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      Gabriel estava animado entre os meninos, cumprimentando-os com um enorme sorriso e abraços apertados de urso, como se não tivessem se visto há séculos. O atacante era de fato um dos jogadores brasileiros que mais rendeu ano passado, tanto que trouxe títulos grandiosos para o clube como a libertadores depois de trinta e oito anos.
      O santista estava se sentindo em casa com seus companheiros. Sentia-se imensamente feliz por ser bem acolhido e um tanto familiarizado, estava em casa. Sempre foi bem recebido pela torcida e pela equipe tanto quanto pelos companheiros.
      Mas algo estava errado: Giorgan sumira depois que se cumprimentaram com um abraço e um olhar totalmente apaixonado do uruguaio. Aquele maldito sorriso.
— Rafinha, você viu o Arrasca?
      O homem virou-se para trás um tanto confuso. O meia estava ali não fazia dois minutos e desaparecera de repente.
— Puts, Gabriel... ele fugiu da minha vista. Quer ajuda para encontrá-lo?
— Hã... Não precisa, vou atrás dele, depois volto.
— Vai lá, craque. E bem vindo de volta!
      Gabriel sorriu e saiu caminhando para longe das mesas, a procura de um uruguaio específico.

      Arrascaeta respirava fundo diversas vezes consecutivas dentro do banheiro, quase como se estivesse com falta de ar. Suas mãos estavam apoiadas contra a parede, recuperando o fôlego que nunca deixou de si.
      Céus! Por que Gabriel estava tão lindo?!
      Suas bochechas estavam carregadas com uma coloração rosada. Estava com uma expressão de tolo apaixonado que acabara de sentir o coração parar de bater porque o garoto que gostava lhe sussurrara no ouvido de uma forma tão sexy. Sentia-se um jovem apaixonado do colegial.
— Arrascaeta? — a voz ecoou no fundo do vestiário. A voz que tanto mexia consigo. — Giorgian, você está aí?
      Parou de respirar e olhou para um dos chuveiros, soltando a maior bosta que já se ouvira dizer:
— Não!
      Gabriel riu no fundo do cômodo e de repente, entrou no corredor dos chuveiros.
— Por que está aqui?
— É que eu vim pegar um ar...
— Num banheiro que fede a suor?
      Arrascaeta quis se enterrar no chão ali mesmo. Gabriel se aproximou e tocou-lhe o ombro, fazendo com que trocassem olhares tensos e repleto de sentimentos.
      O uruguaio encostou a testa na parede junto com o corpo molenga, num tom muxoxo e derretido:
— Pensei que não fosse voltar... — resmungou de forma quase inaudível. O Barbosa sorriu.
      Desde que sairam de férias, Giorgian não conversou mais com Gabigol, apenas nos primeiros dias, quando todos no grupo falavam sobre o que fariam e desejavam boa sorte e outros estavam de saída, como Reinier e Rodinei.
      Com tantas notícias circulando pela internet, Giorgian não pôde deixar de achar que Gabriel também seria um dos que iriam embora, mas Marco Braz sempre desmentia tudo.
— Por alguns dias, eu também pensei. — o Barbosa finalmente se pronunciou. — Eu gosto muito de estar aqui com vocês todos.
      Ficaram em um silêncio incômodo.
Eu senti...
— Gabriel? Arrasca? — a voz de Diego Ribas ecoou pelo vestiário, fazendo com que Gabriel corasse e se afastasse, atirando a cabeça para que Diego pudesse vê-lo. — Ah, você está aí, cadê o Giorgian?
— Está aqui comigo.
      O mais velho reproduziu uma expressão maliciosa e no mesmo momento, o atacante lançou o dedo do meio para o outro, vendo-o gargalhar alto, de forma maldosa enquanto saía do vestiário, mandando ambos estarem no campo em alguns minutos para começarem o treino.
— Acho melhor irmos. — o menor disse.
— Certo.
      Não disseram mais nada. O primeiro dia de treino tivera um clima extremamente pesado entre a dupla.

Arô, Gabi? (Gabian)Onde histórias criam vida. Descubra agora