— Mamãe!
A voz doce de criança ecoava pelo campo com trigo e grama alta, folhas secas estavam espalhadas pelo chão enquanto o vendo as soprava, juntamente fazendo o vestido do loiro se mover conforme batia no tecido. Os olhos vermelhos inquietos procuravam pela criança que tanto chamava por si.
— Mamãe! — A voz tinha um tom um tanto rouco, e vinha de longe, ecoando pelo campo. — Kasai?... Espera! Onde você está???— a voz do loiro começava a ficar mais intensa conforme ele procurava seu filho no meio daquele campo enorme, por mais que ele tentasse o encontrar, o chamando freneticamente, não conseguia ve-lo, não conseguia encontra-lo, o campo parecia não acabar, porém quando finalmente conseguiu sair do meio daquele trigo e grama alta, chegou a fonte das folhas secas, uma árvore enorme, aparentemente com mais de 100 anos pelos galhos enormes.. no meio das folhas, flores, e galhos no chão, pode ver cabelos loiros misturados com vermelho se movimentando conforme o vento, a pele pálida, as roupas estilo jardineiro, os pezinhos balançando, aquela criança era realmente seu filho?.
— Kasai?...— Bakugou acabou se aproximando devagar do pequeno garoto de cabelos bicolores, que cantarolava de boca fechada, com pequenas flores nas mãos.— Ah mamãe, Porque demorou tanto?— O pequeno dizia virando seu rosto para Katsuki, revelando seus olhos bicolores assim como seu cabelo.. naquele momento Bakugou liberou lágrimas de seus olhos e abraçou seu filho, que retribuiu de bom grado, levando suas mãos até os cabelos loiros de Bakugou, colocando as flores ali. — Você precisa ir mamãe.— O garoto dizia com uma voz mais seria, sem tirar o sorriso do rosto.
— Nos vamos voltar juntos não é?— Katsuki dizia tentando andar segurando a mão de seu filho, porém ele estava parado, então apenas pode sentir o puxão.— Eu não posso ir com você mamãe, Eu estou morto.— A frase saiu da boca do pequeno que não tirava o sorriso do rosto.— Você não pode me levar mamãe, eu não sou real, eu morri, não se lembra?— o garotinho soltava uma pequena risada, soltando a mão de Bakugou, voltando a caminhar tranquilamente até a grama alta, onde sua figura foi sumindo aos poucos.
Katsuki levantou sua cabeça bruscamente, acordando do sonho com a respiração já angustiada, seus braços se moveram rapidamente a procura do cobertor branco, o encontrando a poucos centímetros de si, fazendo questão de o pegar e apertar com força, levantando seu rosto aos poucos quando os passos começaram a ser ouvidos e pararam em frente a sua porta.
— Bakugou.— O homem com cicatrizes de queimaduras espalhadas pelo rosto e corpo e cabelos negros longos se aproximava do loiro, se sentando ao seu lado enquanto ajeitava o avental rosa que estava usando.— Precisa comer..— o mesmo dizia num tom neutro porém doce, ouvindo o suspiro vindo do loiro.— Onde o Shou está?..— Bakugou perguntava ouvindo o suspiro vindo de Dabi, que apenas acarinhou seus cabelos de forma gentil, passando certo conforto a Bakugou.— Ele precisou sair para fazer os últimos preparativos para darmos ao pequeno conforto após tudo isso.. Ele me pediu para ficar com você.. — Dabi dizia em um tom mais sério porém sem ser insensível, sabia o quanto aquilo mexia com Katsuki.
Depois daquela breve conversa, Touya pegou Katsuki no colo de uma maneira gentil, ele estava fraco por não comer direito, então preferiu carrega-lo até a sala, o sentando no sofá de maneira confortável.
— Eu fiz algo leve.. Você precisa comer nem que seja um pouco.. seu corpo está fraco demais.— Dabi falava de uma maneira um tanto parecida com a de uma mãe preocupada, pegando o prato de comida e se aproximando de Katsuki, pegando um pouco da sopa com a colher, aproximando a boca de Katsuki devagar, que excitou um pouco, porém logo a abriu aceitando um pouco da comida. Estava sendo extramente difícil fazer Bakugou comer, dormir direito ou fazer qualquer coisa, afinal ele só ficava no quarto de seu falecido filho agarrado naquele cobertor.
— Touya... Aquele sonho...— Katsuki falava já entrando em um estado de leve nervosismo, sendo acalmado por um focinho amigo encostando em sua bochecha, era Soba.— O sonho do campo?... Bakugou... Ele não pode voltar, mas existe um lugar onde ele sempre vai estar, no seu coração.— Touya dizia de uma maneira calma e gentil, colocando o prato na mesa, limpando as lágrimas que escorriam dos olhos de Bakugou, o puxando para abraça-lo, permitindo que chorasse em seu peito, o segurando firmemente para que não caísse, afinal ele estava tão frágil quando porcelana depois dos ocorridos.. não era apenas sua cabeça que estava totalmente fragilizada, seu corpo também sofreu muito com tudo aquilo e ainda estava se recuperando.
Touya soltou um suspiro leve e levantou com Katsuki, ele ter aceitado um pouco de comida foi uma evolução e tanto porém ele ainda estava muito frágil, então tinha que ter alguém consigo para o cuidar, se nao era Shouto, era Dabi. Desde o princípio o de cabelos negros sabia de tudo, porém preferiu se manter distante, mas quando ouviu sobre o ocorrido por seu irmão, seu coração que era uma perfeita pedra se quebrou totalmente, ele sempre foi gentil com Katsuki, porém agora ele estava agindo como um herói para o loiro. Dabi levou Bakugou para o quarto de Kasai como ele havia pedido, o colocando na poltrona confortável, ouvindo seus soluços por conta do choro, suspirando enquanto começava a cantar devagar para acalmar o loiro.
— Lavender blue, dilly-dilly, Lavender green, If I were king, dilly-dilly, I'd need a queen.. — Lavanda azul era uma música calma e relaxante, Katsuki gostava de ouvi-la, sentia seu coração se acalmando aos poucos— Whoa-oh, who told me so?,.dilly-dilly, Who told me so? ,I told myself, dilly-dilly, I told me so..— A música aos poucos foi deixando Katsuki mais calmo, ainda doia pra caramba tudo oque havia acontecido, momentos de calma eram raros, a casa tinha tomado um tom tão triste.. porém não era culpa de Shouto ou de Katsuki, mas sim de dois assassinos que deixaram seu ódio tirar uma vida inocente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
You Will Be Always In My Heart
Fanfic"Cá estou eu, em baixo de uma tempestade.. É um pouco irônico que esteja chovendo no enterro do meu filho, de certa forma e agradeço por isso." Uma criança que jamais teve a chance de viver, agora estava de baixo da terra, nos túmulos da família Tod...