Capítulo 1: Dia 1 - O Pássaro RosaUntitled Part 1

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Após 10 anos da criação do primeiro sol artificial. A nossa estrela solar natural entrou em caos, causando diversas explosões radioativas em 2112. Após cinquenta porcento da população ser dizimada, os cientistas tiveram a ideia de criar um Sol que entraria em equilíbrio no sistema solar, uma estrela com inteligência, criado a partir de um novo elemento químico denominado Sunz. Uma esfera quimicamente mágica, capaz de absorver o hidrogênio em excesso e criar uma espécie de aurora boreal de fogo entre os dois. Sentado em um dos maiores prédios de Éden, olhar os dois sóis se comunicando é uma das visões mais belas. A criação do universo com a criação humana, um espetáculo estelar.

Nunca gostei de usar roupas enquanto relaxava e na cobertura do Golden Phoenix nunca havia uma alma, se tornou meu lar favorito para ver o crepúsculo totalmente nu. O local era divido em dois grandes edifícios, com sua arquitetura toda planejada para ser as maiores asas vistas pela humanidade. Se olhasse entre os dois durante um período maior que dez segundos, toda cidade sumia e apenas as duas imensidões douradas eram visualizadas, passando a sensação de estar no céu, entre as nuvens.

Segundo meus desenhos, o Sol II estava cada dia mais baixo, uma diferença de centímetros a olho nu, mas ainda perceptível para quem tentava reproduzir a cena diariamente. Algo que me preocupava, mas que soava como um lunático ao tentar explicar. A questão era se os cientistas ignoravam a situação ou estavam tão preocupados quanto eu. Talvez uma terceira opção, onde seria algo planejado, mas soaria conspiração.

Após o calor desaparecer e o frio da escuridão tomar conta, era hora de iniciar o trabalho. Meu primeiro dia como oficial xerife da cidade de Éden. Desde 2100 a lei "Espada da Proteção" definiu que toda cidade deveria ter um responsável pela ordem e lei. A lei definida é simples...eu sou a lei. Em outras palavras, a palavra do xerife na cidade era incontestável, assim como seus atos.

Com o pé direito chutei minhas vestimentas para cair do prédio e logo em seguida pulei queda livre, vestindo cada peça enquanto meu corpo se chocava contra o ar. Vestido, deslizei uma das mãos no vidro, para encostar meu corpo nas bordas das janelas, uma tarefa não muito fácil quando o local possui 333 andares, mas era a maneira mais rápida para encontrar Rick, Markus e Flávius, que estariam me esperando em um minuto. Ao encostar o pé no chão, em frente da enorme escadaria de entrada do Golden Phoenix, lá estavam eles me esperando.

- Está um segundo atrasado Sr.Paul - Flávius movia apenas o braço esquerdo, onde o pano de sua veste fazia um círculo no ar.

- Não tenho culpa que mesmo com o avanço tecnológico, os relógios são capazes de errar o tempo de rotação da terra - sorri apenas com um lado do rosto.

Flávius pronunciava cada palavra de maneira delicada. Mesmo tendo apenas 1,60m, parecia enorme. Isso devia a suas vestimentas. Os panos eram todos brancos, com diversas sobreposições em cortes triangulares. Parecia um mago, porém modernizado com tecidos brilhantes e impecáveis. Cada movimento fazia o ar brilhar. Com cabelo comprido, branco e preso. Um professor digno. Não tinha um dos braços, perdido em combate. Tudo soa mais doloroso quando tenta imaginar o braço sendo comida de um demônio evocado, possuidor de 87 dentes caninos. Ninguém sobreviveu além dele, todos mortos por mordidas. A tecnologia atual poderia reconstruir cada detalhe, mas preferiu substituir por uma espada com capacidade de vinte tiros por segundo ao mesmo tempo que cortara três membros de inimigos.

- Boa noite Paulo! - Com um sorriso impecável.

Ao lado direito estava Rick, mas não Markus. Sempre com o peito estufado para demonstrar o ótimo porte físico, com cabelos loiros e espetados como agulhas que desciam em corte moicano. Usava roupas como as de todos os soldados da Golden. Boa parte da vestimenta era preta, com panos sobrepostos e cortados para aparentar algumas amostras do braço e botas douradas enormes como as minhas. Na verdade sempre achei que os panos cortados em nossos uniformes eram para aparentar uma beleza durante as sangrentas batalhas.

Um som explosivo interrompeu nosso começo de conversa. Olhamos em direção do céu, onde uma luz em conjunto com uma espécie de poeria de metal estava cruzando da terra até o Sol II. Aquilo era surreal e sem dúvidas uma obra clandestina. Flávius não pensou duas vezes, correu em direção ao local de origem da luz. Olhei e disse para Rick, que estava com um sorriso empolgado, mas com lábios trêmulos:

- Torça pra não ser o que eu vi hoje cedo. De qualquer forma, saque sua espada, não será um dia de festa.

