Capítulo 1

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Mais um dia se passou e nada mudou. Vou ter que ir para a escola de qualquer forma e ter que aguentar toda aquela chatisse e falações sobre sapatos, festas e coisas vulgares que nem sempre me interessam.
A pior parte disso tudo é que está chovendo e todos sabem que a melhor coisa para se fazer quando está chovendo é ficar deitadinha na cama, debaixo do cobertor a ver filmes.
Levantei e tentei espantar toda aquela preguiça, mas foi em vão, ela já fazia parte de mim. A minha sorte era que meu melhor amigo ia estar lá.
Saí de casa e fiquei esperando o Harry aparecer. Nós sempre íamos para escola juntos.
Se passaram 20 minutos e nada dele aparecer.
25 minutos...
30...
40...
Comecei a ficar preocupada. Ele nunca se atrasa tanto, mas preferi ir para escola e depois eu falava com ele. Talvez ele tenha apenas dormido demais.
Peguei minhas coisas e dei um "Olá!" ao martírio de todos os dias.
Meus olhos fixaram nele. Harry Styles estava num grupo com várias pessoas da turma dele, sem mim!
Ninguém sabe o quanto isso me machucou, o quanto isso me feriu. Ele não passou lá em casa por quê? Pra vir e ficar com os amiguinhos. Eu não o sensuro, mas podia ter dito que não queria sair comigo em vez de me deixar feita idiota em casa esperando por ele. Mas tenho certeza que meus pensamentos devem estar errados e ele apenas se distraiu.
Fiquei olhando mais algum tempo de longe, até que ele me olhou de volta. Parou de sorrir. Parecia que só tinha eu e ele na escola, mas do nada tudo voltou ao normal. Ele me ignorou e voltou a brincar com os amigos.
O que está acontecendo? O que meu amigo está fazendo? Por que está fazendo isso comigo?
Talvez não seja necessário tanto drama. Às vezes ele só está... só está... não, não há explicação pra isso, sinceramente.
O sinal tocou na hora certa... eu só precisava me desligar desses pensamentos e assistir algumas aulas. Ele voltaria a falar comigo, eu tenho a certeza.
O que é melhor do que uma aula de matemática? A minha cama.
A aula parecia passar tão depressa que quando percebi já estava tocando pra sair. O destino queria mesmo que eu continuasse a pensar nele.
Não que eu não tivesse amigos na escola, mas eu sempre estava com o Harry e como ele parece que não quer falar comigo eu vou ter que me virar.
Foi acabar de pensar nisso pra alguém me chamar.
-Anny!
Virei-me e foi como se o meu mundo tivesse voltado. Era o meu bebê. Um sorriso tomou meus lábios e meus olhos voltaram a brilhar.
-Oi, Hazza! – Eu disse entusiasmada
-Shiiiuu! Não me chama assim, as pessoas podem ouvir – Ele dizia enquanto olhava para os lados como se tivesse se escondendo.
-O que tá acontecendo com vc? Vc nunca se importou com isso
-Mas agora eu me importo, e é por isso que eu preciso falar uma coisa séria com vc
Eu olhei pra ele e vi que ele não era o meu bebê que eu sempre conheci.
-É que... vc sabe... - Ele tentou começar
Eu dei um passo pra trás e o olhei mais fixamente, um pouco confusa.
-Vc tem 13 anos e eu já tenho 15
-Eu sei que vc é mais velho que eu, Hazza! Tá quase idoso. Eu sei que vou ter que cuidar de vc quando vc envelhecer... - Fui interrompida
-PARA COM ISSO, ANNY! DEIXA DE SER CRIANÇA, VÊ SE CRESCE! – Agora ele gritava comigo
Eu o olhei assustada, já não sabia o que fazer. Ele nunca tinha gritado comigo dessa forma.
-Harry... - Eu tentei falar
-HARRY NADA!! Eu não quero mais andar com vc, nem falar com vc, eu simplesmente quero seguir a minha vida sem ter uma criança pra tomar conta – Ele continuava
-Mas... - Eu olhei pro lado já com o rosto triste e vi os amigos dele olhando pra nós dois. Eles sorriam
-Não há mais nada pra dizer. Vc entendeu o recado. Não fala mais comigo, não me olha, não me toca, não me dirige a palavra... só te peço isso. Será que a criança consegue fazer isso?
-Deixa eu só te dizer uma coisa. – Eu comecei a dizer
Ele olhou pra mim com uma cara sarcástica.
-Vc vai se arrepender de tudo isso que vc está fazendo e seus amigos não serão tão bons quanto eu. Eles não farão vc feliz da forma como eu te faço feliz. – Eu disse olhando dentro dos olhos dele e saí.
Fui pro lugar que mais me trazia lembranças de nós dois juntos. O Parque!

