Conforme o turno do meu colega acabou, ele me deu um "tchau, espero que você fique bem!", juntou as coisas dele e foi embora. Sorria e acene, seja educado. Sorri e falei que esperava que ele ficasse bem, desejei uma boa volta pra casa. Eu não queria que ele voltasse amanhã, caso eu ainda sobrevivesse ao resto do dia e veria a cara dele no dia seguinte.
A mulher que vem depois que ele vai embora se atrasou pra caralho, e acabou que ela só chegou umas duas horas depois.
Ela não fala bom dia, não dá oi nem nada. Eu agradeço pelo fato de ser um fantasma nesse escritório quando essa japonesa do caralho entra aqui.
Quando o meu turno duplo acaba, eu apenas pego as chaves do meu apartamento que eu largo na mesa porque elas machucam a minha bunda quando eu sento naquela cadeira de plástico infernal. Vou embora como se nada tivesse acontecido.
Desço até o primeiro andar e não falo com a secretária, porque ela vai estar em outra partida de uno online e nem vai se dar conta de que eu passei por ali. É sempre assim, e ela talvez não perceba se eu estiver injetando ali mesmo. Acho isso ótimo.
Passo rápido pela porta de vidro e percebo que não há nada para se fazer na rua, então passo em uma cafeteria e tento comprar algo, e é claro que eu não gosto de café, mas compro um pão doce só pra poder dizer que fui numa cafeteria.
Vi que a infeliz da estação de metrô está interditada por alguma merda que aconteceu, e como eu não tenho dinheiro para pagar um taxi, vou embora à pé.
Chego no prédio com a panturrilha dura, estou estressado e com vontade de atravessar uma agulha no meu braço.
Chamo o elevador e a caixa de metal abre suas portas de metal na minha frente. Entro lá dentro e uma mulher adentra, junto à mim.
Ela me encara, e eu a encaro de volta. É uma mulher pequena, de cabelos presos em rabo de cavalo largado e de corpo magro, aparentava não estar bem.
Me deu boa tarde, respondi com o menor interesse de permanecer vivo, muito menos ali.
"Bem, tudo "ok" contigo...?" Perguntou para mim, coçando os dedos e arrumando o cabelo ralo.
Disse que sim, logo me apoiei na parede do elevador. A questionei se também estava, ela não me respondeu nada. Milésimos depois, percebe a pergunta que deixou em branco, acenou um sinal vago com a cabeça e se recostou.
O elevador soou, fomos embora, o dia foi tedioso, pensei.
Desanimado, andei pelo final do corredor e cheguei na frente da minha porta, a destranquei com desgosto enquanto tirava o casaco.
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relato do cotidiano merda d'um drogado, por byun baekhyun.
FanficTalvez eu seja um morcego que odeia a própria vida? Claro, mas a minha angústia só acaba quando eu injeto aquela merda que me faz sorrir. [ᵇᵃᵉᵏʰʸᵘⁿ ᵃⁿᵍˢᵗ!ᵃᵘ] 2020