Entrada impactante

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   Coringa, eu era o Coringa. A carta mais poderosa do baralho. A que iria derrotar a força cintilante, e deixar orgulhoso o Imperador Nogo.
   Para deixar a minha presença marcada na vida de três idiotas, chamados: Brooha, Ulric e Brute. Eu deveria fazer a minha entrada impactante! Um pequeno truque na manga que alguém havia me ensinado. Afinal, mesmo os mais poderosos tiveram alguém para ensiná-los algo.
   Mico, um jogo de cartas. Bastava uma pequena fração do meu poder e... pronto!
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   -Que droga! O coringa de novo não!- reclama Brute, parecendo um bebê ogro à fazer birra.
   Aparentemente havia se passado tempo o suficiente. Estava na minha vez de jogar.
   Com um pequeno estalo da ponta dos meus dedos, a carta do coringa começou a brilhar. Óbvio que não podia faltar o meu pequeno discurso. Primeiro uma risada bem forçada. Em seguida:
-Surpresos? Não fiquem!
-Ahn? Quem está aí?- Ulric se exaltou. Depois foi a minha vez de fazer um trocadilho sem graça.
-Vocês não são os únicos coringas por aqui!- a carta começou a brilhar cada vez mais forte.
-O que está acontecendo?!- Ulric que segurava a carta com toda certeza ficaria mais surpreso.
E advinha! Eu, E-U, sai de dentro da carta. (Claro, tal ato é um tanto estranho. Entrar dentro de uma carta e sair dela não é nem um pouco confortável.)
Aqueles três bobões fizeram as caras mais engraçadas que já vi em toda minha vida. Com muita força de vontade consegui segurar a gargalhada.
-Rascal? Quem te convidou?-Ulric rosnou entre seus dentes semicerrados. Logo, os três já estavam em pé. Como o ótimo coringa que eu sou, não podia deixar de responder com uma reverência simples, completamente debochada. E, o meu sorriso obscuro de sempre.
-Ninguém! Mas, estou certo que foi um equívoco. Então me digam, caros gênios do mal. Que tipo de plano brilhante vocês estão bolando?- uma escolha de palavras afiadas. Óbvio que eles não tinham nenhum plano brilhante.
-E desde quando temos que contar os nossos planos? Seu enxerido!- Ulric disse em uma tentativa de se esquivar da pergunta. E ao mesmo tempo me ofender. Isso não me incomodou nem um pouco. O que me irritou de verdade, foi o fato dele ter a audácia de apontar o seu dedo, com aquela unha preta enorme, para mim! Como ele ousava?! Eu não podia deixar transparecer, então continuei com o mesmo sorriso. Tentei esconder o máximo que pude.
-Nós vamos destruir a força cintilante!- Brooha finalmente se pronunciou. Eu nem me importei com suas palavras. Meu foco estava em Ulric e seu sorriso convencido.
Depois da fala de Brooha, aparentemente os três resolveram fazer um discursinho completando a fala um do outro.
-E trazer tristeza e escuridão à humanidade!- Ulric complementou. E, ainda levou sua pata meio humana acinzentada para perto de seu rosto e quase a fechou em punho. Para quê? Eu também não entendi. Provavelmente para enfatizar sua fala.
-Sugar a energia negativa deles!- foi a vez de Brute complementar. Fazendo um gesto parecido com o que Ulric tinha feito. Mas, fechando completamente a mão. Deveria ser algum tipo de símbolo que eles utilizavam entre si ou algo do tipo.
-E libertar o imperador Nogo do feitiço da rainha! E garantir um final infeliz pra todo planeta Terra!- A fala retornou para Brooha que se exaltou um pouco demais e acabou gritando. Também esticou e balançou os braços em sinal de felicidade.
Ahh! Agora eu havia entendido. Aquele era o plano deles. Sinceramente, era um plano incrivelmente tosco. Mas, é melhor guardar isso para mim, e julgar eles de um jeito mais sútil.
Comecei a rodopiar e falar ao mesmo tempo.
Rodopiar era bem fácil graças a minha roupa. Um macacão branco que cobria o corpo inteiro. Quando ele chegava a um palmo abaixo da virilha, a cor mudava. Em vez de branco, o tecido ganhava uma faixa vermelha em cada perna, e, em baixo dessa faixa, o tecido era da cor roxa. As minhas vestes lembravam muito um coringa.
Tinha algo roxo em volta do meu pescoço que descia até o cotovelo. Com dois cintos avermelhados em volta. Um bem na área do pescoço, e o outro um pouco abaixo dos ombros. Era o que eu chamaria de colete...? Mas, não era exatamente isso. Eu também utilizava um cinto amarelo. E para finalizar o look, um par de botas pretas pontudas.
-Oh! É tão emocionante que mau posso esperar! Brilhante! Simplesmente brilhante!- eu rodopiava enquanto mentia. Mentiras e mais mentiras. Então parei.
- Mas... vocês vão tentar só com o planeta Terra? Na-Na-Não!- nesse instante balancei o dedo fazendo sinal de negativo para enfatizar o "não". Com um pouco de magia, em minha outra mão, criei um holograma do planeta Terra.- Onde está a ambição de vocês? Por que não um final infeliz para todo o universo?- Esse era o jeito mais sútil e eficaz de dar um toque neles. Do jeito que eram idiotas não entenderiam se explicasse de outra maneira.
Agora era a hora de dar uma "leve" bronca neles.

RascalOnde histórias criam vida. Descubra agora