Como não pensar nele? Eu nem sei o motivo dele estar assim comigo. Mas juro que se ele aparecesse aqui agora e me pedisse desculpas eu o perdoava, pq amor de amigo é enorme. No entanto, eu sei que ele não vai fazer isso.

Eu não posso negar que eu amo ele. Tudo foi tão rápido. Ele sempre esteve lá quando eu precisei, nunca se importou com a minha idade, nem com o meu tamanho, nem se eu tivesse com catapora.
"Sinto falta de tudo que fazíamos
Sou metade de um coração sem você"
Mas o que tá acontecendo agora?
Ele me odeia? Por que?
Ele costumava dizer que eu era a letra maiúscula do nome dele (Harry), sim, a letra H. Sabe pq ele dizia isso? Pq os nomes têm que começar todos com a letra maiúscula, senão fica errado e ele dizia que eu era isso pq sem eu na vida dele ele já não fazia sentido, ele andaria todo errado.
Mas parece que agora ele pensa de forma diferente.
O que me deixa mais triste é que ele sabe de tudo o que eu estou passando, de todas as minhas angústias.
Minha mãe morreu há um mês e eu nunca conheci meu pai. Moro agora com a minha tia Nina. Ela é muito especial pra mim, ela que me apoia, ela me ama como se fosse a filha biológica dela.
E me admira o fato de o Harry saber disso tudo e ainda ter coragem de me magoar. Mas bem que minha mãe dizia pra tomar cuidado, pq nem todo mundo é o que realmente parece. Eu me decepcionei com ele.
Mas... como eu faço pra seguir em frente?
Fiquei mais um tempo apreciando algumas crianças que já estavam pra brincar no parque, levantei-me e fui embora pra casa. Era o melhor que eu tinha a fazer agora era esfriar as ideias.
Enquanto andava na rua vi alguns cartazes sobre um concurso de música, The X-factor. Vi muitas pessoas entusiasmadas a fazerem as inscrições para o tal programa. O Harry e o poderíamos nos inscrever juntos...
PARA!! Vc não pode ficar pensando em quem não te quer por perto, mas os verdadeiros amigos têm que estar por perto mesmo que o outro não queira. Só que ele parece estar muito bem cercado de amigos, por isso eu não quero me meter.
Continuei andando e uma visão incrível da London Eye tomou toda a minha atenção:
É realmente linda, contagiante, romântica. E nesse fim de tarde fica mais linda ainda.

-Tia, cheguei! – Disse entrando em casa
Fechei a porta e não ouvi mais nada. Nem passos, nem televisão ligada, nem pratos sendo lavados... aquela casa estava vazia. Totalmente vazia. Sem sinal de uma alma viva, exceto eu.
Subi pro meu quarto e passei 30 minutos lá dentro a arrumar a minha bagunça, quando escuto a porta a fechar-se.
-Tia?
Fez-se silêncio.
Descia escada com todo o cuidado pra não alarmar quem quer que fosse que tinha entrado em casa.
Cheguei ao final da escada e minha tia estava sentada no sofá, à minha frente, de cabeça baixa.
-Tia? A senhora tá bem?
Ela levantou a cabeça e encarou a televisão à sua frente. Foi então que percebi lágrimas a rolarem pelo seu rosto pálido.
Caminhei vagarosamente na sua direção e sentei-me ao lado dela e a abracei.
Eu não fazia ideia do que tinha acontecido, mas parece que o dia pra nós duas não correu muito bem.
-Minha querida, eu te amo tanto! – Ela disse e me abraçou.
Desabou a chorar no meu ombro.
-A senhora está me assustando. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.
Minha garganta começou a fechar-se... eu iria começar a chorar também.
Não consigo vê-la chorar. Ela é como se fosse minha mãe.
-Desculpa! – Ela estava em prantos, mas já tentava se recompor.
Ficamos mais cinco minutos assim abraçadas a espera que ela melhorasse.
Aos poucos ela voltou ao normal e nos separamos.
-Anny, eu tenho uma coisa ruim pra te dizer.

Você e euWhere stories live. Discover now