Estou deitada no tapete de meu quarto gemendo de dor, raramente eu sinto as benditas cólicas menstruais mas quando eu sinto é com a força total. Já faz mais ou menos quarenta minutos que eu estou toda encolhida na mesma posição mas parece que não está adiantando de nada, a sensação que eu tenho é que as facadas foram bem mais sutis do que essa cólica. Eu nunca senti tanta dor. Decido chamar Susan para me ajudar, estico a mão para pegar o celular e esse simples gesto me faz ter mais dor, abafo um gritinho e disco o número dela para fazer uma ligação, a chamada é enviada para a caixa postal. Entro no WhatsApp e mando a seguinte mensagem.
" Quando ver isso, venha ao meu quarto. Estou com muita dor e não consigo levantar."
Largo o telefone e fecho os olhos tentando lembrar de momentos felizes e histórias de livros para me distrair. Ainda estou de olhos fechados quando a porta é aberta bruscamente. Olho assustada pra porta e vejo meu irmão entrando preocupado.
- Vidya, o que você tem?- pergunta se ajoelhando no tapete.
- Cólica menstrual.- falei com dificuldade.- Nunca veio tão forte.
- O que eu faço?
- Me ajuda a levantar, eu preciso trocar de roupa e ir para o hospital.
- Você acha que eu posso te pegar no colo e colocar na cama?
- Pode.- falei me segurando em seus ombros. Ele me pegou no colo e colocou na cama com cuidado, estava com muita dor.- Pega no meu closet dois shorts molinhos e escuros, uma regata preta e na segunda gaveta atrás da porta tem uma nécessaire branca com vermelho, pega ela também.
- Já volto.- ele foi para o meu closet e eu tirei a camiseta que estava usando ficando somente com um top de exercícios.- Aqui.- falou me entregando as roupas.- trouxe esse chinelo mais confortável também.
- Obrigada maninho, você é demais.- falei com uma careta de dor. Ele me ajudou a colocar a regata e eu coloquei um calção de exercícios por cima da cueca feminina. - pega a minha bolsa e tira tudo de dentro.- falei apontando para uma bolsa beje em cima da mesa de estudos. Ele abriu a bolada e virou em cima da cama sacudindo um pouco.
- Meu Deus, Vidya. Você carrega o seu quarto nessa bolsa e um monte de lixo?
- Shhi, essa é a minha bolsa do descaso. Normalmente ela ficava no meu carro.
- Você tem carro?
- E motorista. Agora coloca as coisa que você trouxe pra mim na bolsa e verifica se na minha carteira estão os meus documentos.- falei pressionando uma almofada na barriga.
- Tá faltando cartão e identidade.
- Estão na capinha do celular. Pega ele no chão e o carregador alí na tomada.
- Tudo pronto. Mais alguma coisa?
- Tá de carro?
- Não, de moto.
- Pega um carro lá em baixo e me leva para o hospital.
- Claro, vamos descer. Vem.- estendeu os braços pra me pegar.
- Eu vou andar. É perigoso demais você descer as escadas comigo no colo.
- Como quiser.- ele me ajudou a levantar e fomos o caminho até o carro em silêncio.- Está doendo muito?
- O que você acha?- perguntei sem paciência.
- Oscilação de humor. Isso não é um bom sinal.
- Cala a boca.- falei um pouco irritada.
- Quer uma música? Tenho bombons nessa caixinha.- ele apontou para a caixa vermelha na minha frente.
- Não quero nada. Eu tô com dor. Quero dormir mas essa dor não permite. Desculpa se eu fui grossa, eu não consigo controlar.
- Tudo bem, já conheci meninas que fizeram muito pior. Chegamos.
- Que bom. A dor está aliviando e eu sinto pontadas fortes.- falei vendo ele sair do carro. Fez a volta e abriu a minha porta enquanto eu tirava o cinto.- Ficou lindo com essa bolsa.
- Só você pra brincar em uma situação assim, é igual ao nosso pai.
- Alguém tem que descontrair esse clima.
- Vamos, se apoia em mim.- e assim fomos para dentro do hospital. Assim que entramos fomos atendidos por uma enfermeira que estava sentada conversando com a recepcionista.
- Boa noite, qual a emergência?
- Boa noite, eu estou com cólicas menstruais muito intensas e não estava conseguindo me mover faz alguns minutos, a dor vai e vem e cada vez que ela volta é mais forte.
- Quantos minutos desde a última cólica?
- Quinze.
- Me acompanhe até o consultório da doutora Simons.- ela caminhou até o elevador e apertou o botão para o terceiro andar. Indio e eu entramos. Chegamos ao terceiro andar e a seguimos até a terceira porta no corredor. Ela bateu na porta e enfiou a cabeça.- oi, temos uma paciente com fortes cólicas.
- Mande entrar.
- Podem entrar, estou indo.
- Obrigada.- falei entrando na sala.- Boa noite Doutora Simons.
- Boa noite, sente aqui.- ela indicou a maca.- poderia esperar lá fora? Tenho que examiná-la.- Índio me olhou perguntando o que fazer.
- Tudo bem, pode ir.
- Desculpe pedir que seu namorado saia mas são as regras do hospital. Você sabe o que tem? Gravidez? Endometriose?
- O que? Não. O rapaz que acabou de sair é meu irmão, você não tem tido muito tempo para assistir televisão ou olhar as redes sociais, não é?
- Não, esse mês tem sido uma loucura. Eu perdi muita coisa?
- Até que não.
- Já tem ficha médica aqui?
- Não, me mudei para LA faz pouquíssimo tempo.
- Documentos, por favor.
- A bolsa está com meu irmão, no corredor.- falei sentindo a cólica voltar aos poucos.
- Você tem seus dados decorados?
- Tenho.
- Nome?
- Vidya Melissa Falconer Downey.
- É sério?
- Prefere meus documentos?
- Desculpe, só fiquei surpresa.
- Tudo bem, eu também fiquei.
- Data de nascimento?
- vinte e seis de março de dois mil e dois.
- Nome dos pais?
- Robert Jhon Downey Jr e Deborah Elizabeth Falconer.
- Alguma alergia?
- Frutos do mar e pimenta.
- Doenças?
- Bronquite asmática emocional e propensão a anemia. A dor está ficando forte novamente.
- Vou te levar para um quanto e aplicar um remédio ótimo para cólica
- Obrigada.
Fui levada para um quarto e me deram três comprimidos que aliviaram a minha dor e me apagaram.
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I am a Downey
Teen FictionMelissa, uma menina nada meiga e delicada, faixa marrom em judô, atriz mirim, está no segundo ano do ensino médio, adora cozinhar, tem um restaurante de sucesso em seu nome, os pratos mais pedidos do cardápio são os que ela mesma cria, fã dos vingad...