí? Eu estou tentando, por quê ela não pode tentar também?

- Camz, por favor, vamos conversar... Eu preciso falar sobre isso, não tenho paz desde que...

- Não diga! - A interrompi, no fundo eu sabia que, se continuássemos com aquilo, aquela conversa, acabaria como da última vez, e eu não queria me machucar novamente, não com ela. - Eu não quero mais ouvir uma só palavra, eu não quero, Lauren. Por favor, será que você não consegue entender? Eu estou feliz, me deixe em paz, por favor - Minha voz falhou, e mais uma vez eu estava mentindo. Meu coração errou uma batida e então senti ele perder a cor, acho que depois do que aconteceu, ele nunca mais bateu até então. Senti tontura, e cambaleei para trás - Camz, você está bem? - Escutei ela dizer e senti mãos em minhas costas, me segurando. Um arrepio percorreu minha espinha, e lá estava eu de novo, hipnotizada por seus toques, voltei bruscamente do transe emocional que ela me envolvia quando se aproximava, a olhei fundo nos olhos, e assim ficamos por alguns poucos segundos, me desprendi de suas mãos e fui em direção a porta, afinal, estávamos no camarim, tínhamos acabado de voltar do show.

- Por quê você é assim? Por quê nega tudo quando eu sei o que sente? - Virei espantada, mas não deixei ela perceber, fiz cara de indignada, e cheguei perto o bastante para encarar seus penetrantes olhos verdes, claro que eu tive medo, mas meu orgulho falou mais alto

- Sabe por quê eu sou assim, Lauren? - Minha voz ainda insistia em pronunciar seu nome como se fosse o mel mais doce que eu já provara - Sabe por quê eu me comporto assim quando estou perto de você? - Ela continuou calada, me encarando com ternura - Você me deixou assim, você me faz te querer longe, mesmo quando... - Vacilei, abaixei a cabeça, tentando segurar as lágrimas - Você lembra como tudo terminou? - Voltei a encará-la, meu olhos marejados encarando os seus, pisquei e uma lágrima caiu sem querer, logo vi seu corpo deslizar pela parede, a cabeça fitando o teto, as mãos descansavam nos joelhos. Eu continuei intacta, fitando o chão

- Eu não queria que tivesse sido como foi, eu não queria que tudo terminasse, você sabe, Camila, você estava lá o tempo todo! - Sua voz falhava hora ou outra, ver aquilo me doeu, mas eu não entendia nada, eu queria entender mas ela não me deixava, então minha voz mudou drasticamente, e minha cabeça deu voltas

- Mas então por quê, Lauren? Por quê tudo isso? Você acaba comigo e depois me quer de volta como se eu fosse um cachorro, eu não me importava com mais nada que não fosse você, eu demonstrava isso todos os dias, e você jogou tudo fora sem me dar nenhuma explicação... - Seus olhos fecharam, eu esperei por uma resposta, eu ainda tinha esperanças que tudo fosse resolvido, mas ela não deu sinal de vida, só ficou ali, parada. E eu deixei a mágoa entrar e agir - Se estamos aqui, a culpa é sua, você fez tudo isso, a culpa é sua! - Cuspia palavras e ela não me retrucava - Sabe, Lauren, agora eu vejo o erro que tudo isso foi, todas as vezes em que meu corpo me traiu, eu te amei. Mas você nunca me deixaria amá-la sem culpa e medo algum, e é por isso que estamos aqui, se não quiser me dar uma resposta, eu não ligo, eu quero que você vá se ferrar e que me deixe em paz, a mim, ao Austin, e que me deixe ser feliz, eu não me importo mais - Mais lágrimas rolavam por meu rosto, eu não as contive, peguei meu carro e saí por aí. Chovia forte, e a cada trovão eu corria mais, se não fosse por um estúpido caminhão na minha frente eu correria mais ainda.

Meus olhos e estavam embaçados com as lágrimas, tirei uma mão do volante para me livrar delas, e foi a última coisa que vi, o caminhão na minha frente simplesmente virou de lado e capotou, eu freei bruscamente, mas a pista estava escorregadia. Imagens dela apareceram na minha mente, e cacos de vidro voavam na minha direção, cobri o rosto com as mãos, sentindo algo pontudo invadir meu tronco, não senti mais nada.