Saltei no topo do primeiro poste mais próximo, segurando com minha mão direita para que meu corpo rodasse e tivesse impulso para me arremessar até o próximo poste e assim por diante. Rick correu no centro da rua, tão habitual pra ele que tenho minhas certas dúvidas se algum dia não desviaria dos carros. Flávius não era mais avistado por nós, talvez já tinha chego ao local e resolvido todos os problemas e poderíamos tomar tequilas em comemoração.

Próximo do local havia surgido uma muralha, com apenas uma entrada, algo que não exista a exatos 24 horas. Cercado de homens armados e mirando em nossas cabeças. A guerra iria começar. Puxei duas facas da minha cintura e atirei contra dois soldados, arte que nunca falhava e dois corpos tombados na hora. Em minhas costas, virada com a ponta da lâmina para o alto, diferenciando do tradicional, puxei pelo cabo localizado perto a minha perna esquerda a espada de 3m de comprimento por 0,6m de largura e me protegi rapidamente dos tiros até chegar perto dos outros dois homens. Dessa vez, duas cabeças a menos. O quinto homem fiquei com dó, parecia uma criança trêmula, então apenas acertei o cabo em sua testa, mas o suficiente para desmaiá-lo. Pude ver Rick arremessando diretamente de seu pé a bota de 10 quilos na cabeça de um rebelde que fugia. Não podíamos perder mais tempo eliminando capangas e Rick sabia disso, dando cobertura para que eu corresse no centro do local até a torre que emitia a luz.

Chegando ao centro, uma torre com 90 metros e inclinada em 75 graus era responsável pela emissão. Observei e concluí que a única maneira de chegar ao topo seria escalando externamente. Olhei para o alto e visualizei um objeto branco e vermelho descendo em alta velocidade, mas só consegui visualizar o que era após a colisão com o chão. Com o chão e o corpo todo destruído, Flávius não respirava mais. Meu corpo estremeceu, cai de joelhos como uma criança, pois não podia compreender como poderia ter acontecido. Me apoiando na espada, levantei meu corpo, olhei novamente a ponta do local emissor e saltei. Utilizei a espada para enfincar na parede e continuar impulsionando o corpo até o topo. Na última espada, fiz força suficiente para visualizar o chão do local e arremessei a espada o mais alto possível. Com minhas mãos invoquei uma esfera de proteção, formada pelo ar, mas densa o suficiente para aguentar o corte mais afiado do mundo durante alguns segundos.

Sem nenhuma recepção calorosa, a esfera levou 25 tiros em 3 segundos. Então estava em minha frente, o assassino de Flávius. Uma mulher, com cabelos brilhantes e rosa, orelhas e rabo de gato, com roupas em camadas de couro preto, magra e com uma bunda delicada e arrebitada, com um novo objetivo...me matar.

Não esperava que a esfera aguentasse muitos tiros, mas precisava. A criatura sorria de maneira irônica e continuava na tentativa de romper minha proteção a cada respiro. Fiquei congelado, ainda traumatizado com o que acabava de ver. Ela pulava em todas extremidades do local e os impactos eram sentidos até minha possível morte. Alguns segundos antes de arremessar minha espada o mais alto que pude, avistei a máquina que emitia a ligação até o Sol II. Faltando um último tiro para destruir a esfera, a mulher gritou:

- Últimas palavras do belo moço de cabelos negros? - Com a arma pronta para atirar.

- Claro meu pássaro rosa! Minhas aulas de matemática serão seu fracasso! - retribuindo o sorriso irônico.

Mesmo nas piores situações, meus cálculos nunca falhavam. Foi tiro e queda, minha espada desceu rasgando o céu, tempo suficiente apenas para o cabelo rosa olhar e perder o sorriso do rosto. A espada enfincou no centro da máquina causando uma explosão que jogou seu corpo para longe do prédio, em uma queda livre semelhante a de Flávius. A conexão entre a terra e o Sol desligou e eu, idiota como sempre, pulei em direção ao "pássaro rosa". Porém, antes peguei minha espada, assim garanti que meu corpo teria peso suficiente para alcançar uma velocidade superior ao corpo dela e segurá-la no ar. Grudei no corpo dela, sem querer nossos lábios se encostaram, me senti por um segundo pervertido. Com a situação de quase morte, a sensação foi esquecida e atirei a espada no chão. A multiplicação da minha força com o peso da espada e um pouco de mágica, criou uma força contrária formada de vento, que impactou em nossos corpos, fazendo-nos flutuar e capotarmos no chão sem o impacto que nos mataria.

A equipe da Golden Down chegou em questão de segundos. Deitado no chão, vendo a limpeza dos soldados, inúmeras perguntas começaram a rodar em minha mente: Por que Markus não estava junto com Rick? Quem era a criatura de cabelo rosa? Qual o objetivo de tentar derrubar o Sol II na Terra? . Que dia para minha nomeação como xerife...que dia

Zero SunzWhere stories live. Discover now