XXXII - Liam

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  Estou dirigindo em direção a minha casa, acho que da minha casa até a de Josh da uns 25 minutos. Enquanto observo a rua cuidadosamente meu celular vibra no bolso, mas então me recordo do que aconteceu em maio nessa avenida. Luna e eu quase fomos atropelados por um ônibus, melhor eu não pegar no celular agora. 
  Chego em casa, estaciono do lado de fora da garagem e antes de sair do carro solto um sorriso bobo por lembrar da audácia de Josh quando me beijou pela segunda vez sem dar a mínima se me importaria. Pego meu celular do bolso enquanto caminho até a porta da frente e abro-a. 

- Mãe, cheguei! - Grito de leve. Abro a tela para ver minhas mensagens e Josh enviou 15 mensagens, até que paro em uma especifica e meu coração aperta. 

* Minha mãe não sabia que você escondia dos seus pais. Ela ligou para seu pai e contou tudo, me perdoa Liam. - Josh ;) - Eu estou indo aí te ajudar. 

  Meus olhos se enchem de lágrimas e caminho lentamente até a sala. 

- Liam. - Diz meu pai com um tubo de metal em sua mão. - Eu vou te perguntar só uma vez, e se você não responder...

  A essa altura já estou chorando de soluçar. Para onde eu vou? O que vou fazer?

- A senhora Beauchamp me ligou mais cedo e disse que flagrou você e o FILHO dela aos beijos no quarto dele, disse que estão namorando. - Ele cospe as palavras com nojo e ódio. - Isso é verdade? 

  Eu não respondo, apenas continuo com lágrimas nos olhos e estático.

- RESPONDE!!! - Ele bate em mim com o tubo. O mesmo atinge consecutivamente o tubo nas minhas costas. Tento conter os gritos, mas alguns acabam escapando. 

- PARA! - Grito entre as lágrimas. Minhas pernas, costas e braços doem. - É verdade. - Digo quase que num sussurro por não conseguir falar direito. - Eu sou gay.

  Ele me olha com ódio e bate mais uma vez o tubo em mim, mas dessa vez acerta meu rosto e eu fico zonzo. Sinto algo escorrer em meu rosto, provavelmente sangue, também sinto um arder em minhas bochechas. Devo estar cheios de cortes. 

- Eu quero você fora da minha casa! - Diz ele que mal reconheço como meu pai. - Não quero uma aberração em minha casa. Pega suas coisas e saia. 

  Vou até a escada e subo-a mancando. Entro no meu quarto e começo a arrumar minhas malas com tudo que me pertence. Paro em alguns momentos e choro. Vou até o banheiro e limpo o sangue  do meu rosto. Me olho no espelho e vejo um rosto inchado, roxo de um lado e cheio de cortes, inclusive nos lábios. Antes de descer dou uma última olhada no meu quarto e lembro de cada momento que tive aqui, e mais uma vez lágrimas caem. Chego a porta de casa e do lado de fora está Josh, do lado de dentro estão aqueles que se dizem meus pais.

- Mãe. - Digo e a mesma me surpreende com um tapa na cara. 

- Não sou mais sua mãe, eu não tive um filho gay. - Diz ela. Eu tento não chorar, mas falho e logo saio de casa do mesmo jeito. Eles fecham a porta logo que saio de casa. 

Ando um pouco em direção a Josh e o mesmo vem até mim e me abraça com cuidado por ver meus ferimentos. Assim que o seguro eu desabo mais uma vez sem conter meus soluços. 

- Me perdoa Liam. - Diz Josh com uma voz fraca. - Eu não deveria ter te beijado, eu estraguei sua vida. Eu fiz isso com você. 

  Josh agora chora e me aperta para que eu possa sentir seu arrependimento. 

- Não foi culpa sua. - Digo passando a mão em seu rosto. - Uma hora ou outra isso iria acontecer, mas independente de quando eu estaria assim ou até pior. 

- Para onde você vai? - Questiona ele. - Se quiser ir para minha casa...

- Não precisa Josh, não quero incomodar vocês. Acho que vou ir para o abrigo de jovens LGBT+ que ouvi falar há um tempo, fica perto da praça que corremos aos sábados. - Digo secando as lágrimas dos meus olhos e em seguida o meu rosto. 

- Quer que eu dirija para você? Nessas condições não é bom você dirigir. - Questiona ele e assinto. Abro o porta malas do meu Hyundai HB20 e Josh me ajuda a colocar as malas dentro. Entramos no carro e Josh dirige até o abrigo. Assim que chegamos pegamos as malas e fomos até a recepção do abrigo para resolver onde irei ficar. 

