E.M.Y.L.I

Aprendiz? Eu?

   Acordo em um pequeno quarto, desconhecido da minha parte. Suas paredes eram um azul tão claro que me dava uma sensação de paz. Me sento na cama, ainda tonta e tento me lembrar de alguma coisa antes de acordar nesse lugar. Consigo lembrar-me do bracelete, da senhora, de tudo, solto um longo suspiro involuntário e olho meu braço, o bracelete não estava ali, percebo a pequena caixa brilhante em uma cômoda, a caixa estava com um bilhete em cima de si. Pego o bilhete e o abro, logo lendo aquilo escrito com uma bela letra. 

"Querida Emyli:

Estarei te esperando na loja assim que acordar, até

Ass: Claire"

   Não sei o motivo, mas eu sorrio para o papel em minhas mãos, talvez pelo simples motivo de ter descoberto o nome daquele senhora de aparência agradável, ou talvez pelo motivo de eu saber que era ela quem tinha deixado aquele pequeno aviso na cômoda, eu estava um pouco aliviada por saber onde estava e quem tinha me deixado naquela cama. 

   Guardo o bilhete e o bracelete em minha bolsa que também estava naquele mesmo quarto tão pequeno. Assim como dizia o bilhete, eu apenas desci as escadas, quando vi já estava naquela mesma loja de antes. Havia percebido algo estranho sobre aquela loja, algo que era tão profundo para uma menina como eu perceber, mas mesmo assim eu acabei percebendo... A loja era como nós, isso mesmo, nós os humanos, quer dizer, apenas alguns... Tão estranha e assombrosa por fora, mas por dentro tão bem cuidada, muito aconchegante e que deixaria qualquer um encantado com a sua beleza. Acho que o verdadeiro motivo dessa loja não ter falido é pelo simples fato que as pessoas curiosas e que sabem dar chances para algo virão aqui, ou eu esteja apenas "viajando na maionese", bom, deixando isso de lado...  

     Observo Senhora Claire atendendo uma jovem que estava com um sorriso muito bonito em seu rosto, me aproximo das duas, cumprimentando-as.

- Olá - Digo com uma certa insegurança de ganhar um belo vácuo

- Oi - A menina de sorriso radiante dirige seu olhar para mim e retribuo com um pequeno sorriso tímido

- Emyli, querida... Essa é Rachel, minha melhor atendente. Espero que vocês se dêem muito bem - Senhora Claire nos deixa ali sozinhas, começamos a conversar sobre diversos assuntos. 

    Descobri várias coisas sobre Rachel, quando ela começou a trabalhar ali, qual a sua idade, suas músicas e comidas favoritas, conversamos por horas, até eu mesma perceber que já estava tarde e eu tinha que voltar para casa, se não minha mãe nunca mais me deixaria sair na minha vida todinha (Se isso já não fosse acontecer).

   

        No outro dia, sem muito ânimo fui para  a escola, mas me animei ao me lembrar que iria ver ele... Ele? bom, outra vez eu lhe contarei quem é ele.  No caminho para casa, avisei minha mãe que iria passar na casa de uma amiga. O que não é mentira, já que Senhora Claire é minha amiga e mora lá, naquela lojinha. 

    Quando cheguei lá, Senhora Claire me entregou um uniforme parecido com o da Rachel, mas em tons prateados. Ela me disse para me vestir que iria ser sua nova contratada, tentei contestas, mas ela me disse que não adiantaria nada. E não adiantou.

    Quando meu turno e de Rachel havia acabado, Sra. Claire nos chamou até sua salinha, onde a mesma estava séria. 

- Meninas... Vocês devem estar se perguntando o por quê de estarem aqui. E nesse momento, eu gostaria que voltassem a se lembrar do meu presente as duas, O bracelete - Ela me olha. 

- E claro, seu Anel, Rachel. Eu vou explicar a vocês desde o começo, então não me interrompam. Desde muito tempo, muito, muito tempo mesmo. Haviam povos, os que controlavam a magia e os que não controlavam. Esses povos eram amigos e se ajudavam entre si, porém um dia, um Zero, que é como chamavam os sem poderes mágicos, se revoltou contra os Feiticeiros e fez com que todos os Zeros odiassem aos Feiticeiros. Isso provocou uma grande guerra e a vitória foi dos Zeros, pois os Feiticeiros não queriam brigar com eles, os Feiticeiros amavam os Zeros. Então a raça de Feiticeiros foi praticamente extinta. Um dia, uma jovem Feiticeira resolveu que eles voltariam a ter um reino, ter uma rainha, um rei... Mas ela era a única Feiticeira que estava com uma grande força de vontade. Ela uniu forças com um Feiticeiro Ferreiro Mágico, ele era responsável para criar objetos e os dois fazerem uma magia tão forte para conseguir fazer qualquer Zero ser tão poderoso. Esses objetos foram entregues a alguns Feiticeiros de confiança dos dois e quando algum outro perigo invadisse o reino eram para ser distribuídos entre os Zeros que passassem nos testes. Esses Zeros eram para serem escolhidos com calma e ordem e é o que tem acontecido. Os Zeros mais gentis, mas fortes de alma e principalmente aquele em que o objeto dado brilhar tão forte para cegar, então estes serão os salvadores dos inimigos. 

- Tá, mas o que tudo isso tem haver com os nossos presentes? - Falei sem entender nada e escuto uma risada alta vindo de Rachel.

- Você é lerda demais! É claro que nós humanos somos os Zeros e a Senhora Claire é a vovó das estórias! - Rachel diz, ainda com um ar risonho. Olho para a Sra. Claire que estava com as sombrancelhas juntas, claramente indicando um sinal de irritação e indignação de nossa parte.

- Tenha dó! Meninas, o que eu quero dizer com tudo isso é que  vocês foram escolhidas para serem as minhas novas Aprendizes, Aprendizes de Feiticeira, eu serei aquela em que vocês irão se apoiar e fazer perguntas idiotas.

-AH SIM, AGORA FAZ SENTIDO - Tinha dito alto demais sem perceber - PERA! QUE?! - Gritei ainda mais, se é que era possível, e agora as duas estavam me olhando com raiva e com as mãos no ouvido, engoli em seco. Agora tudo estava acabado.

Narrador P.O.V 

   A jovem Emyli mal sabia na confusão que estava por vir, nos amigos que iriam surgir, nas magias que iria fazer, em tudo que iria acontecer. E se você, que está lendo, acha que agora está bom, saiba que pode ficar melhor, pois essa é uma estória de uma guerreira, uma bruxa que enfrenta os problemas reais e tudo aquilo que aparece em seu caminho. E.M.Y.L.I não é apenas um conto para crianças dormirem. É a vida real.