Sobre desculpas esfarrapadas e desinfetantes

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O dia parecia correr lento, mais que o bicho preguiça de Zootopia. Yashiro, entediada, já não aguentava mais limpar banheiros — era jovem, e por causa de Hanako, estava perdendo toda a sua juventude!

Arrependia-se, em parte, de ter feito aquele desejo e, consequentemente, estar ligada ao fantasma infantil. Porém, por outro lado, estava feliz, afinal ganhou um amigo.

– Finalmente acabei! — comemorou ao largar o esfregão e se livrar do avental, sentia-se mais livre.

Na verdade, não havia acabado. Era só uma desculpa para fugir do trabalho.
Tentou sair sorrateiramente do banheiro, porém seu plano foi por água abaixo quando ouviu Hanako-kun perguntar aonde a garota estava indo.

– E-Eu… vou ao banheiro! — coçou a nuca dando uma risada nervosa, que resultou num sorriso sarcástico da parte do fantasma.

– Yashiro… nós estamos no banheiro.
Tal comentário fez Yashiro ter um choque de realidade e cair ajoelhada no chão brilhante, era difícil encontrar uma brecha para fugir do trabalho pesado.

Hanako suspirou; notou o quanto a amiga estava cansada. Pensando nisso, ajoelhou-se em frente à Yashiro segurando em suas mãos com a mão esquerda enquanto usou a direita para erguer o rosto de Yashiro, fazendo-a olhar no fundo de seus olhos.

– Yashiro… se você fizer algo para mim, talvez eu te deixe sair daqui… — Nene corou, com certeza algo muito pervertido passava pela cabeça de Hanako!

– O que poderia ser…? — indagou, o coração disparado de vergonha.

Foi nesse momento que Hanako lançou-lhe um meio sorriso, aproximando seus lábios do ouvinte da amiga, sussurrando então:

– Pode desentupir os vasos para mim?

E, mais uma vez, Yashiro ficou mais vermelha pois foi ela quem pensou em coisas indecentes e não o Hanako. Caso fosse um desenho animado, poderia ser visto a alma da pobre Yashiro fugir do seu corpo, e a causa da morte seria: “morreu de vergonha”.

– O quê? Pensou que eu iria pedir algo impróprio? Você é mesmo uma rabanete pervertida.

Naquela tarde, Yashiro sentiu-se mais forte enquanto espancava o fantasma que implorava por sua “vida”.

Mesmo a contragosto, Yashiro fez o que foi pedido, afinal quando terminasse estaria livre. Choramingou o máximo que pôde, mas pelo menos o banheiro estava limpo e ela estava livre — livre e fedida, o cheiro de desinfetante não iria sair do seu corpo tão cedo.

Por sorte, o dia já estava acabando, então finalmente poderia ir para casa. Evitou Aoi ao máximo para que ela não sentisse o cheiro de desinfetante no seu corpo, assim como evitou os irmãos Minamoto e qualquer outra pessoa que se possa imaginar.

Na manhã seguinte, a primeira coisa que notou na escola foram os burburinhos tanto dos colegas de classe quanto dos outros alunos.

– Bom dia, Aoi-kun! O que aconteceu? — Akane, que até então estava de costas, virou-se para Yashiro a deixando espantada.

O rosto dele estava inchado de tanto chorar!

– A Ao-chan, ela desapareceu! — Exclamou desesperado, caindo nos braços de Yashiro para chorar o máximo que conseguia.

Enquanto isso, o cérebro de Yashiro entrava em pane total, tentando digerir aquela informação.

Aoi havia desaparecido de novo?

Faxineira ao resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora