"Seu Sorriso Peculiar"

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— Ai, que saco! — Olho para a tela de bloqueio pensando seriamente em ignorar a chamada do indivíduo insuportável e irritante pra um caralho que me atormenta todo santo dia: Hoseok Benedito Porrada.

Ultimamente esse filho da puta veem me cobrado o fechamento — e a cena mais importante — do livro: o sexo selvagem entre os protagonistas desse romance homossexual. Eu já tô’ sem paciência para lidar com essa merda e só há um motivo para isso: o crush não me nota.

Que ódio.

Meu crush nazarento — vulgo Jeon Jungkook, o vizinho gostosão que mora logo ali — passou a vir tomar banho aqui nos últimos trinta dias por causa do maldito interruptor de energia do apartamento dele que ainda está queimado.

E é claro que o Jeon não vem aqui apenas para tomar banho. Ele chega aqui na minha humilde moradia e acha que a casa é dele também porque, puta que pariu, o homem vem e conversa, toma banho, caga, espirra, tosse, peida, come, caga de novo, ás vezes dorme no sofá em cima de mim — não do jeito que eu queria, mas me conformo em tê-lo em cima de mim de qualquer forma. Enfim, após todo esse tempo de convivência com ele, eu me apaixonei pelo felizardo.

Sério, véi. Jeon Jungkook pisca e eu caio de amores por esse homem. Sou uma amoeba mesmo, triste vida.

Agora, meus queridos leitores, imaginem só como deve ser doloroso ver o crush todo dia aqui em casa e não ser fodido por ele? Imaginem que tortura ver um Jeon Jungkook desfilando pela casa só de toalha cobrindo as partes de baixo, enquanto procura sua mochila com roupas que eu mesmo fiz o favor de escondê-la por aí? Pois, é... Meu coração não aguenta uns trem desses. Sofro muito.

E não me julguem pelos meus atos porque eu sei que vocês fariam o mesmo, suas safadas.

Continuando com a minha sofrência por não ser comido pelo crush, passei esses últimos trinta dias escrevendo a desgraça do livro que o Hoseok encomendou e o infeliz ainda tem a audácia de me infernizar o tempo inteiro por causa dessa caralha de livro. Misericórdia. Todo dia peço para Deus me dar muita paciência porque se me der força, eu mato alguém — vulgo um Jung Hoseok da vida.

O livro em si, na minha humilde opinião ficou maravilhoso. Não tenho cargo de melhor autor dessa última geração atoa. Trabalhei muito bem a minha escrita, a história ficou cheia de detalhes melosos que todo adolescente iludido ama ler e corrigi todos os errinhos que encontrei.

Agora vocês devem estar se perguntando: “O que tem a ver ser comido por Jungkook e o fechamento do livro?”

Eu escrevi todos os sentimentos dos personagens principais baseado no que sinto pelo Jeon e a maneira de como o vejo. Todos os sentimentos, desde os mais sinceros até os mais impuros, foram relatados no papel. Não sei ainda se o que eu sinto por ele é amor, mas, tenho certeza absoluta que é uma paixão unilateral.

Olho novamente para o celular e bufo.

Inferno.

Vou ter que atender essa bosta.

— O quê você quer, filho da puta? Já não me atentou o bastante, não? — Atendi a ligação um pouco exaltado. — Que saco, homem! Posso nem respirar nessa vida. Caralho, que ódio!

— Boa tarde para você também, docinho e-

— Boa tarde é o meu ovo esquerdo, Hoseok! Desenrola a merda e fala o quê tu quer. — Pedi já sem paciência para lidar com esse ser.

— Opa... — Disse cínico. — Esse estresse todo é por falta de sexo? Chega aqui que a gente resolve isso rapidinho e ainda aproveita para escrever essa experiência trágica na porra do livro, né, Taehyung? — Eu ainda vou matar esse cara. Deus que me perdoe depois.

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