Capítulo Um

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Tudo sempre aconteceu de maneira comum na vida de Chris. Um rapaz que viveu com os pais por muitos anos, sem saber o que realmente queria fazer da vida. Sempre muito sonhador, ele pensava que poderia ter uma profissão notável, mas por algum motivo ele nunca decidiu o que, de fato, faria em seu futuro.
Em uma noite que se aparentava comum, novamente lá estava, olhando para o céu, algo que ele fazia quase todas as noites antes de se deitar. Quando olhava para a beleza do céu noturno, tudo parecia ficar mais claro em sua mente, e neste momento Chris conseguia pensar tranquilamente sobre a vida e seus mistérios.
Porém, esta noite parecia ter algo diferente das outras. Alguma coisa sombria estava por perto e Chris, inexplicavelmente, podia sentir que algo anormal estava acontecendo. Se colocando próximo a janela ele observou as ruas. Mas nada anormal parecia acontecer. Pensando estar maluco, ele colocou seus óculos e novamente observou através da janela, e para sua surpresa viu algo que não sabia explicar. Uma figura que se parecía a de um homem, porém de tamanho sobrehumano. Daquela distância, aparentava passar dos três metros de altura, algo completamente incomum de se ver. Era algo assustador. Chris sentiu um arrepio enquanto milhões de hipóteses passavam pela cabeça. Ele jamais havia visto alguém daquela altura. Era tão grande que quase era do tamanho da casa que estava próximo. Após parar de imaginar, Chris pensou que o tal homem gigante estivesse passando mal, estava encostado em uma casa e completamente parado. Ele não teve dúvidas sobre o que precisava fazer:

- Preciso ir lá! Aquele homem pode estar precisando de ajuda. Mesmo com medo eu preciso agir! - pensou em voz alta.

Após colocar um fino agasalho para encarar a gélida noite, saiu às pressas de sua casa e foi se aproximar da figura que não havia se mexido um centímetro sequer, parecia estar congelado, mas após se aproximar um pouco se viu que isso seria impossível. A figura masculina de tamanho sobrenatural também estava com todo seu corpo coberto por pêlos, e nada além disso. Chris hesitou. Poucos segundos haviam se passado, mas já pareciam horas, quando ele finalmente conseguiu se recompor para então poder falar:

- Boa noite, senhor. Está tudo bem aí? - disse ainda não muito próximo do homem.

Após alguns instantes, nenhuma resposta foi dada, então Chris voltou a perguntar:

- Com licença, Senhor, está precisando de ajuda? - disse, um pouco mais de perto.

E para a surpresa de Chris apenas um breve e cansado rosnado pôde ser escutado vindo do homem. Somente quando estava à alguns passos de distância foi possível compreender que o homem não estava ferido, nem parecia querer ajuda, aparentava mesmo era estar se escondendo, sem se mexer para não chamar atenção, e só então ele falou:

- Seu tolo! Você me condenou! - disse o misterioso homem, com uma voz grave e violenta.

Chris se assustou e já estava se afastando quando um segundo homem de tamanho comum apareceu do alto, caiu em frente ao homem misterioso, e com um único golpe acertou-o no peito com algo muito brilhante, e então o gigante misterioso aos poucos foi sendo levado pelo vento da gélida noite, como se fosse poeira. Assustado, confuso e ligeiramente curioso, Chris hesitou novamente. Viu que o homem estava limpando o que parecia uma lâmina e estava prestes a sair da mesma forma que chegou e se apressou em dizer:

- Espera aí! Mas que diabos acabou de acontecer aqui? - falou com uma voz nitidamente assustada.

- Como é? Você tá falando comigo? Você pode me ver? - o homem demonstrou também estar confuso.

- É claro que sim! Você está bem na minha frente!

- Geralmente os Normalem não conseguem me ver.

- Os Norm o que?!

- "Normalem", é latim, significa "Os Normais" na nossa língua. Eu achei que você fosse um, não sabia que tínhamos gente por aqui, qual seu nome? - o homem disse agora já mostrando mais tranquilidade na voz.

- Tá, calma aí. Pra começar me chamo Chris, Chris Lovac, e eu não sei o que isso de Normalem, significa.

- Caramba, isso é estranho, você consegue me ver mas aparentemente não é um de nós, eu nunca vi isso.

- Um de nós? Nós quem? Quem é você e o que você fez com aquele cara?! - Chris já estava demasiado confuso com essa situação.

- Eu me chamo Gabe Venute e acho que por enquanto é melhor você não saber mais que isso.

Já passava de uma hora da manhã, e após Gabe tentar de todas as formas convencer Chris a esperar por respostas, ambos concordaram em fazer uma reunião às uma da tarde, em um parque ali perto. Não era o que Chris desejava, porém aparentemente essa era a única forma de descobrir o que estava acontecendo. Gabe afirmou que só poderia lhe contar mais após conversar com algumas pessoas para garantir a segurança de ambos.
Chris retornou para sua casa após passar uma hora do outro lado da rua, quando entrou em seu quarto, deitou-se para tentar descansar um pouco. Cheio de pensamentos em sua cabeça, ele pesou que não conseguiria dormir nem sequer um instante, mas obviamente ele estava enganado. Deveras cansado, Chris caiu no sono, mas seu sono pareceu durar apenas alguns poucos minutos quando o despertador tocou às 8 da manhã e ele acordou mais cansado do que quando havia se deitado. Após um rápido café e alguns afazeres, já faltava apenas 1 hora para a reunião e ele ainda não estava preparado. Resolveu então se preparar para o que vinha pela frente, pois sabia que depois do que havia visto na noite anterior, seria bem difícil de entender tudo em uma única conversa. Então se arrumou enquanto pensava nas perguntas que iria fazer para Gabe. Eram tantas que dava pra fazer uma lista. Enfim, ele estava pronto.
Já a caminho do parque, Chris já havia feito e refeito todas as perguntas em sua cabeça e já sabia exatamente o que queria saber, era hora de saber a verdade.

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