CHAPTER
― 2 ―
Movi minhas pálpebras lentamente enquanto umedecia meu lábio inferior, uma claridade insistente retirava-me de um sono tranquilo e confortável. Em silêncio e sonolenta, eu respirei fundo e abri os olhos observando o quarto parcialmente iluminado, observei os feixes de luz ultrapassando as barreiras das cortinas, sua luz num laranja frio acetinado tocando meu rosto discretamente.
Gemi roucamente num bocejo lento, movendo o corpo sobre o macio colchão, finalmente congelando um segundo depois ao sentir uma respiração lenta abaixo de mim. À lembrança veio rapidamente, junto com o seu aroma mentolado, preenchendo as lacunas em branco na minha mente.
Deus, eu sou louca. Passei a noite com um desconhecido.
Em situações como essa era necessário manter a calma e ser inteligente. A noite já havia acabado e tudo havia terminado bem, logo não tinha mais motivos para se preocupar. Tudo o que importava nesse momento, era retornar para hotel, segura, e o americano havia prometido fazê-lo.
Demorei um tempo deitada apenas ouvindo o som da sua respiração, com a esperança de adivinhar pelo posicionamento do sol a hora aproximada. Estranhamente eu ainda permanecia deitada sobre seu peito, exatamente onde havia ficado durante a noite e a mão do americano ainda segurava firmemente minha cintura, numa espécie de controle ou proteção.
Então o encarei fixamente, sendo surpreendida pela sua expressão delicada e serena enquanto dormia. Ele era tão bonito e tranquilo em seu sono. A barba de uns três dias por fazer, marcando sua mandíbula máscula e seu olhar apertado. Um conjunto perfeito que ornavam em tamanha sintonia seu rosto.
Era estranho tê-lo ao meu lado, tão perto, intimamente, como se fossemos mais do que desconhecidos. Com o tempo, comecei a me sentir mal, minha consciência condenando meus atos e meus pensamentos. Não éramos íntimos. Não éramos um casal. O americano era casado e eu tinha que ir embora o quanto antes.
Analisando a situação, comecei a planejar meu modo de fuga. Eu não queria ter que lidar com aquele desconforto do dia seguinte: um sem saber o que dizer pro outro, a vergonha, arrependimentos. Como não o conhecia, era bem difícil adivinhar o que o levara a me ajudar na noite anterior. E se ele tivesse se arrependido? E se me ajudar tivesse sido um efeito colateral do álcool em excesso? Algum conhecido seu podia nos ver juntos e interpretar de forma errada. Eu não o queria trazer problemas.
― Quando vai parar de me olhar assim? ― Ele sussurrou, suas sobrancelhas douradas se esmagando. Ele franziu a testa e umedeceu os lábios, olhando unicamente para mim.
Sustentei seu olhar por alguns segundos, mas depois desviei e engoli secamente, quando ele ficou me olhando fixamente, sem piscar. Era estranho, eu não conseguia capturar seus pensamentos e sua expressão era uma página em branco.
― Tem que parar de fazer isso. Me confunde às vezes.
Senti minhas bochechas ardendo, e decidi que estava na hora de colocar meu plano em ação. Afastei meu corpo de cima do seu e me sentei na cama, olhando para o quarto à frente.
Silenciosa, eu pude ouvi-lo suspirar, também movendo-se sobre o colchão. Eu o olhei e inconscientemente prendi a respiração, congelada, minha reação de surpresa em evidência ao olhá-lo com atenção. O americano era extremamente bonito e tinha traços marcantes que acentuavam sua beleza crua e bruta.
Ele era de uma aparência incrivelmente fascinante. Os seus olhos verdes, quase como a cor do mar, me olhavam fixamente de uma forma que me provocavam calafrios. Aquele tipo de olhar profundo, encantador, traiçoeiro, quase me fazendo esquecer do que acontecia à nossa volta. Era uma sensação difícil de explicar. Quando nossos olhos se firmavam, era como se milhões de coisas quisessem serem ditas, mas nenhuma era expressada. Eu o desejava e olhava para ele com essa vontade estampada na cara; estranhamente eu sentia o mesmo vindo dele e o americano não se esforçava nenhum pouco para tentar esconder.
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Pecados da Meia-Noite 🌑 SPIN-OFF APÓS O ANOITECER
RomanceApós acordar de um sonho inquietante, Cahterine Paula - uma jovem brasileira de 24 anos- decide embarcar em uma jornada ousada. Seu destino é Butte, Montana, onde ela espera encontrar Richard Morrison, o homem que, em seus sonhos, é um caçador lendá...