A terra é muito antiga. É cercada de mistérios e eventos inexplicáveis. E depois de tantos anos estudando eu descobri que o maior mistério, é ela.
Chamavam ela no submundo de "medusa". Um nome um tanto incoerente já que ela era uma gracinha a primeira vista.
Ela chegou a me confidenciar que esse era o seu jeito de se camuflar na multidão, e atrair suas presas.
Naquela época eu me apaixonei perdidamente por ela, mesmo sabendo tudo que ela seria capaz de fazer comigo. Era um perfeito balanceamento entre amor e medo.
O jeito como ela me enfeitiçou foi uma das sensações que eu nunca queria ter esquecido. Apesar de no fundo saber que, eu poderia muito bem nem estar amando ela, mas sim, estar sob efeito de seu veneno.
Ela disse que nunca faria nada comigo. E nada era nada mesmo, não teríamos nenhum tipo de relação. E eu estava tão envolvida que entrei em desespero e senti que ia morrer de tristeza.
A angústia e ansiedade me acompanhavam no dia a dia, quando eu sentia que ela não estava por perto. Era como se ela fosse uma droga que eu precisava desesperadamente usar para acabar com minha abstinência.
Um dia cometi o erro de ir atrás dela.
Naquela noite ela sabia que eu a seguia. Naquela noite foi a primeira vez que eu vi a "medusa" em ação.
Ela tinha veneno escorrendo de suas unhas, que foram usadas para cravar no pescoço do moço que ela havia encurralado. Seu semblante era diferente, era como um cão, pronto para atacar.
Então eu via aquela cena. Ela devorando os órgãos internos dele, abrindo espaço entre as entranhas usando suas mãos habilidosas e por um momento desejei ser ele. Ser tocada por ela, daquele jeito.
Eu quis que ela corroesse minha alma e congelasse minha perna se eu tentasse fugir. Que ela me matasse com desejo, e depois de morta, ela usaria minha carcaça como capa e sorrisse do seu jeito encantador e bobo.
Aquele sorriso que mostra todos os dentes e todas as covinhas.
Medusa se foi. E consigo levou, como prometido desde o começo, o meu coração.
