Capítulo 1 - Matem o Rei!

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                Eles estavam há mais de seis horas no carro. Marin dirigia há mais de 100km por hora, ele não precisava se preocupar se algum carro ia entrar na frente, já não havia mais nenhum carro que apresentasse o mínimo risco de colisão.

                Fazia muito tempo desde que tudo começou. Os quatro ainda não se conheciam como deveriam. O Brasil sempre foi um bom país para se morar, e ali, no norte e nordeste no país eles simplesmente ignoravam muitas das mazelas de violência que aconteciam no restante dele.

                Em algum dia o sol não veio. A maioria das pessoas dali dormiu mais do que deveria, mas o importante é que o sol não estava mais lá, assim como 80% da população do mundo. Muitos sumiram naquele dia e nenhum jamais voltou.

               "Julius fez isso". Essa é uma afirmação que eles tomam como verdade. O Rei Julius, o Rei dos Reis, ninguém realmente sabe quem ele é ou de onde ele vem. Light costumava pensar que era um nome espalhafatoso demais para vir de uma cidade pequena como a que ele morava.

                A noite sem fim não trouxe nada de bom. Todos os sinais de telefone e internet foram cortados, rádio era a única coisa que podia ainda ser usado. A maioria das pessoas sumiram, então grande parte dos processos industriais acabaram e como se não fosse suficiente, todo tipo de monstro passou a caçar e matar os humanos que não conseguiam se defender.

                O Esquadrão de Defesa Internacional (DEI) que tem como base a cidade de Manchester, na Inglaterra, começou a catalogar todos os monstros que apareciam. O DEI os dividiu em 5 classes principais: S, A, B, C e D, que era basicamente uma ordem de periculosidade que informava o quão rápido você deveria fugir se encontrasse um deles.

                Era isso pelo menos até o primeiro Genético. Num acidente a muito tempo antes da noite sem fim, foi descoberto que se mulheres gestantes injetarem fragmentos de DNA de algum monstro, a criança nasceria diferente. Pessoas adultas também poderiam passar pelo processo, mas a rejeição era muito maior.

                Os Genéticos eram divididos na mesma classe dos monstros que eles foram criados para combater. Os Guardiões protegiam as últimas cidades, os Sentinelas guardavam as fronteiras de pesquisa e seus prédios, que normalmente ficavam fora das cidades. Os Soldados eram o exército para busca de material e suprimentos. Os Caçadores eram quem iam atrás dos monstros para catalogar e capturar novas espécies.

                Os genéticos de Rank S, entretanto, só tinham um alvo, e por isso eles eram um grupo chamados de Kingslayers, ou Regicidas, como os garotos no carro gostavam de falar.

                Nenhum dos quatro havia nascido diferente. Todos eles lembravam da luz do sol que agora era um sonho. Anos para eles. Uma noite para os outros.

                Eles pararam o carro no meio do nada, quando o motor ficou em silêncio, a escuridão não era cortada por mais nada. Os olhos que ganharam os permitiam ver e ouvir muito melhor do que antes, então aquilo era fácil como deveria ser.

                O grupo estava há mais de seis meses sem ver qualquer cidade, a quantidade de comida e água estavam escassas e Light tinha quase certeza que um córrego corria no final daquele local.

                Não se sabe o que tinha sido ali antes, o Maranhão sempre teve partes das cidade que eram vazias, mas agora era só um grande matagal com chão coberto de lama que terminava em um pequeno córrego depois de um pouco mais de quatro quilômetros de caminhada.
O cheiro de monstros era tão real quanto a proximidade da morte.

- Devem ser gatos – Disse Marin, provavelmente o único que teve o olfato alterado com os genes.


- Gatos não oferecem perigo nem para os Guardiões, vou ficar por aqui - Disse Phantom - façam o trabalho duro, eu guardo o forte.

               Zero pegava as armas da parte de trás da caminhonete, ele normalmente viajava ali, por pura questão de gosto pessoal.

- Você vai sim - brigou Light - tá achando que aqui alguém é seu escravo?

               Zero sorriu.

- Não sei nem se é pior responder ou não responder.


- Eu concordo - Marin se afastou um pouco do agora trio.

               Apesar de tudo, eles tinham uma missão muito fácil. A única fácil, eles só precisavam encontrar, identificar, e matar o Rei. Com as armas prontas para saque, eles deram mais um passo no caminho do objetivo.

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