- O quarto 552 está livre. Quer ajuda para levar as malas? - Pergunta o recepcionista entregando a chave. 

- Obrigado, mas acho que consigo levar. - Diz Josh um tanto direto. 

- Okay, se tiverem um automóvel podem usar a garagem na vaga que corresponde ao número do seu quarto. - Diz o garoto e depois vamos para o quarto. 

- Bom, está entregue. - Diz Josh assim que fechamos a porta do quarto. - Agora temos que cuidar de você. 

- Não tenho kit primeiro socorros. - Digo e ele vai até um armário do quarto e encontra um. 

- Vai, senta na cama e tira a camisa para ver se tem ferimentos. - Manda o Josh e eu sigo o que ele diz. 

  Assim que tiro a camisa Josh se espanta. Ele passa lentamente e cuidadosamente suas mãos pelas minha costas e quando me viro vejo lágrimas em seus olhos. 

- Seus pais são uns monstros. - Diz ele com a voz rouca. Ele passa um algodão higienizado com tipo de álcool nas minhas feridas e depois põe um curativo em cada corte, menos no rosto. - Acho que você não vai conseguir se deitar por um tempo, porque suas costas estão totalmente roxas. - Menciona ele. - Você vai ficar bem? Digo, quer mesmo ficar aqui? Posso te levar comigo, você sabe...

- Eu vou tentar ficar bem. E não precisa se preocupar se aqui vai ser bom, eu preciso ficar sozinho mesmo. - Digo enquanto nos levantamos. Vamos até a entrada e me despeço de Josh com um abraço e um beijo na bochecha. - Obrigado por me ajudar. Não teria conseguido vir sem você.

  No caminho para meu quarto encontro Rodrigo. 

- Então você realmente se assumiu. - Digo atrás dele e o mesmo da um pulo. 

- O que aconteceu com você ? - Pergunta ele ao ver meus cortes já tratados por Josh. 

- Fui expulso de casa e acabei assim. - Digo com um meio sorriso. - Foi expulso também? 

- Tecnicamente não, disseram para mim sair de casa até eles digerirem tudo. - Explica Rodrigo.

  Depois disso peço para ele por meu carro na garagem e fico conversando com Rodrigo por um longo tempo. 

-----Uma semana depois.   

 
Já faz i semana que fui expulso e "agredido", eu não estou me sentindo eu mesmo, parece que algo em mim mudou, é como se a tristeza não quisesse sair de mim. 

* Estou indo te visitar. - Nono.

 
Leio o que Noah mandou. 

* Okay. Estou esperando você então. - Eu.

 
Toda vez que me lembro de uma semana atrás meus olhos se enchem de lágrimas. E se tem uma coisa que não aguento mais, é guardar segredos, é esconder verdades. Se toda verdade foder alguma coisa eu não irei me importar. Já está tudo fodido, que foda o resto também. 

- Liam, estou aqui na porta. - Ouço Noah falar e vou até a porta para abri-la. Mesmo Noah me vendo hoje ele me abraça como se não me visse há meses. 

- Ai Noah. Minhas costas. - Digo, e sim, minhas costas ainda estão roxas. 

- Desculpa. - Pede ele sorrindo. - Quero falar uma coisa para você. 

- Eu também quero... - Digo. - Pode ir primeiro.

- Tudo bem, pode ir primeiro, por favor. - Diz Noah sentando-se na poltrona do quarto. Não penso duas vezes, eu apenas me abro sem medo do que vai acontecer depois.

- Isso que eu quero te contar eu venho escondendo há meses, mas na minha atual situação eu não aguento mais guardar nada para mim e se eu acabar estragando nossa amizade por conta disso... Eu amo você Noah, desde o início das aulas, desde que meus olhos encontraram os seus e eu não me importo se você seja hétero e decida se afastar de mim por conta disso, eu vou continuar sofrendo com esse amor até então não correspondido. - Digo e antes que eu perceba estou em seus braços e o mesmo me olha intensamente, e em fração de segundos ele junta nossos lábios fazendo me sentir bem novamente. 

...................... 

Ai gente, eu novamente... Espero que tenham gostado... Notas?? 

Espero que Liam Não sofra mais né, afinal o coitado só se ferra. 

Prometo atualizar com mais frequência assim que minha vida estiver mais fácil tá gente, próxima atualização é LMD, ansiosos?? 

    

Wishes Of My School Vol.1 (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora