2. Calor dos seus lábios

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- É estranho sentar ao lado de alguém em uma noite sem ao menos conhecê-la. Pode falar sobre você? - Perguntei a ele que estava encarando as águas da praia como se nunca tivesse visto.

- Meu nome você já sabe, então. - Ele soltou um suspiro. - Eu tenho vinte e um, moro em Daegu e vim passar uns dias de férias por aqui. Ah, e também faço faculdade de Fotografia. - Ele soltou um sorriso que era fofo de ver. - E você?

- Eu tenho dezenove e moro aqui em Busan mesmo. Quero ser professor um dia. - Falei baixo, mas audível o suficiente para o Kim ao meu lado.

- É um trabalho legal. Já pensei em ser, mas acho que não sou muito adequado. - Ele brincou, dizendo que quando tentou ensinar sua prima mais jovem, ela pediu para a mãe demiti-lo, me levando a soltar altos risos.

O ruivo tomava a cerveja em goles, e eu literalmente imaginava se aquilo era tão bom assim.

- Posso provar isso? - Pedi, e Taehyung me deu a garrafa das suas mãos. Botei na boca levando um gole grande pra minha garganta.

Não era tão ruim assim.

Lembro-me de incessantemente beber todo o conteúdo da garrafa. Taehyung não falou nada o momento todo, apenas observava vez ou outra.

- Sabe, meus pais me vêem como uma criança, eu odeio isso. - Minha voz havia ficado rouca, e eu fiquei meio bêbado também. Por não fazer esses tipos de coisas, foi muito rápido pra me deixar totalmente assim.

- É, os meus também. Mesmo eu não morando na casa deles eles insistem em dizer isso de mim. - Taehyung falava como que tentasse consolar tanto a mim quanto a ele.

- É exatamente assim comigo. Eu só queria ser um garoto formado e ter uma boa condição, mas a vida é tão difícil!

Eu sorria, aliás, mal tinha forças pra conseguir chorar. Levava as tristezas da vida naquele momento como se fossem peças engraçadas em um teatro. Taehyung me acompanhou nesse momento. Passamos algumas horas conversando sem perceber. Tinha certeza que ele não estava bêbado assim como eu.

Nós falávamos com sinceridade um para o outro daqueles problemas, era como se ninguém parasse para nós escutar, e encontramos um porto seguro em nós dois.

Quanto mais ele falava mais eu notava a semelhança que havia entre essa relação que tínhamos com a família e com os amigos.

Em um momento aleatório eu olhei para a areia e vi uma moeda com um bronze enferrujado. Peguei ela em mãos e vi que havia sido feita no mesmo ano do meu nascimento.

- Ya! Eu encontrei uma moeda com a mesma data do meu nascimento! Que sorte a minha! - Falei com um sorriso convencido no rosto, levando a moeda próxima aos meus olhos.

- Você está feliz porque achou uma moeda? - Taehyung me perguntou totalmente confuso.

- Sabe, eu achei uma moeda com a mesma data do meu nascimento nessa imensa praia. O dia pode ser o mais ruim, mas se acontecer algo bom, será um dia bom! - Busquei algumas poucas palavras para tentar explicar o que eu sentia naquele momento.

- Eu não conheço você há tanto tempo, mas você realmente parece ser um cara legal. - Ele me falou olhando nos meus olhos.

CASE of a NIGHT | taekook Onde histórias criam vida. Descubra agora