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❝ Eu sou o fantasma da minha própria prisão eterna, sou a que perecerá e morrerá ❞
𓆩*𓆪
Sobre os postes de luz da cidade a luz reina entre pequenos espessamentos de escuridão, às vezes me pergunto se a vida pode ser comparada a aquilo, luz e sombra, sombra e luz, se intercalando quando a luz cansar e a sombra estiver disposta a arruinar a vida de alguém.
Seguro as mangas do meu moletom amarelo pastel da Gap, de uma edição ilimitada que nem fez sucesso, já que ninguém usa mais a marca modinha de 2015.
Meus pais estão no banco da frente falando um com o outro, mas parecem estar falando outra língua, já que simplesmente as palavras que saem de suas bocas não fazem sentido algum.
Minha vó que veio da Itália só para presenciar os acontecimentos de hoje junta às mãos e faz preces aos céus desde que entramos no carro há uma hora e meia atrás.
Talvez Deus realmente ouça as preces, porém no meu caso, ele respondeu na hora errada.
Devia me dar um tumor no cérebro quando eu queria morrer, e não agora que eu queria finalmente viver e parei de visitar a merda do Dr.Jung, o qual eu não sei a merda do nome mesmo fazendo terapia com ele há dois anos.
Senti a leve presença de incômodo na minha cabeça.
É o Jorge lembrando que eu não devo me estressar para que ele não engorde mais.
Suspirei pesado.
Meus últimos dois meses foram simplesmente os mais terríveis da minha vida, agora eu finalmente estava indo no médico por realmente poder morrer a qualquer momento, a diferença de antes? Eu tinha cura, agora não, não mais.
Se isso fosse há seis meses eu estaria realmente feliz, mas não agora merda, agora não.
Eu estou com um tumor, o qual apelidei de um nome estrangeiro engraçado, Jorge, que cresce a cada momento mais, que vai me tirar os movimentos do corpo assim que atingir certa parte do meu cérebro, que vai me fazer esquecer de tudo assim que engolir mais uma parte de mim, que vai me tirar a respiração assim que eu não poder mais levar oxigênio para mim mesma, que vai me matar quando o Jorge estiver gordo o suficiente e não ter mais nada de mim para se alimentar e eu virar um corpo com órgãos funcionando e uma cabeça oca, literalmente.
São dez horas da noite quando chegamos em casa e meu pai para a porta do carro, ele apoia a cabeça no volante suspirando, minha mãe se joga no banco inclinando a cabeça para olhar o céu, minha avó separa as mão olhando para o chão.
Hoje foi o dia da notícia.
O dia que recebi a notícia de que os tratamentos não estavam fazendo efeito.
E que me resta somente esperar a morte.
Mais uma vez.
✽
São duas horas da tarde quando Jungkook vem em casa, ele já havia recebido a notícia dos meus pais na madrugada de ontem, já que eu não consegui me mover, estava ocupada demais sendo paralisada por causa de outra convulsão.
Ele me olha com aquele olhar triste, o olhar que eu odiava ver, o olhar que me matava só por ele estar triste.
Seu primeiro ato é fechar a porta do meu quarto e me agarrar, me abraçando com tamanha força e sentimento de proteção que nem se a própria morte viesse me buscar com sua foice conseguiria me tirar dele.
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𝐅𝐨𝐫 𝐡𝐞𝐫 • 𝐉𝐞𝐨𝐧 𝐉𝐮𝐧𝐠𝐤𝐨𝐨𝐤
RomanceO enigmático e provocante Jeon Jungkook conhece a problemática e intensa Im Hope, uma colegial cinco anos mais nova de língua afiada e humor ácido no momento em que ela tenta se suicidar no mesmo lugar que ele. Ela exala sua própria áurea desolador...