Dentro do carro, Mike segurou o volante com força e percebi os nós dos dedos ficando brancos.
― O que ho... – Interrompida.
― Pensei que te perderia. – Soltou relaxando os ombros e encostando a cabeça no volante.
― Porque? Você sabia onde eu estava o tempo todo. – Rebati, mas eu senti medo de morrer também.
― Sim, mas eu não sabia se você estava bem, se estava viva. Quando vi você amarrada e sangrando, entrei em desespero. Só me aliviei depois que você estava fora daquele cubículo, a alegria durou pouco porque eu me vi desesperado de novo quando você desmaiou. Como teve forças par andar até o carro? – Perguntou fechando os olhos com força como se tivesse lembrado de algo que o fazia sentir-se péssimo.
― Queria ter certeza de que todos estariam a salvo. – Falei lembrando que não estava sentindo muita coisa, só depois que vi que estávamos no carro que me entreguei a dor insuportável que tomava meu corpo.
― Ok, vamos embora. – Falou dando partida no carro.
O caminho todo eu fiquei calada, lembrando de tudo. As imagens não saíam da minha cabeça e toda vez que meu abdômen latejava, era um flash de lembrança.
Chegamos em casa e o peso do palácio onde moro, caiu diretamente em meus ombros, não é uma mansão com cinquenta quartos, mas é uma casa bem grande com piscina, salão e uma pequena academia onde pratico alguns exercícios. Morar sozinha aqui é um peso, me sinto solitária e vazia na maioria das vezes e converso muito com meu mordomo, Isac, ele é como se fosse um amigo. Aos fins de semana quando eu quero e posso, sempre faço algum tipo de resenha para os poucos amigos que possuo. Todos os dias minha caixa do correio fica lotada de convites para festas da mais alta sociedade dos estados unidos, se não do mundo, mas eu raramente tenho tempo ou vontade de ir pra esse tipo de coisa.
Sou desperta de meus pensamentos quando a porta do carro abre e Mike me estende a mão para me ajudar a sair.
― Preciso apenas de um banho e você me passa tudo o que aconteceu nos últimos dias. – Falei indo em direção as escadas.
― Tudo bem. Qualquer coisa grita. – Mike nem tento me ajudar porque sabia que eu não aceitaria.
Dei um sorriso e subi as escadas com cuidado porque qualquer movimento muito brusco já me trazia dores. Preparei um banho na banheira e me afundei lá, ficando somente com os olhos e o nariz na superfície. Por um segundo eu fechei os olhos e todo aquele sofrimento veio à tona. Abri os olhos rápido e alcancei uma toalha, sequei a mão e peguei o celular dando um toque para Mike que provavelmente estava na cozinha devorando alguma coisa.
― Você pode vir aqui? – Minha voz saiu melosa e fraca.
Ele apenas desligou e consegui escutar seus passos na escada.
― O que houve? Você está bem? – Perguntou invadindo o banheiro.
― Não houve nada, eu to bem, é que quando fechei os olhos, me vi amarrada e sendo espancada de novo. Parece que isso nunca vai sair da minha cabeça e vai me aterrorizar o tempo todo. – Falei saindo da banheira.
― Ei, eu to aqui. Vou esperar você ali – Apontou para meu quarto. – Termine seu banho.
Fiz o que ele disse e terminei meu banho, olhando sempre e verificando se ele estava mesmo me esperando. Ficar nua com ele me olhando não é um problema, Mike e eu transamos de vez em quando, por mais que ele tenha uma namorada. É como se fosse uma questão de sobrevivência, em algumas de nossas viagens a trabalho, acabo ficando carente demais e ele também, aí acontece. Mas nada além disso.
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RUSSEL
RomanceFlorence Russel é uma jovem ambiciosa e de personalidade forte. Fundadora da maior companhia farmacêutica/Química do mundo e a maior narco traficante dos estados unidos. Depois de um trágico acidente, descobre que o poder não é tudo que se tem na vi...