CAPÍTULO 2 _ "Elena, cadê a Elena?"

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  Infelizmente meu pedido não funcionou, e eu acordei no meio da madrugada, por ter sentido uma mão apertar minhas coxas, logo eu percebi que era o amigo do meu pai, que mais cedo havia olhado maliciosamente pra mim, eu tentei gritar, e ele pôs a mão sobre a minha boca, prendendo também a minha respiração, até que eu desmaiei, quando acordei já de manhã, não entendi se tinha sido um pesadelo, ou se de fato ele tinha feito aquilo.

  Caralho, eu tinha 5 anos, eu não entendi nada, só doía muito para andar, eu sentia medo, e muita vontade de vomitar, não sabia o que tinha acontecido, só sabia que era nojento.

  Meu pai neste dia resolveu me acordar pra ir até a escola, que era a coisa que eu menos queria, por vários motivos diferentes, como o fato da nossa casa ser no meio do mato, e eu ter que andar quatro quadras para chegar até a parada do ônibus, e agora sozinho, já que a minha mãe não estava mais pra me levar, e meu pai estava muito ocupado sendo um idiota.

  Então com bastante dor, eu fui até o banheiro e tomei banho, me arrumei, depois disso tomei café da manhã e fui pra escola, e como já esperava, sozinho.

  Todo dia era a mesma rotina, acordar e ir pra escola, só voltar de tarde, fazer os deveres e dormir, por mais que fosse cansativo, eu preferia, somente pelo fato de não ter que estar naquela casa, e foi assim até as férias, que foram uma porcaria, já que eu mantive a mesma rotina, exceto a de ir para escola, e foi assim até os meus sete anos.

  Aos sete, eu fiz amizade com a Elena, uma menina órfã adotada pelas freiras da escola.
  Ela me mostrou um livro antigo que as freiras guardavam, no qual haviam imagens de pessoas sendo torturadas, e ensinando como fazer passo a passo.

  Nós gastamos dias lendo aquele livro quase infinito, eu gostava de ler aquilo, me fazia bem, e a Elena parecia gostar também.
  A Elena ficou doente, então depois da aula eu fui até a casa das freiras, que ela me mostrou onde era, e chamei por ela, a mesma respondeu e começamos a conversar, minutos depois resolvemos passar numa praça perto da estação de trem, que não ficava tão longe, chegando lá, nós ficamos entediados, então resolvemos brincar de pega-pega, eu era o pega e ela começou a correr, eu pedi que ela saísse de cima dos trilhos, porque eu não tinha coragem de andar por cima deles, e logo ouvi o barulho do trem e fui correndo tirar ela de lá, e a filha da puta me empurrou, eu tentei correr e pedir ajuda a ela, mas ela sorriu, e deixou o trem passar por cima, a minha sorte ou o meu azar, foi que eu consegui sair um pouco dos trilhos, e levantar a perna direita, mas a minha perna esquerda foi estraçalhada pelo trem, a Elena saiu correndo e sorrindo, eu olhei pra ela chorando, em seguida apaguei e só acordei um dia depois no hospital, sem nenhum sinal do meu pai, e sem perna, eu gritei muito, eu nem acreditava que estava vivo, o que eu infelizmente estava.

  Eu só sabia gritar "Elena, cadê a Elena?", E ninguém me respondia, eu tentei sair correndo, mas caí no chão, o que não me impediu de continuar gritando, logo as enfermeiras chegaram e me botaram de volta na cama, eu não dormi até que me dessem remédios contra a minha vontade. 

  Depois que o efeito do remédio passou, eu acordei e percebi que a Elena não ia vir, então comecei a chorar incessantemente.

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