Único

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A bebida que Kayn me ofereceu desceu queimando minha garganta, e só não fiz uma careta apenas porque tinha um monte de gente que eu não conhecia me observando.

Eu estava sentado em um sofá junto com o grupinho dos populares, apenas porque Kayn me arrastou para ali. Não que Kayn fosse popular, mas como ele estava junto com Zed, que de fato era bem conhecido, ele ganhou aquele acesso especial.

Eu não gostava nada daquele grupinho de gente de nariz arrebitado, e gostava muito menos de festas como aquela. Pode apostar, beber em festas ao lado dos populares estava bem longe da minha zona de conforto.

— Gostou, Phel? — Kayn mostrou um sorriso inocente.

Shieda Kayn pode ser considerado o meu melhor amigo. Eu não era lá muito sociável, sendo Kayn a única pessoa que gosta da monotonia que é estar ao meu lado. Em partes, gosto da companhia dele. Em outras partes, odeio esse lado extrovertido dele que contrasta com minha personalidade introvertida.

Ele me arrasta para festas e aglomerações de gente que odeio e eu apenas deixo, sem ligar muito para as consequências.

— Hm. — Balancei o copo em minha mão, observando o líquido escorrer um pouco pela lateral do copo.

— Ei, estão vendo? — Katarina apontou para o meio da sala que servia como pista de dança. Sua voz estava alta, tentando sobrepor-se à música. — Dá para acreditar?

Acompanhei seu dedo estendido, tentando localizar algo fora do comum no meio de todas aquelas pessoas, mas falhei miseravelmente. Voltei o olhar para ela, que terminava de tascar um beijo na bochecha de Sett, que estava ao seu lado.

Sett era outro tipo de pessoa que eu não gostava nem um pouco. O típico cara brincalhão, sociável e ridiculamente bonito que sempre consegue ter todos aos seus pés. Este é o tipo que costuma causar mais problemas. 

Talvez seja minha homossexualidade falando mais alto que minha razão, mas por mais babaca que ele aparenta ser, eu tinha de admitir que olhar muito para Sett podia fazer borboletas dançarem no meu estômago.

Não que eu de fato tivesse alguma chance. E, acredito, sou profundamente agradecido por isso.

Apenas Sett, aquele que vive namorando e terminando com garotas praticamente duas vezes por mês, jamais teria interesse em um nerd introvertido e monótono como eu.

Sett pareceu surpreender-se com o beijo atrevido em sua bochecha, mas logo mostrou um sorriso animado. Em uma fração de segundo, ele desviou o olhar da ruiva para mim, que estava sentado de frente para ele.

Só de ser pego o olhando me fez recuar, desviando o olhar para Kayn, mas o bendito sumiu. O espaço do sofá ao meu lado estava vazio, e por mais que eu olhasse ao redor, eu não o encontrava em lugar algum.

Como a minha única desculpa de permanecer no grupinho de populares desapareceu, eu não tinha mais o por que de ficar ali. Mas antes que eu tentasse levantar, Rakan impediu-me, balançando outra garrafa na frente do meu rosto.

— Qual é, sadboy, fica aí com a gente!

— O Kayn foi se pegar com o Zed, aí ele ficou na mão. — gargalhou Fortune, provocando-me com o melhor de seus sorrisos.

Senti um leve rubor surgir na ponta de minhas orelhas, e isso só piorou quando notei Sett olhando para mim enquanto sorria. Devia me achar uma piada, algum tipo de figura esquisita vinda de alguma série tosca de comédia.

Rakan continuava balançando irritantemente a garrafa na minha frente, por isso eu a agarrei e pousei-a na mesinha de centro. Larguei meu copo por lá também.

Beijo SurpresaOnde histórias criam vida. Descubra agora