A três

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Sentada sobre uma árvore, Hinata tentava concentrar-se em sua meditação. Todavia, seu noivo - e por algumas horas, professor - parecia não estar levando aquilo tão a sério quanto deveria.

Desde que o noivado deles havia sido oficializado, com direito a um jantar pomposo realizado na residência do pai da noiva e tudo, sempre que tinham algum tempo livre - o que quase não acontecia, devido aos vários compromissos de ambos - Hinata e Naruto o passavam juntos, seja saindo em encontros pela Vila ou, como naquele momento, treinando.

Pelo menos era isso o que deveriam estar fazendo...

Naruto tinha dito que iria lhe ensinar um dos jutsus mais poderosos que tinha em seu arsenal. Na verdade, segundo ele, não era exatamente um jutsu, mas continuava sendo poderoso mesmo assim.

Um das condições para dominar o jutsu-que-não-é-exatamente-um-jutsu era o silêncio. Ela devia ficar o mais imóvel possível, apenas sentindo o seu arredor, se conectando com a natureza. Hinata seguiu à risca as instruções dele, entretanto, o próprio professor pareceu esquecer de suas regras.

Abrindo a pálpebra esquerda, olhou de soslaio para ele. Naruto estava a alguns metros de distância, na árvore ao lado, sentado na mesma posição que ela - pernas cruzadas uma sobre a outra e mãos apoiadas em cima delas -, mas, diferente do que havia ensinado-a, não mantinha silêncio; ao invés disso, resmungava para si mesmo, enquanto fazia uma careta de irritação.

- Naruto-kun? - chamou-o com suavidade.

Surpreso, ele abriu rapidamente os olhos, fixando-os nela.

- O que foi? Algum problema? - Naruto reagiu, soando mais alarmado do que deveria.

"Patético!"

Apesar de silenciosamente concordar com a voz em sua mente, foi com um bufo mal-humorado que respondeu à Kurama:

"Calado! Você está mais irritante que o normal hoje!"

"Porque você está mais patético que o normal hoje!", rosnou. "Pensando nessas coisas ao invés de se concentrar no treino!"

- Já mandei ficar quieto! - gritou, suas bochechas ganhando um tom avermelhado pelo teor da acusação.

Francamente, podia gostar de Kurama - até mesmo aprendeu a considerá-lo um amigo! -, mas simplesmente não conseguia acostumar-se com a falta de privacidade.

Houve um tempo em que a Kyuubi era tão reclusa, que Naruto nem sequer sabia de sua existência. Entretanto, desde que fizeram as pazes, a conexão entre os dois fortaleceu-se, e, se por um lado isso era bom, pelo outro... nem tanto. Imagine ter cada pensamento e sentimento seu sendo compartilhado com mais alguém, como em um telefone sem fio. Nada agradável, não é mesmo?

Se bem que, assim que a guerra acabou e as coisas se acalmaram, eles começaram um treinamento para limitar a quantidade de informação que compartilhariam um com o outro, para que assim Naruto pudesse preservar não apenas sua privacidade, como também sua sanidade mental. Hoje em dia, apenas sentimentos realmente fortes ultrapassavam esse limite.

Como por exemplo, a felicidade que sentiu quando Hinata aceitou seu pedido de casamento.

A gratidão por tê-la finalmente em seus braços.

Ou ainda... O frisson de desejo ao olhá-la durante o treino, tão serena e concentrada, a respiração fazendo seu peito subir e descer, os seios fartos acompanhando o ritmo...

- Naruto-kun!

Sua linha de raciocínio foi quebrada pelo tom preocupado na voz de Hinata - ainda bem, pois já estava divagando novamente, o que deixaria Kurama ainda mais zangado.

Sunshine Family (NaruHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora