Algum tempo passa e continuamos a trabalhar, um dia de cada vez sem nunca falar sobre o que aconteceu no banheiro aquele dia. Mesma na academia ele tem aparecido para os treinos, mas percebi que evita as sérias comigo.
Eu resolvo deixar as coisas como estão, já que ele é meu chefe fora daqui e claro que Armando tem o direito de treinar com quem quer e como quer. Mesmo que eu sinta uma fisgada, de algo escuro e feio, claramente com ciume por ele ter me trocado, eu sou a melhor lutadora aqui treinar comigo não é para qualquer um.
Mas ainda assim, ele está me evitando.
Saio com minhas amigas do Mar das Deusas e bebemos um pouco, meu único momento sem pensar em coisas sérias do trabalho, da academia e do meu chefe me evitando. Elas sabem que tem alguma coisa me incomodando e estão quase morrendo de curiosidade de saber, mas não posso falar nada principalmente porque isso pode levar elas a descobrirem que eu luto e causar ainda mais problemas.
-Você está estranha desde aquele dia que saiu correndo para o banheiro! - Grita uma as minhas amigas, a Rita.
Ela é baixinha e toda cheia de curvas com descendência latina e toda espalhafatosa, nunca passa desapercebida e sempre fala alto como agora. Mesmo com a musica alta do barzinho a voz dela é nítida e clara.
-Eu não estou escondendo nada! - Tento gritar de volta e bebo meu drinque.
-Mentirosa! - Dessa vez foi a Lívia, ela é quase o oposto da Rita, sempre quieta e seria invisível se não fosse quase tão alta quanto eu e com a pele negra e perfeita que ela tem.
Eu só reviro os olhos e continuo a beber, olho para a pista e vejo Silmara dançando com um cara aleatório e resolvo dançar também. Melhor do que continuar com esse interrogatório estranho. Danço um pouco e despreocupada, sozinha com minha bebida. Eu e as meninas adoramos vir aqui, mesmo sendo um bar também tem uma pista de dança grande e já conhecemos boa parte do pessoal que frequenta o lugar.
Alguém se aproxima por trás de mim e eu me viro, é uma mulher que sempre vem aqui também e já até bebeu com a gente. Ela tem um namorado ciumento que não gosta de ver ela dançando com outros caras e mesmo assim não dança com ela, só fica olhando do bar vigiando.
Só sobra para ela dançar com outras mulheres e como já estamos acostumadas já entro no ritmo e danço com ela, sempre é interessante dançar com uma mulher é sexy e bonito. Eu particularmente acho que o namorado dela gosta de ver ela com outras mulheres e tem algum desejo secreto de ficar com duas mulheres.
Ficamos mais ousadas e sei que a bebida tem culpa nisso, depois de um tempo percebo que tem muita gente assistindo os movimentos que a gente faz e descido que a hora de para chegou. Sinalizo para ela que estou cansada e volto a sentar com minhas amigas.
Todas estão sentadas, bebendo e conversando. Karen, Vivian e Regina que ainda não tinham chegado já estão lá e com cada uma com uma bebida. Elas me olham sugestivamente e já sei que os comentários estão a caminho.
-Olhaaa - Karen começa.
-Amiga você é lésbica? - Rita perguntou, totalmente embriagada. Ela naturalmente gritou a pergunta e todos ouviram claramente o que ela disse.
Eu só aceno negando com a cabeça, pelo vexame que ela está me fazendo passar.
-Acho que já deu de álcool para você hoje! - Digo tirando o copo da mão dela.
-Minha bebida não tem nada a ver com isso! - Ela grita e tenta beber enquanto eu puxo o copo, ela claramente perde a batalha e fica de bico para mim.
-Eu só fiz uma pergunta caramba! Que mal tem? Eu não ligo se você prefere buceta a uma boa piroca! - Ela mais uma vez grita e começa a rir sozinha sem mais nem menos.
Eu olho preocupada até que ela solta.
-Piroca! -E volta a rir - Eu sai com um cara que tinha um pintinho tão pequeno... - ela fala com a voz embargada e confusa, erguendo o dedinho da mão para enfatizar o tamanho.
-Já chega! Vou chamar um táxi para você agora mesmo! - Vivian diz, já chamando um táxi. Ela é a mais velha e não curte essas conversas cheias de sacanagem, principalmente porque quando começa só piora.
Elas começam a reclamar e a encher o saco para ficarem, eu me canso delas e vou até o bar pegar uma água, enquanto espero olho em volta e percebo que no canto em uma das mesas está ninguém mais, ninguém menos que meu chefe.
Armando me olha profundamente e acena muito suavemente com a cabeça, eu devolvo o gesto e pego minha água, volto a ficar com minhas amigas e tento ignorar que ele está aqui. Até cogitei em ir falar com ele, mas como o cara tem me evitado eu também vou evitar ele, não vou ceder primeiro se nem sei o motivo desse afastamento dele.
O fato de que eu não quero ir falar com ele não parece fazer diferença para minhas amigas, principalmente quando Rita levanta e percebe que Armando está no bar.
-Olha! É o chefinho! - Ela fala gritando e apontando para ele.
Todas se viram e veem ele ali, até sinto pena do pobre homem, já que uma coisa é conviver com o Mar das Deusas no trabalho onde elas são discretas e fazem o trabalho, agora em um bar e bêbadas é outraaaaa história.
Silmara que sempre é mais atirada levanta pronta para ir até ele, mas eu a puxo sem nem perceber que fiz isso. Solto ela e deixo que ela siga junto com as outras que também levantaram e foram falar com ele.
Pobre homem, se eu não estivesse chateada por ele estar me evitando até ficaria com mais pena dele e ajudaria, mas agora quero ver como ele vai se virar com elas.
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Nocauteando o amor - PAUSADA
RomanceRosa Rodrigues é a única mulher na família de lutadores profissionais, seja qual for a modalidade existe um Rodrigues que é capaz de ser o melhor. Ela sempre lutou pelo seu lugar não apenas na vida, mas também no ringue onde todos a chamam de Destr...